terça-feira, 13 de novembro de 2018

Ao Estado o que é do Estado... Ponto Final!!!...


Bruno e o gueto das claques


«Já se sabia que Bruno de Carvalho fora um instigador moral do ataque aos jogadores e equipa técnica em Alcochete. Agora ficámos a saber que há indícios de que terá sido também o ordenante. Se o antigo presidente acalentava alguma esperança de um dia voltar ao cargo, elas ruíram este domingo.

A narrativa é de arrepiar. O presidente de um clube ordena ao líder da claque para que membros desta "caiam em cima" de jogadores e equipa técnica. Coisa que fazem, diligentemente, destruindo balneários e agredindo vários jogadores. É impensável, é uma insanidade, mas terá acontecido.

O quadro pintado pelas últimas notícias é digno do período mais negro de um Francisco Goya. Num célebre quadro do pintor, Saturno (ou Cronus) devorava os filhos para evitar que lhe tomassem o lugar. Bruno de Carvalho é suspeito de ter ordenado um ataque para dar uma lição àqueles que ameaçavam a sua autoridade.

Depois do ataque, Bruno de Carvalho esteve na televisão a dizer que foi um "acto criminoso", que "foi chato" e que "jamais podia ser responsável por um acto hediondo" como o que ocorreu em Alcochete. Um juiz decidirá se o foi ou não.

Neste caso, há ainda a considerar os potenciais danos financeiros, relevantes num clube à procura de estabilidade na tesouraria. Se a defesa do Sporting contra as rescisões de jogadores era o facto de a responsabilidade pelo ataque não poder ser assacada à direcção do clube e da SAD, ela cairá por terra caso se prove a autoria do presidente.

Estão em causa 270 milhões de euros em indemnizações que o Sporting reclama e que se tornam uma miragem ainda mais distante. Há ainda 6,8 milhões exigidos pelos quatro atletas com quem ainda não chegou a acordo e que o clube se arrisca a ter de pagar.

As claques. A discussão já na altura incidiu sobre elas e tem forçosamente de a elas regressar. É lá que estão os adeptos mais fiéis e dedicados, capazes de puxar pela equipa mesmo que a voz lhes doa, que a seguem para onde quer jogue e lhe dão um aconchego caseiro em terrenos hostis.

É só o que deviam ser, mas são mais. São um poder dentro dos clubes, capaz de condicionar a acção de presidentes. São um gangue de intimidação à disposição de quem as lidera ou lidera os clubes. São albergue de grupos que cultivam a intolerância, a violência, e se dedicam ao crime organizado.

É esta cultura de claque que urge mudar. Para isso é preciso intervir nos comportamentos e ter um regime dissuasor. Não basta legalizar as claques – a Juve Leo é legal e aconteceu o que aconteceu. Há nova legislação, espera-se que traga outra eficácia.

A mudança tem de passar também pelos presidentes dos clubes. Frederico Varandas não se submeteu e a claque virou-lhe as costas. Fez bem e os factos deram-lhe razão. Talvez até mais do que o Estado, são eles que podem forçar outros comportamentos. Para que as claques deixem de ser um gueto violento dentro e fora dos estádios. O futebol ganharia imensamente.»
(André Veríssimo, director do Negócios, Linha de Fundo, in Record)


Não foram os clubes que em Inglaterra acabaram com o "hooliganismo", quase em menos tempo do que demora a arder um fósforo. Foi o Estado! E quem porventura tiver a triste e peregrina ideia de que a solução para o problema das claques em Portugal, passa pelos presidentes dos clubes, nunca passará de um perigoso mentecapto ou então de um vendedor de ilusões que jamais poderá constituir solução e deverá ser banido pelo voto popular, se a área da sua actuação for a política!...

Ao Estado o que é do Estado... Ponto Final!!!...

Leoninamente,
Até à próxima

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