terça-feira, 13 de novembro de 2018

Avaliação subjectiva e pueril precipitação?!...


Que fazer com a Juve Leo?

«Este artigo já estava pensado antes da detenção do líder da Juve Leo e as consequentes reflexões não são afectadas por essa circunstância.

Assisti ao aparecimento, ainda no estádio antigo, da Juve Leo; foi uma lufada de ar fresco, uma alegria contagiante no apoio à equipa, uma plástica inovadora, abrilhantada com a música dos Vapores do Rego. Nesta, como em muitas frentes, o Sporting inovou, foi o primeiro.

Outros comentadores mais abalizados explicarão as razões desportivas, e outras, que conduziram à subversão deste espírito inicial e empurraram a Juve Leo para aquilo que hoje é. Não quero adjectivar, mas quero dizer que nesta história não há inocentes, de agora ou de antes.

Em minha opinião, há coisas que mais vale atalhar do que remediar; o que a Juve Leo fez assume tamanha gravidade que é inaceitável à luz dos valores que devem reger o clube e este não pode deixar-se ficar.

Com todo o respeito, não creio que o assunto se resolva com a proibição de ir no charter da equipa ou no encurtamento do prazo de reembolso dos bilhetes; compreendo a boa intenção, mas viu-se a reacção e esta diz tudo.

O Sporting tem, de uma vez por todas, de demarcar-se da Juve Leo; e, se não a pode juridicamente extinguir, pode exercer os seus direitos enquanto entidade promotora do espectáculo desportivo, nomeadamente denunciar com justa causa o protocolo existente, proibir o acesso ao estádio, acabar com as tolerâncias e o apoio financeiro.

Costumo dizer que a Justiça distributiva em Portugal só existirá quando houver um governo que não ceda à chantagem dos sindicatos dos professores (os funcionários mais bem pagos de Portugal, na opinião da OCDE); mutatis mutandis, só existirá paz no Sporting no dia em que o clube se livrar da nefasta dependência da Juve Leo.

A argumentação de que tudo é permitido porque esses adeptos é que se sacrificam pelo clube e o apoiam em todo o lado tem limites. Haja alguém que assuma que gente como Fernando Mendes ou o Mustafá não é digna de chefiar uma claque do Sporting, que comportamentos como Alcochete, as tochas em cima Rui Patrício, as intimidações e agressões, a ordinarice das palavras de ordem não são toleráveis e que, conclusão lógica, a Juve Leo, tal como é hoje, não tem lugar, não encaixa nos valores e práticas do clube.

Se houve, no passado, o rasgo de criar a Juve Leo, haverá que ter agora a clarividência de acabar com ela. Até porque há mais claques e outras podem ser criadas. E haverá sempre, mas sempre, adeptos que apoiem o clube.»
(Carlos Barbosa da Cruz, O Canto do Morais, in Record)


Comungando completamente o pensamento expresso neste corajoso artigo de Carlos Barbosa da Cruz de que, pelas múltiplas vertentes de todo o seu comportamento nos últimos longos anos, a claque Juve Leo, "tal como é hoje, não tem lugar, não encaixa nos valores e práticas do Clube" e muito dificilmente deixará de "estar, irreversivelmente, ferida de morte", penso que o bom senso recomendará a recusa peremptória por parte dos actuais dirigentes do Sporting de arrasar em dias, o edifício que durante muitos e longos anos os dirigentes que os antecederam permitiram que fosse, laboriosa e, pelos vistos, manifestamente, construído à margem da lei geral do país em que vivemos e dos valores e costumes do Clube.

Quer-me parecer que poucos serão aqueles que, no universo sportinguista, não se sintam identificados com o rumo corajosamente encetado por Frederico Varandas e a sua equipa: o modo não oferecerá discussão, o peso das medidas, esse sim, deverá ser devida e cautelosamente reflectido - importará, por exemplo, perguntar se aos Núcleos é conferido algum diferimento no pagamento dos bilhetes requisitados ao Clube! Já o tempo será bem mais discutível: haverá muita gente sportinguista inocente na Juve Leo, que foi arrastada para a situação actual e cujo papel no Clube será importante salvaguardar em termos de futuro e isso será tarefa para o tempo.

Como nota final permitam-me acrescentar à defesa que faço do tempo, de que a todos os 40 detidos até agora no processo que envolve, alegadamente, a Juve Leo, assiste o direito de presunção de inocência!...

Não vão Frederico Varandas e toda a sua equipa, esquecerem o sítio onde colocam os pés e, eventualmente e com a pressa, serem mais papistas que o papa! Ou não estaremos todos devidamente vacinados  por um passado recente de demasiados e recorrentes excessos de...

Avaliação subjectiva e pueril precipitação?!...

Leoninamente,
Até à próxima

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