Obrigações irracionais
«O Sporting pagou ontem (26 de Novembro) os 30 milhões de euros que era suposto terem sido reembolsados em Maio. Ficámos a saber pelo presidente do Sporting que a SAD esteve muito perto de entrar em ‘default’. A bancarrota foi afastada, mas não a intranquilidade.
Frederico Varandas confessou na conferência de imprensa de apresentação dos resultados da emissão, que a CMVM o avisou para se preparar para a possibilidade de a SAD entrar em incumprimento. Chegar aos 15 milhões necessários para a emissão avançar chegou a parecer uma impossibilidade, o que comprometeria o reembolso de ontem.
Afinal até se superou aquele valor, mas pela primeira vez um clube não conseguiu atingir a soma anunciada para a emissão. O Sporting ficou-se pelos 25,9 milhões de euros, quando pretendia 30 milhões.
A operação enfrentou várias adversidades, a começar pela herança de Bruno de Carvalho, feita de contas débeis e um enorme problema de imagem chamado ataque a Alcochete, também ele com um impacto patrimonial negativo. Uma fragilidade financeira que a oposição a Federico Varandas não se coibiu de evidenciar em vésperas do arranque da emissão.
Frederico Varandas já sabia tudo isto antes de avançar com a operação. O problema é que o presidente do Sporting não tinha alternativa senão ir buscar o dinheiro aos pequenos investidores, porque a banca deixou de dar para este peditório das SAD. Até porque o regulador não aprova.
Às tantas parecia que a culpa já era dos bancos, por não haver empréstimo intercalar, nem esforço comercial para colocar os títulos nos clientes. Os bancos até têm um incentivo: recebem comissões pela venda das obrigações. Mas há um valor que é ainda mais relevante: a reputação.
Se o Sporting vier a falhar o pagamento das obrigações, não será um problema apenas para a SAD e o clube: os bancos ficam debaixo de fogo. Mais ainda se tiverem pressionado os clientes a comprar.
Só havia uma saída e foi a que Frederico Varandas usou: transformar a emissão numa espécie de operação coração, ‘a la Benfica’, e apelar aos sócios e adeptos. Valeu tudo, até jogadores a dar o exemplo com um cheque de 200 mil euros, como fez Gelson. O racional financeiro para quem investe neste tipo de emissões das SAD sempre foi frágil. A razão é simples: o risco implícito nas contas dos três grandes não é compensado pelos juros oferecidos por estes títulos. Para compensar, a remuneração deveria ser muito maior.
Aliás, a razão porque o fazem no retalho, junto dos pequenos investidores, é porque se fosse junto de investidores profissionais sairia ainda mais caro em juros. Além de que neste caso não podem contar com a força da paixão clubística. Acontece que a emoção é a pior conselheira na hora de investir.
Foi o coração que safou a emissão do Sporting. Mas pela primeira vez um clube sentiu o gosto do quase fracasso. Serve de aviso para o futuro e para todas as SAD que continuam a encarar a sustentabilidade financeira com pouca seriedade.»
"Tantas vezes vai o cântaro à fonte, que um dia deixa lá a asa"!... As SADs dos clubes portugueses julgavam ter descoberto o "segredo da abelha", com os empréstimos obrigacionistas, mas desta vez o Sporting ia deixando na fonte a asa do cântaro! Esteve quase! Que sirva de exemplo. A todas as outras SADs, mas muito particular e especialmente à Sporting SAD, por ainda pertencer ao Clube de que sou associado e que não desejaria mesmo nada que continuasse a trilhar tão pedregoso caminho...
Espero que tenha sido o último empréstimo obrigacionista da Sporting Clube de Portugal, Futebol SAD, a "tapar" a superficialidade, ou a megalomania ou a incompetência de quem se propôe dirigir os destinos de uma instituição com as responsabilidades, a grandeza e a história do Sporting, utilizando em vez de honorabilidade, responsabilidade, pragmatismo e competência, os caboucos da "esperteza saloia" e da demagogia!...
Para vergonha ter-nos-à chegado esta!...
Leoninamente,
Até à próxima
"...porque a banca deixou de dar para este peditório das SAD. Até porque o regulador não aprova. ..."
ResponderEliminarCá estarei, se Deus quiser...
Para ver ...se isso também vai acontecer "quando se tratar dos lampiões ...ou dos andrades..."
SL
Não será o último empréstimo obrigacionista. É um mecanismo do qual nenhum dos três grandes irá prescindir visto que é a única forma previsível de garantir o financiamento de equipas competitivas. A gestão destes instrumentos é que deve ser muito rigorosa.
ResponderEliminarZenha e Varandas correram um risco enorme ao reduzirem o valor dos juros deste empréstimo. Muitos sportinguistas apenas investiram por amor ao clube. Aqueles que investiram 100 euros receberão pouco mais de 80 euros dentro de 3 anos.
Os grandes investidores sabem que terão um bom retorno mas os pequenos acabam por perder dinheiro. É uma dívida de confiança que Varandas tem para com os sportinguistas.
Salgado Zenha disse que tinha um plano B que seria utilizar uma linha de crédito de 18 milhões deixada aprovada pela anterior direcção.É uma almofada para outra situação aflitiva. Também foi importante não anteciparmos receitas da NOS.
Agora é gerir com critério o que temos e não cometer os erros de um passado recente.
SL
Se tivessem feito as coisas bem de inicio nada disto tinha acontecido... O processo foi todo mal montado e depois no fim é que vieram com a publicidade...
ResponderEliminarMas esta direcção parece parvinha, no lugar de defender o seu negócio é só tiros nos pés... Há necessidade de dar uma imagem de fraqueza para quê? Culpar outros daquilo que não sabem fazer... Voltou o Sporting dos coitadinhos em que qualquer Paulo Sérgio pode aterrar a qualquer hora, desceu o nível de exigência... Eu sou um dos «Sportinguista» que esta direcção classificou como verdadeiro sportinguista por ter investido, é esta comunicação que queremos? Dizer que um investidor (que até sportinguista pode nem ser) é mais Sportinguista do que quem não investe no Sporting?