Tondela e Sporting
«Os leitores que generosamente se interessam por esta coluna, perguntarão qual o racional deste, aparentemente, estranho título.
Explico.
O Tondela tornou público, que vendeu a maioria do capital da sua SAD, a um grupo internacional, já proprietário do Granada e do Parma.
As razões são cristalinas: o Tondela não tem músculo financeiro para aguentar um projecto sustentável na primeira divisão e, assim sendo, vende as suas acções a quem, alegadamente, o tem.
Este é, pragmaticamente, o destino escrito de muitos clubes em Portugal; já aconteceu com o Famalicão, Belenenses e o Estoril, e, muitos outros, na minha opinião, se seguirão.
A alienação não é um caminho necessariamente mau, tem é de ser regulamentado.
Por duas razões: em primeiro lugar, porque o fenómeno desportivo, atrai capital ligado a actividades ilícitas, desde o branqueamento de capital ao match fixing, e faz-me impressão que, em Portugal, qualquer pessoa possa ser dona de uma SAD.
Em segundo lugar, porque já houve clubes que foram no canto da sereia e se entregaram a vendedores de ilusões, com desfechos catastróficos, como foram os casos do Olhanense, do Beira-Mar e do Atlético.
Defendo, por isso, que em sede de auto-regulação, se justifica haver uma verificação de idoneidade prévia, de qualquer entidade, que queira investir no futebol profissional.
O que tem isto a ver com o Sporting? Muito simples; os sócios do Sporting têm defendido e bem, que o clube deve manter a maioria do capital da SAD.
Só que este legítimo desiderato, comporta uma obrigação: se se veda a outrem o apport de capital à SAD, terão de ser os seus accionistas e, em última análise, os sócios e adeptos do Sporting, quem tem de providenciar pela sua sustentabilidade financeira. Já disse e repito, acabaram os bancos, as entidades públicas e os salvadores da pátria.
Trocando por miúdos: o Sporting tem dois desafios financeiros pela frente, a subscrição do empréstimo obrigacionista e a recompra das VMOC; sem os resolver, entrará num ciclo de fragilidade, que pode culminar, com a maior das fragilidades, na perda da maioria da SAD.
O sportinguismo de cada um está à prova. A não ser que queiramos acabar como o Tondela, sem desprimor, claro está.»
(Carlos Barbosa da Cruz, O Canto do Morais, in Record)
Depois da entrevista de Francisco Salgado Zenha, vice-presidente da SAD do Sporting com o pelouro da área financeira à RTP (LINK), este artigo de Carlos Barbosa da Cruz, vem confirmar a importância dos "dois grandes desafios" com que o Sporting está confrontado neste momento, quando as dúvidas sobre o sucesso do primeiro, o empréstimo obrigacionista, se avolumam a cada hora em que encurta o prazo de subscrição, sem que venha a público a notícia de ter sido alcançado o limite mínimo de 15 milhões, pese embora o esforço envidado pela Sporting SAD, no sentido de apelar a um derradeiro empenho dos sportinguistas.
Um assunto muito sério que não deixa de vir provar a leviandade com que os anteriores dirigentes atiraram o Clube e a SAD para um quase beco sem saída!...
Aguardemos com esperança as próximas horas!...
Leoninamente,
Até à próxima
Caro Álamo,
ResponderEliminarSei que não concordará comigo, mas apesar de todos as "loucuras" de BdC, considero o principal responsável por esta situação Jaime Marta Soares: a sua sede de "vingança" conduziu o clube ao ponto onde nos encontramos! Os sócios, mais cedo ou mais tarde, como na sua centenária história, colocariam BdC fora do clube. Convém não esquecer que as acções de JMS "congelaram" a vida do clube!
Quanto à situação financeira do clube, o que eu tenho lido e escutado de Frncisco Salgado Zenha é que não há buracos noas contas, nem uma situação calamitosa!
Quero apenas acrescentar, e esta é a minha opinião, que com mais ou menos "loucuras", mais um menos "neblinas" sobre os acontecimentos no Sporting no pós derrota em Madrid, aquilo que eu observei foi que desde que BdC escreveu aquele artigo de opinião no DN em que disse que se iriam recomprar as VMOCs e com isso a SAD ficar com 90% do capital e a Holdimo com 10%, começaram os problemas graves no Sporting.
Quanto ao artigo supra transcrito, é mais uma "fábula" própria de quem defende a venda maioria do capital da SAD, um desejo de muitos "notáveis", e que com este artigos de opinião vai apalpando o pulso à nação sportinguista.
Cordialmente, SL!
Com o devido respeito pela opinião de Luís Antunes, na minha opinião os eventuais erros de Jaime Marta Soares, Torres Pereira, Sousa Cintra, ou quaisquer outros, vieram muito depois e foram consequência ou decorreram apenas e tão só do comportamento "lesa-Sporting", errático, tremendamente nefasto e imperdoável de Bruno de Carvalho!...
EliminarCordialmente, SL