O leão e a montanha
«Bruno de Carvalho só hoje vai ser interrogado pelo juiz do Tribunal do Barreiro. Nas próximas horas, inicia-se também a fase de instrução do E-Toupeira. Entretanto, correm os processos Emails (do qual toda a administração da SAD do FC Porto foi constituída arguida), Cashball, Jogo Duplo e outros mais que envolvem dirigentes mas que não estão directamente associados ao desporto. A invasão de Alcochete, pela violência que representou e pelo impacto mediático – agora reforçado com a detenção do ex-presidente dos leões -, ganhou dimensão de notícia mundial. Assim sendo, o Sporting continua, inevitavelmente, a ser afectado na sua imagem.
É neste cenário que Frederico Varandas trabalha, combatendo a degradação ética e reputacional do clube e procurando soluções financeiras (e não só) para dar uma nova vida ao leão. É bom que haja consciência de que é disso mesmo que se trata. Não foi por acaso que o presidente leonino disse com todas as letras: "Este clube é ingovernável." E Varandas não se referia à instabilidade institucional ou à crise de resultados no futebol, mas às dificuldades financeiras que o Sporting enfrenta e para as quais está limitado nas respostas que pode dar. A dimensão da montanha que o leão tem de trepar é assustadora e, por isso, mais do que nunca a união não deve ser palavra vã.»
Pois é! O cenário é tétrico! Horrível, medonho, pavoroso, aterrador, tenebroso, sinistro, tudo palavras que António Magalhães não escreveu, mas terá, com toda a certeza, pensado! Como o deveriam pensar todos os sportinguistas e daí que, "mais do que nunca a união não deveria ser palavra vâ"!...
Mas continua, a união, a ser palavra vâ para os corvos, urubus, lobos, chacais, hienas e tantos outros bichos peçonhentos e asquerosos com que, infelizmente, somos obrigados a cruzar todos os dias no Sporting...
Num contexto completamente diferente, já lá irão mais de quatro décadas, o meu amigo e conterrâneo, Vieira da Silva, compôs e gravou esta demolidora canção, tendo como alvos todos os "bichos peçonhentos e asquerosos" que, nesses tempos revolucionários, constituíam algo que o povo aprenderia a designar como "reaccionários" e cujos objectivos jamais seria capazes de ultrapassar os seus sobredimensionados umbigos...
A mensagem que então Vieira da Silva entendeu dirigir ao povo português numa canção que depois de publicada em 1975, viria a ser retirada do mercado após o 25 de Novembro do mesmo ano, parece colar-se com inusitada força e propriedade ao contexto que hoje rodeia todo o universo leonino.
É o simbólico alerta que por aqui deixo a todos os sportinguistas, cujo amor ao Sporting não andará tão distante assim, do sublime e eterno amor à Liberdade que terá servido de inspiração a Vieira da Silva...
Eles estão aí, os lobos! Elas vivem aqui, as hienas!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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