Fora de casa para o campeonato, o Sporting tem sido uma equipa com medo e nos Açores, durante largos minutos, esteve à vista novo resultado negativo como visitante. Mas Tiago Fernandes soube emendar a mão após começar o jogo com umas quantas experiências e na 2.ª parte os leões deram a volta, batendo o Santa Clara por 2-1, com Bas Dost a voltar aos golos e Acuña a confirmar o triunfo. Na tabela, o Benfica já ficou para trás
«É caso para dizer que estava tudo contra o Sporting. O treinador despedido a meio da semana, um técnico chamado para apagar o fogo, uma viagem aos Açores. Porque para lá da crise no banco, jogar fora de casa também não tem sido fácil para este Sporting versão 2018/19: antes do encontro no estádio do Santa Clara, em quatro jogos para o campeonato em casa de outrem os leões contavam com um registo pobrete, com apenas uma vitória (em Moreira de Cónegos), um empate na Luz e duas derrotas, em Braga e em Portimão.
Portanto, estatisticamente, este era um jogo de alto risco para o Sporting.
E durante bastante tempo esta espécie de agorafobia leonina continuou a ser uma realidade. Como que tolhido cada vez que sai de casa, cada vez que enfrenta um território desconhecido, o Sporting não entrou bem, ao que não será alheio o sistema alternativo que Tiago Fernandes, treinador interino dos leões, apresentou em Ponta Delgada. Habituado a jogar em 4x3x3 sob o comando de José Peseiro, o Sporting entrou em campo numa espécie de 4x4x2, com Bruno Fernandes mais recuado e Diaby ao lado de Bas Dost, de volta à titularidade em jogos para o campeonato.
Uma estranha opção do técnico a quem foi depositada uma equipa órfã de treinador: é preciso ser muito confiante ou muito louco para mudar assim as dinâmicas de uma equipa com apenas um par de dias de trabalho com o grupo. E com Bruno Fernandes tão longe da frente, a verdade é que raramente na 1.ª parte o Sporting criou perigo. Ele só apareceu com remates de longa distância, primeiro por Bruno Fernandes, logo aos 7’ e depois por Lumor, aos 35’, numa altura em que a equipa de Alvalade já perdia.
Porque num jogo que estava a ser aberto, duro, nervoso e imprevisível, culpa também do inclemente vento que não poupou nem os placards publicitários, o Santa Clara teve mais frieza no pouco perigo que criou. Aos 32 minutos, Rachid, o talentoso iraquiano que aterrou nos Açores, aproveitou o espaço que lhe deram para cruzar para a área, onde Zé Manuel foi mais expedito do que qualquer um dos defesas que o acompanhavam. Depois, à saída de Renan, teve a cabeça fria para rematar no momento certo, com o gesto técnico certo.
E assim se acentuava a agorafobia do Sporting.
Num misto de infortúnios (lesão de Battaglia, que parece grave) e marchas-atrás voluntárias de Tiago Fernandes, a 2.ª parte trouxe um Sporting com dinâmicas mais próximas do 4x3x3, com a entrada de Jovane Cabral mais uma vez, se não a revolucionar, pelo menos a dar um empurrão decisivo ao jogo dos leões.
Foi já com o extremo em campo que Bas Dost ganhou e converteu a grande penalidade que empatou o jogo, aos 62’, numa altura em que o domínio territorial do Sporting já justificava prémio. Poucos minutos depois, Jovane teve na cabeça o 2-1, após esbanjar um cruzamento perfeito de Acuña e cabecear ao lado.
Não foi preciso esperar muito mais. Como que a penitenciar-se pelo falhanço, aos 75 minutos foi a vez de Jovane cruzar, com Acuña a não imitar o colega e a fazer mesmo o 2-1, tudo isto numa altura em que o Santa Clara já jogava com 10, por expulsão de Patrick, um golpe que derrubou parte da boa réplica que a equipa açoriana sempre deu ao Sporting.
Com mais ou menos dificuldades, com vento a favor e contra, com trocas e contra-trocas tácticas, o Sporting sai dos Açores com a segunda vitória como visitante, enxotando de uma só vez esse medo de estar fora de casa e também o Benfica, que fica agora a dois pontos do leão.»
(Lídia Paralta Gomes, 04.11.2018 ÀS 19H52, in Tribuna Expresso)
Para que a crónica desta jovem jornalista da Tribuna Expresso ficasse mais próxima da realidade a que todos nós assistimos, lá no estádio nos Açores e cá pelo "contenente" à frente dos televisores, ter-lhe-à faltado apenas acrescentar as facas! Não os intrumentos de uma qualquer novela de "faca e alguidar", que nós em Alvalade nos envergonharíamos de alguma vez pensar em usar, mas das facas que Tiago Fernandes parece ter distribuído a quantos intimou a repararem nos segundos 45 minutos do jogo, os erros a que de há muito vinham estando habituados e que, expressamente e com maus modos, imagino eu terá proibido de repetir, recomendando também, perante a surpresa generalizada, de que as facas seriam para ser transportadas durante toda a segunda metade do encontro...
Nos dentes, amigos, nos dentes!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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