Como ressuscitar em três semanas?
«Leonel Pontes vai ter mais três semanas para provar que consegue ressuscitar o Sporting, sendo razoável acreditar que a próxima paragem da Liga, para os confrontos da Selecção no início de Outubro, possa ser aproveitada por Frederico Varandas para ponderar se a situação precária do treinador será ainda sustentável. Serão seis jogos no espaço de 19 dias, incluindo os duelos europeus com o PSV (depois de amanhã, na Holanda) e o Lask Linz (os austríacos jogam em Alvalade no próximo dia 3). Esta dedução, está bom de ver, é muito contingente e respalda-se essencialmente no ‘modus operandi’ do presidente aquando da troca de Peseiro por Keizer.
Mas, claro, tudo pode ser precipitado pelo acumulado de fiascos (que, nesta altura, parece ser algo mais do que uma simples contingência). E também pelo calibre da contestação nas bancadas. Até porque não é seguro que Varandas já tenha assimilado plenamente que o clube não pode ser governado de fora para dentro. E muito menos em função das diatribes de uma minoria escabreada que só quer que o tempo volte para trás para poder voltar a beneficiar dos negócios esconsos que o submundo do futebol ainda vai oferecendo.
Varandas anunciou Pontes como um técnico "sem prazo" e com "uma tarefa". Mas a missão depressa se transformará numa quimera se ao madeirense for exigido que resolva, num estalar de dedos, a multiplicidade de carências da equipa. E comparar o contexto da ‘chicotada psicológica’ no Sporting com o que levou à afirmação de Bruno Lage no Benfica nunca será um exercício honesto se não se levarem em conta as diferenças gritantes em termos de qualidade do plantel e de solidez directiva.
E se Varandas teve a hombridade de reconhecer que há hoje "um fosso" entre o Sporting e os seus rivais mais directos, também terá de aceitar que isso não conta apenas quando se avalia a gestão da SAD, mas igualmente quando se fiscaliza o trabalho dos treinadores. Seja ou não isso assumido publicamente (e aceita-se que não o faça até por razões estratégicas e de mercado), a verdade é que o Sporting atravessou e continua a debater-se com uma realidade interna que implica a troca do rótulo de eterno candidato pelo de outsider - um outsider que mantém o direito de sonhar com a glória, mas que corre um pouco por fora à espera que se despiste, pelo menos, um dos seus principais beligerantes.
E aos que recusam o novo status, importa fazer ver que ele também deriva do facto de o Sporting ter hoje muitos jogadores… ‘outsiders’. Doumbia, por exemplo, é um jovem com potencial, mas a imaturidade ainda se lhe nota no critério e nos posicionamentos errados. Não sabe tirar partido do físico e é muito erróneo no passe, tudo o que não se recomenda para a posição 6. Talvez hoje se perceba melhor a importância que tinha Gudelj (pelo menos enquanto Battaglia não voltar a ser primeira opção). E é também à conta disso que o Sporting segue na quinta posição, a cinco pontos de distância tanto do surpreendente líder Famalicão como da linha de água. Mas, claro, o que realmente mais importa nesta altura são os quatro pontos de atraso para o Benfica e o FC Porto.
É difícil ter hoje noção sobre quanto vale Leonel Pontes e o seu futuro acabará por ser sentenciado em função dos resultados e da qualidade de jogo. Mas nunca poderia depender do que o Sporting gerou no seu primeiro jogo. Desde logo porque só teve dois dias para trabalhar com vários dos melhores jogadores. Também porque a integração dos quatro reforços não é instantânea. E, finalmente, porque nunca é fácil jogar no Bessa, mais a mais frente a uma equipa que faz lembrar o Boavista campeão com Jaime Pacheco: o sistema táctico é diferente, os jogadores têm obviamente menos qualidade, mas há pontos de contacto em termos de rigor defensivo (bem visível na habitual estratégia de Lito Vidigal repleta de referências individuais) e, principalmente, de agressividade e combatividade.»
«Leonel Pontes vai ter mais três semanas para provar que consegue ressuscitar o Sporting, sendo razoável acreditar que a próxima paragem da Liga, para os confrontos da Selecção no início de Outubro, possa ser aproveitada por Frederico Varandas para ponderar se a situação precária do treinador será ainda sustentável. Serão seis jogos no espaço de 19 dias, incluindo os duelos europeus com o PSV (depois de amanhã, na Holanda) e o Lask Linz (os austríacos jogam em Alvalade no próximo dia 3). Esta dedução, está bom de ver, é muito contingente e respalda-se essencialmente no ‘modus operandi’ do presidente aquando da troca de Peseiro por Keizer.
Mas, claro, tudo pode ser precipitado pelo acumulado de fiascos (que, nesta altura, parece ser algo mais do que uma simples contingência). E também pelo calibre da contestação nas bancadas. Até porque não é seguro que Varandas já tenha assimilado plenamente que o clube não pode ser governado de fora para dentro. E muito menos em função das diatribes de uma minoria escabreada que só quer que o tempo volte para trás para poder voltar a beneficiar dos negócios esconsos que o submundo do futebol ainda vai oferecendo.
Varandas anunciou Pontes como um técnico "sem prazo" e com "uma tarefa". Mas a missão depressa se transformará numa quimera se ao madeirense for exigido que resolva, num estalar de dedos, a multiplicidade de carências da equipa. E comparar o contexto da ‘chicotada psicológica’ no Sporting com o que levou à afirmação de Bruno Lage no Benfica nunca será um exercício honesto se não se levarem em conta as diferenças gritantes em termos de qualidade do plantel e de solidez directiva.
E se Varandas teve a hombridade de reconhecer que há hoje "um fosso" entre o Sporting e os seus rivais mais directos, também terá de aceitar que isso não conta apenas quando se avalia a gestão da SAD, mas igualmente quando se fiscaliza o trabalho dos treinadores. Seja ou não isso assumido publicamente (e aceita-se que não o faça até por razões estratégicas e de mercado), a verdade é que o Sporting atravessou e continua a debater-se com uma realidade interna que implica a troca do rótulo de eterno candidato pelo de outsider - um outsider que mantém o direito de sonhar com a glória, mas que corre um pouco por fora à espera que se despiste, pelo menos, um dos seus principais beligerantes.
E aos que recusam o novo status, importa fazer ver que ele também deriva do facto de o Sporting ter hoje muitos jogadores… ‘outsiders’. Doumbia, por exemplo, é um jovem com potencial, mas a imaturidade ainda se lhe nota no critério e nos posicionamentos errados. Não sabe tirar partido do físico e é muito erróneo no passe, tudo o que não se recomenda para a posição 6. Talvez hoje se perceba melhor a importância que tinha Gudelj (pelo menos enquanto Battaglia não voltar a ser primeira opção). E é também à conta disso que o Sporting segue na quinta posição, a cinco pontos de distância tanto do surpreendente líder Famalicão como da linha de água. Mas, claro, o que realmente mais importa nesta altura são os quatro pontos de atraso para o Benfica e o FC Porto.
É difícil ter hoje noção sobre quanto vale Leonel Pontes e o seu futuro acabará por ser sentenciado em função dos resultados e da qualidade de jogo. Mas nunca poderia depender do que o Sporting gerou no seu primeiro jogo. Desde logo porque só teve dois dias para trabalhar com vários dos melhores jogadores. Também porque a integração dos quatro reforços não é instantânea. E, finalmente, porque nunca é fácil jogar no Bessa, mais a mais frente a uma equipa que faz lembrar o Boavista campeão com Jaime Pacheco: o sistema táctico é diferente, os jogadores têm obviamente menos qualidade, mas há pontos de contacto em termos de rigor defensivo (bem visível na habitual estratégia de Lito Vidigal repleta de referências individuais) e, principalmente, de agressividade e combatividade.»
Mais um excelente e equilibrado trabalho de análise e crítica jornalística de Bruno Prata, que nos convida e ajuda a refectir, serena e profundamente, em busca de uma melhor compreensão das espinhosas missões que neste momento se colocam a Frederico Varandas e Leonel Pontes.
Com o Bessa já lá atrás e Eindhoven no horizonte!...
Leoninamente,
Até à próxima
Com o Bessa já lá atrás e Eindhoven no horizonte!...
Leoninamente,
Até à próxima
Há um entremeio neste texto, muito interessante... e relevante, e com o qual estou em perfeita sintonia com BP...
ResponderEliminar"E muito menos em função das diatribes de uma minoria escabreada que só quer que o tempo volte para trás para poder voltar a beneficiar dos negócios esconsos que o submundo do futebol ainda vai oferecendo."
Nunca mais poderemos voltar a repetir o que foi feito na passagem do século e muito menos na primeira década, mais uns póz(ões), deste século...!!!