segunda-feira, 3 de julho de 2017

Ainda não ensandeci!...


BENFICA VENDER, VENCER

«O Benfica habitou-se a vencer. São onze títulos em 16 possíveis, no curto espaço de quatro anos. Só que até vencer provoca alguma fadiga. No Jamor, há pouco mais de um mês, com adeptos banhados a chuva, os festejos de um triplete, apesar de tudo, incomum foram, sintomaticamente, tímidos.

Mas agora que o futebol que interessa, centrado nos protagonistas do jogo, regressa, é possível identificar o primeiro dos efeitos do defeso. Se o Benfica acabou a temporada habituado a vencer, corria-se o risco de o clube ficar tolhido pela soberba, convencido que o próximo campeonato estava ganho. Um risco entretanto ultrapassado.

É que a ofensiva comunicacional do Porto, acolitado pelo Sporting, que coloca o Benfica no centro de tudo teve, desde já, consequências. Mobilizou os benfiquistas como se o clube não viesse de uma onda vitoriosa e obriga a direcção a inverter o que seria, provavelmente, a sua política comercial. Em lugar da opção pelo "Benfica vender, vender", estratégia que seria seguida de forma a acelerar a diminuição da dívida, teremos um regresso ao lema de sempre, "Benfica vencer, vencer".

Claro está que, para já, vivemos ainda aquele período do defeso no qual o Benfica repete um modelo de negócio eficaz, mas que causa estranheza ao adepto de bancada. Contrata-se uma dúzia de jogadores que nunca jogarão na equipa principal com um triplo propósito.

Demonstrar a mercantilização imparável do negócio do futebol, com contratações que servem apenas para gerar mais valias com vendas futuras de activos que nunca pisarão o relvado dos clubes que os contratam (Marçal); promover a felicidade entre os homens, realizando desejos alimentados desde criança por alguns rapazes – é sempre comovente ver a emoção com que os jogadores dizem estar a cumprir um sonho, no momento em que são apresentados e vestem, fugazmente, o manto glorioso que nunca envergarão em jogos oficiais (Agra?); e, claro está, aumentar a confiança entre os nossos adversários, que, enquanto fazem contratações cirúrgicas de talentos maduros e firmados, ficam confundidos e têm dificuldade em destrinçar qual é o verdadeiro craque (Seferovic, Chrien, Krovinovic?), no meio de jogadores contratados a obscuros clubes da América do sul (Arango?) e de jogadores obscuros contratados a clubes do nosso campeonato (Patrick?).

Como sempre acontece em Julho, percebe-se pouco das contratações feitas pelo Benfica, mas fica já uma certeza. É fundamental que os directores de comunicação do Porto e Sporting prossigam os seus ataques: enquanto mobilizam os adeptos do Glorioso, vão obrigar a direcção a construir um plantel para conquistar o penta. Com menos vendas do que o previsto (fica Nélson!) e com melhores contratações do que aquelas com que sonhávamos. Esperem pelo início do campeonato.»
(Pedro Adão e Silva, A luz intensa, in Record)

É frustrante, descoroçoante, revoltante, aviltante e digno de profunda comiseração, apreciar até onde pode chegar a pobreza de espírito, a subserviência, a alienação e a pobreza intelectual de um "sociólogo e professor universitário"! Professor universitário?! Para ensinar o quê e a quem?!...

Nunca ninguém me conseguirá convencer a colocar no mesmo saco do benfiquismo "farinha" deste jaez, com a categoria, a classe, a cultura, a inteligência e a dimensão humana de, por exemplo, um Júlio Machado Vaz e um Pedro Santos Guerreiro!...

Ainda não ensandeci!...

Leoninamente,
Até à próxima

7 comentários:

  1. É frequente encontrar diversos lampiões a opinar no espaço mediático, versando temas que vão desde a política à música, passando pela segurança interna e externa, e acabando no futebol. Desde os Venturas, os Goberns, os Pereiras e os Adões, todos eles sabem e falam de tudo, sendo pagos a peso de ouro pelas televisões, rádios e jornais cá do burgo. Este fenómeno cresce a olhos vistos, bem como o número que comentadores ditos independentes que falam de futebol com lentes avermelhadas: Janela, Delgado, Brás, Rola, Garcia, Rita, Baptista, Borges, Gilberto, Daniel, Nunes, Sousa, P.Henriques, J.Carlos, etc, etc. Por outro lado, ocorre o saneamento de figuras ligadas ao Sporting, tal como aconteceu no caso de recente de Eduardo Barroso, após José Diogo Quintela, Dias Ferreira e Daniel Oliveira.
    Até quando deixaremos que a cultura do pensamento único prevaleça?

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    1. Foram 48 anos de "educação", meu caro "makebafonica"!...
      Absolutamente perdidos em Abril, os "transfugas" passaram-se de armas e bagagens para a única ligação ao anterior regime!...
      Nada a fazer e o fenómeno parece multiplicar-se, face ao nosso modelo de educação, bem patente na "nova geração" de que se "ouvem já os rumores"!...
      É uma luta inglória aquela que os espíritos livres ainda tentam travar enquanto por cá andarem. Depois?! Já não será connosco!!!...

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  2. Muito triste quando um país tem académicos tão pobres.. de valores morais. Por isto é que eles irão passar incólumes Também neste caso. É que quem vai investigar e julgar este caso também não consegue se despir do seu lampionismo. É a maior patologia do ser-português...

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  3. O simples facto de colocar a sua condição de "professor universitário" (se é que o é) diz tudo sobre a sua falta de classe. Quis o acaso que eu tivesse conhecido alguns deles (daqueles que colocam o grau académico como referência) e, coincidência ou não, sempre foram dos piores nos temas de que assumi responsabilidades. Entre esses conheci um que é (ou já foi) ministro cujo nome não citarei mas que, por acaso, é benfiquista!

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    1. Por acaso, caríssimo amigo Aboim Serodio. Só por acaso esse ministro (ou ministro que já era) é benfiquista!...

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  4. Este é um reles lampião.
    É raro hoje em dia encontrar um benfiquista...

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