Até ao dia 16, na minha modesta opinião, torna-se premente e obrigatório que Ricardo Sá Pinto terá de desfazer alguns equívocos em que, teimosa ou convictamente, continua a insistir, se quizer dar um safanão no rumo da equipa.
O primeiro de todos esses equívocos será meramente comunicacional. Penso que até agora terá utilizado os "flashe-interviews" e conferências de imprensa antes e depois dos jogos, para enviar mensagens para o balneário, cometendo um verdadeiro erro de principiante, que a maior parte dos treinadores vivendo a natural insegurança de início de carreira costumam utilizar, esquecendo que as palavras que nessas ciscunstâncias são pronunciadas, devem ter como exclusivos destinatários os adeptos e a crítica especializada. A mensagem para o balneário, de importância reconhecidamente fundamental, deverá ser transmitida "en su sítio" e nos termos que o carisma e os atributos do técnico melhor consigam potenciar. Com o processo utilizado, Sá Pinto nunca conseguirá alcançar, simultaneamente, "o sol na eira e a chuva no nabal", como estará a pretender. Jamais será acertada a ideia de afirmar uma boa prestação da equipa, quando os adeptos e a crítica assistiram a algo que se situou nos antípodas. E sobram infinitas razões para crer que nem o balneário se deixará convencer.
Considerando toda a defesa definitivamente instalada de pedra e cal, o segundo equívoco, do meu ponto de vista, estará intimamente ligado às vertentes defensiva e ofensiva da linha média. O prolongamento das dificuldades físicas de Rinaudo, as limitações de Gelson em termos de construção de jogo, a indefinição de Elias quanto ao seu verdadeiro ou mais útil lugar no meio campo, o mau começo de época e a grave lesão de Schaars e as dúvidas sobre o melhor aproveitamento a retirar de Adrien, devem ter ajudado em muito na insegurança que Sá Pinto revela nas opções para este sector, quer em termos de dispositivo táctico, quer na escolha dos seus intérpretes.
Com Rinaudo recuperado, penso que nunca terá concorrência para o lugar 6 e que será puro desperdício colocar alguém a seu lado na missão defensiva, quando ele chega e sobra no desempenho da missão e ainda acrescenta valor na missão ofensiva, pormenor que mais nenhum desenvolve como ele. Enquanto isso não for possível, quer-me parecer que tanto Elias como Adrien seriam boas soluções, cabendo a Sá Pinto a decisão de colocar qualquer um deles nos lugares 6 e 8.
O terceiro equívoco de Sá Pinto situar-se-à à volta da posição 10. Gosto muito de Adrien e André Martins. Mas quanto ao primeiro, cada vez mais a minha convicção aumenta de que não terá as verdadeiras e específicas características para desempenhar o lugar e o segundo, ainda me parece demasiado verde, se bem que potencialmente tenha tudo para poder no futuro vir a ser um excelente armador de jogo. Restarão Izmailov e Labyad, nos quais provavelmente estará a solução de que a equipa urgentemente necessita. Mas Sá Pinto parece navegar ainda num mar de dúvidas. Já fez demasiados ensaios, sem que nenhum resultasse. Veremos se neste interregno conseguirá indicadores que o ajudem na decisão.
No ataque estará porventura o maior equívoco de Ricardo Sá Pinto. Ou o 4x2x3x1 que preconiza adquire uma dinâmica completamente diferente daquela que vem exibindo, transformando-se instantaneamente em 4x1x3x2 em situação de ataque, ou terá que adoptar claramente pelo 4x4x2 clássico ou em losango à boa(?) maneira que Paulo Bento utilizou no Sporting. Porque para o futebol que a quase totalidade das equipas que, em Portugal, o Sporting terá de defrontar, deixar Wolfswinkel sózinho na área será sempre um "crime" que inevitavelmente nos conduzirá aos inêxitos que vimos acumulando e que se continuarão a repetir. Não sei se será Viola o companheiro ideal para o holandês. Ainda não o conheço suficientemente bem. Ou se será Labyad. Ou se teremos de experimentar Betinho. Mas sei que Sá Pinto deverá partir em busca da solução que permita ao Sporting marcar golos, mesmo não jogando tão bem, como agora ele presume que joga, sem que os adversários sofram o desconforto de sentir as suas balizas violadas por uma, duas ou três vezes em cada jogo. Será esse desconforto que poderá evitar autocarros e contra-ataques fortuitos como o que ditou a derrota com o Rio Ave.
Finalmente o quarto equívoco. Já aqui falei uma mão cheia de vezes nele. Trata-se de um problema mental, a que, assertivamente ou nem por isso, chamei de "inércia da mente". O Sporting, independentemente do adversário e do local onde o jogo se realize, não pode entrar em campo com a intenção de, com o decorrer do jogo, concluir pela melhor forma de ultrapassar o adversário. Não pode ficar à espera de ver o que o jogo vai dar. As derrotas na final da Taça e agora com o Rio Ave, são o paradigma exemplar daquilo que o Sporting jamais deverá fazer. O Sporting não poderá ter outra atitude que não seja, desde o primeiro minuto de jogo, a afirmação clara e pujante da sua grandeza, que se há-de traduzir sempre no respeito do adversário e na limitação da sua eventual ousadia.
O Sporting possui um excelente plantel. Equilibrado, com mais do que uma solução de categoria para cada posição no terreno, com talento e classe apreciáveis e... aparentemente solidário, reinando um saudável ambiente entre todos. Aplauso para quem o vem construindo e para Ricardo Sá Pinto que tem conseguido gerir todas as personalidades e os legítimos anseios de cada um. Todos sabemos que o caminho que está a ser percorrido leva o seu tempo, até que o rendimento alcance os patamares desejáveis. Mas que ninguém me venha dizer que a derrota com o Rio Ave em casa terá sido um mero acidente de percurso, desculpável e que a equipa jogou bem e... está muito forte. Sobretudo Ricardo Sá Pinto !!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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