Para nós sportinguistas, há qualquer coisa de muito próximo ou familiar que terá suportado as declarações de Paulo Bento, no lançamento do jogo que amanhã a nossa selecção disputará em Braga contra a sua congénere azeri. E essa proximidade ou mesmo familiaridade de modo algum resultou das palavras que o seleccionador terá utilizado, quando se referiu à prestação do nosso seleccionado perante a modesta equipa luxenburguesa. Quer-me parecer que Paulo Bento terá estado tão certo no reconhecimento de que a fraca prestação da equipa portuguesa se ficou a dever a questões culturais, quanto na assumpção de culpas próprias, quando admite a possibilidade de ele próprio não ter conseguido passar a mensagem mais eficaz para que isso não se tivesse verificado. E a correcção das suas palavras será tanto maior quanto mais rigoroso for o paralelo que delas fizermos com as que Ricardo Sá Pinto produziu após as também fracas prestações do Sporting nos últimos quatro jogos oficiais. Seria óptimo que eu pudesse estar aqui hoje a falar da proximidade do pensamento de ambos os técnicos. Mas, por muito que eu goste de Ricardo Sá Pinto, por muita ternura que, como sportinguista, tenha por ele, por muito que lhe deseje um sucesso tão rápido quanto consistente, não o poderei fazer.
Penso que a proximidade ou familiaridade que sinto e de que agora vos falo, apenas foi patente nas fracas prestações das equipas que ambos lideram, nas eventuais razões culturais e mentais que as terão motivado e porventura no impacto zero das mensagens dos técnicos aos seus pupilos, cujas culpas um não recusa e o outro terá, condenavelmente, esquecido ou menorizado. Tanto a selecção como a equipa sportinguista terão conseguido produções demasiado pobres para a sua valia real. Porque do paralelo entre o realismo e a honestidade intelectual que o discurso de Paulo Bento traduziu e a voluntariedade irrealista e mesmo mistificadora de Ricardo Sá Pinto, resultará sempre uma imagem bem mais favorável do seleccionador nacional e desesperantemente incompreensível e reprovável do líder sportinguista.
Vamos aguardar com esperança que, partindo de discursos tão díspares sobre uma mesma, próxima e familiar realidade, possamos assistir já amanhã e no próximo domingo a triunfos, que sejam reflexo de uma nova cultura e mentalidade competitiva, resultantes de mensagens completamente diferentes e profundamente mais persuasivas e convincentes.
Leoninamente,
Até à próxima
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