quinta-feira, 16 de abril de 2020

Quando o país for auto-suficiente em tomates!...


No trilho de França

«A França planeia terminar o seu campeonato de forma intensiva, em Junho e Julho, se tudo correr bem, claro. Se o vírus já não se propagar com a velocidade a que ataca hoje, apesar de todas as medidas de confinamento.

O modelo francês, caso avance, é o que melhor se adequaria ao caso português. Se as coisas continuarem a evoluir positivamente, claro.

Se não vai haver fiéis em Fátima, em Maio, também poderá não haver lugar a multidões presenciais no fecho deste triste campeonato da época 19/20. Mas o trono não deve ficar vago e o título tem de ser entregue no final de uma competição em que todos jogam com todos.

Há testes à Covid 19 que demoram 4 horas a revelar resultados. Se todas as equipas puderem ser sujeitas a estágios prolongados, poderão reunir-se as condições de segurança sanitária para concluir a competição. É duro para jogadores e restantes membros das estruturas? É. Mas esses elementos, em especial jogadores e treinadores, são pagos de forma diferenciada em relação à média nacional. É alta-competição.

O espectáculo torna-se-á apenas televisivo, mas também aqui, na área dos direitos mediáticos, se atingiria a normalidade possível em tempo útil. Há contratos em vigor, há publicidade agregada, patrocinadores, assinantes. Enfim, há toda uma cadeia de valor a desmoronar-se na paragem.

O que os jogadores não podem exigir é sol na eira (salários em dia) e chuva no nabal (estarem mais protegidos do que nonagenários em lares de idosos). Garantida a segurança sanitária, é preciso jogar.

Mas nem só de atletas da primeira liga é feito o edifício do futebol. Mesmo na primeira liga, é enorme o fosso entre os grandes, os médio-grandes, e todos os outros. A situação do Desportivo das Aves é apenas a manifestação mais aguda de uma grave doença: a distorção competitiva. No mesmo campeonato, defrontam-se equipas constituídas por jogadores que podem trocar de Ferrari duas vezes ao ano (se lhes der para aí) e outras onde os atletas não ganham para o gasóleo.

Claro que os melhores, devem ser mais bem pagos. Não é contra os grandes jogadores que aponto o dedo. É contra o que não logram ganhar todos os outros. Contra emblemas que entram na competição de peito feito e, mesmo em épocas normais, sem receitas para pagar todos os salários em toda a época. Salários que, já por si, não garantem segurança e conforto aos atletas e famílias.

Há um grande caminho a percorrer na modernização do futebol que se joga em Portugal. A definição de um salário mínimo em cada patamar competitivo deve ser um dos passos nesse caminho. Passo que só será possível com a centralização dos direitos televisivos.

Voltarei a este tema. Mas, agora, há um assunto urgente, que se impõe aos estruturais: há um campeonato para terminar.

É preciso planear bem e depressa a concretização desse desígnio.»
(Octávio Ribeiro, De Olhos na Bola, in Record, ontem às 18:12)


Tudo pode acontecer! Não há impossíveis! Excepto essa da centralização dos direitos televisivos!...

Em Portugal, só quando o "Orelhas" morrer, ou então...

Quando o país for auto-suficiente em tomates!...

Leoninamente,
Até à próxima

Sem comentários:

Enviar um comentário