Memorável ou pírrico?
«O comunicado do Sporting a rasgar o protocolo assinado, há menos de quatro meses, com duas das suas principais claques foi um ato destemido e memorável. Foi mesmo uma das raras situações em que o presidente leonino (que em tempos fez parte da Juventude Leonina) mostrou ter percebido que os líderes são aqueles que enxergam no problema uma oportunidade de mudança. Porque, até aqui, os adeptos que confiaram em Frederico Varandas tinham vindo a sentir-se como aquela rapariga que na noite de núpcias descobriu que o marido debutante tinha ido, distraído, jantar a casa da mãe.
Claro que a carestia aguçou o engenho, mas nem isso subjuga o essencial: há muito era preciso mostrar a estas claques, lideradas quase sempre por quarentões com foto nas esquadras, que não podem ultrapassar o papel que lhes está reservado para se transformarem em armas hostis e de arremesso de quem só quer desagregar ou de quem, no xilindró, está é preocupado com a redução dos seus ganhos indecorosos.
Mas esta decisão também pode ser o estertor final da actual liderança. Porque o Sporting tem tantas feridas abertas e está tão balcanizado que a desagregação nunca poderá ser travada somente com uma medida avulsa ou com apelos à concórdia, como fez há dias José Roquette. Até porque uma boa dose da turbulência, como lhe chamou o referido ex-presidente, já é da responsabilidade da actual gestão. Desde logo por não alertar, no tempo certo, para a herança recebida – a única lista que teve o desassombro suficiente foi a de José Maria Ricciardi.
Hugo Viana veio agora dizer que todos os actos de gestão foram baseados e adaptados "à realidade financeira do clube" e que Bas Dost "não era economicamente suportável". Mas esta entrevista ao Record do director desportivo chegou com muito tempo de atraso, não resultando na gestão de expectativas que teria sido crucial no arranque da época. Acabou assim por soar a desculpas pífias, até por não fundamentarem aqueles que parecem ser os principais insucessos desta equipa dirigente, designadamente a oportunidade das trocas de treinador e a abordagem ao mercado de transferências, porque a política de comunicação imberbe e canhestra não é da sua alçada. O saldo positivo de 60 milhões entre compras e vendas perde algum significado quando a manutenção de Bruno Fernandes continuou a serviu para justificar as principais deserções e o elevado número de jogadores recebidos por empréstimo. Começa até a ser duvidoso se não teria sido mais vantajoso encaixar os milhões que chegaram a ser oferecidos pelo capitão e, com isso, assegurar um plantel mais competitivo.
Hoje, a contestação à gestão leonina vem de três sectores: das claques barulhentas que perderam privilégios, dos eternos saudosistas que jamais irão perceber que o sebastianismo é um mito e dos adeptos genuinamente desiludidos com o governo e com os resultados desportivos. Estes últimos são os críticos mais autênticos e é com eles que Varandas se deve preocupar mais.
Mas não chega fazer-lhes ver que o Sporting não pode viver permanentemente em cenário eleitoral (salvo erro, nenhuma das últimas sete direcções terminou o mandato). Varandas precisa aprender a falar ao coração dos adeptos, porque só os conseguirá galvanizar se eles perceberem e confiarem no caminho traçado. Deve "vender-lhes" o que de bom foi feito, como foi o caso da reestruturação financeira, mas a melhor forma de os encorajar até pode passar por reconhecer humildemente os seus próprios erros. E a disposição para os evitar no futuro, na certeza de que o presidente e a restante jovem equipa de gestão terão sempre tendência a melhorar à medida que ganhem tarimba, o que também vale para o próprio treinador Jorge Silas.
E um bom sinal neste sentido seria começar por desistir de tentar ganhar na secretaria ao Alverca. Porque pior do que ser derrotado por um adversário do futebol amador seria perder a majestade que se exige a um clube inventado por viscondes. Claro que este recado de pouco servirá se a equipa não começar a ganhar jogos no campo, para depois, em Janeiro, mudar o que é preciso...»
«O comunicado do Sporting a rasgar o protocolo assinado, há menos de quatro meses, com duas das suas principais claques foi um ato destemido e memorável. Foi mesmo uma das raras situações em que o presidente leonino (que em tempos fez parte da Juventude Leonina) mostrou ter percebido que os líderes são aqueles que enxergam no problema uma oportunidade de mudança. Porque, até aqui, os adeptos que confiaram em Frederico Varandas tinham vindo a sentir-se como aquela rapariga que na noite de núpcias descobriu que o marido debutante tinha ido, distraído, jantar a casa da mãe.
Claro que a carestia aguçou o engenho, mas nem isso subjuga o essencial: há muito era preciso mostrar a estas claques, lideradas quase sempre por quarentões com foto nas esquadras, que não podem ultrapassar o papel que lhes está reservado para se transformarem em armas hostis e de arremesso de quem só quer desagregar ou de quem, no xilindró, está é preocupado com a redução dos seus ganhos indecorosos.
Mas esta decisão também pode ser o estertor final da actual liderança. Porque o Sporting tem tantas feridas abertas e está tão balcanizado que a desagregação nunca poderá ser travada somente com uma medida avulsa ou com apelos à concórdia, como fez há dias José Roquette. Até porque uma boa dose da turbulência, como lhe chamou o referido ex-presidente, já é da responsabilidade da actual gestão. Desde logo por não alertar, no tempo certo, para a herança recebida – a única lista que teve o desassombro suficiente foi a de José Maria Ricciardi.
Hugo Viana veio agora dizer que todos os actos de gestão foram baseados e adaptados "à realidade financeira do clube" e que Bas Dost "não era economicamente suportável". Mas esta entrevista ao Record do director desportivo chegou com muito tempo de atraso, não resultando na gestão de expectativas que teria sido crucial no arranque da época. Acabou assim por soar a desculpas pífias, até por não fundamentarem aqueles que parecem ser os principais insucessos desta equipa dirigente, designadamente a oportunidade das trocas de treinador e a abordagem ao mercado de transferências, porque a política de comunicação imberbe e canhestra não é da sua alçada. O saldo positivo de 60 milhões entre compras e vendas perde algum significado quando a manutenção de Bruno Fernandes continuou a serviu para justificar as principais deserções e o elevado número de jogadores recebidos por empréstimo. Começa até a ser duvidoso se não teria sido mais vantajoso encaixar os milhões que chegaram a ser oferecidos pelo capitão e, com isso, assegurar um plantel mais competitivo.
Hoje, a contestação à gestão leonina vem de três sectores: das claques barulhentas que perderam privilégios, dos eternos saudosistas que jamais irão perceber que o sebastianismo é um mito e dos adeptos genuinamente desiludidos com o governo e com os resultados desportivos. Estes últimos são os críticos mais autênticos e é com eles que Varandas se deve preocupar mais.
Mas não chega fazer-lhes ver que o Sporting não pode viver permanentemente em cenário eleitoral (salvo erro, nenhuma das últimas sete direcções terminou o mandato). Varandas precisa aprender a falar ao coração dos adeptos, porque só os conseguirá galvanizar se eles perceberem e confiarem no caminho traçado. Deve "vender-lhes" o que de bom foi feito, como foi o caso da reestruturação financeira, mas a melhor forma de os encorajar até pode passar por reconhecer humildemente os seus próprios erros. E a disposição para os evitar no futuro, na certeza de que o presidente e a restante jovem equipa de gestão terão sempre tendência a melhorar à medida que ganhem tarimba, o que também vale para o próprio treinador Jorge Silas.
E um bom sinal neste sentido seria começar por desistir de tentar ganhar na secretaria ao Alverca. Porque pior do que ser derrotado por um adversário do futebol amador seria perder a majestade que se exige a um clube inventado por viscondes. Claro que este recado de pouco servirá se a equipa não começar a ganhar jogos no campo, para depois, em Janeiro, mudar o que é preciso...»
Acredito que só o tempo e os sportinguistas poderão acabar por nos fazer a demonstração de que a grande decisão tomada por Frederico Varandas e os seus pares possa vir a ser considerada, tanto como uma "vitória memorável", quanto, eventualmente, "uma vitória pírrica"! Há muito que a grande nação sportinguista se habituou a ser confrontada com inimagináveis surpresas, para que se possa dar como adquirida qualquer uma dessas duas hipóteses.
Seja como for e, numa primeira análise, é minha profunda convicção de que os dirigentes do Sporting Clube de Portugal e da respectiva SAD, terão feito, desta vez, aquilo que a grande maioria dos adeptos leoninos esperava, sem que isso signifique apagar com uma esponja alguns dos muitos erros cometidos desde a sua posse e que, haverá que reconhecê-lo, estarão inexoravelmente ligados à óbvia falta de "tarimba" que Bruno Prata aponta na sua crónica. Porém, será caso para reflectirmos e nos interrogarmos sobre por onde andaria, efectivamente, essa 'famigerada tarimba', entre todos aqueles que disputaram com Frederico Varandas as últimas eleições e se, no caso de ser outro, fosse ele qual fosse, o vencedor do último acto eleitoral, a situação do Clube seria hoje, melhor, igual ou pior do que aquela com que estamos a ser confrontados...
Só acredita em 'salvadores' quem quer!...
Leoninamente,
Até à próxima
desculpe, mas neste momento só acredita no Varandas quem está com medo de olhar para a realidade. com tantas e boas razões para afrontar as claques, vai fazê-lo quando a onctestação se vira contra ele? É um pateta inconsequente, o nosso Presidente. Digo-o com o coração a sangrar. SL, Rui Marado Moreira
ResponderEliminarNão está em causa acreditar ou deixar de acreditar em Varandas. Ainda não tinha 30 anos e já com família constituída, que a Democracia me foi oferecida numa bandeja. Aceitei-a com alegria e fui durante todo esse tempo confrontado com uma grande maioria de governos em que não acreditei. Mas aprendi que não é na rua, com manifestações, tarjas, tumultos, violência, agressões, danificação do património pessoal de cada um, insultos e provocações que alguma vez se fará cair qualquer governo. Há locais próprios e processos legais para o conseguir. O Sporting, ressalvadas as devidas diferenças, sempre se deverá reger por valores e princípios idênticos. É nisso em que acredito. Bruno de Carvalho caiu por processos dentro da lei, confirmados e ratificados pelos tribunais. Se um determinado, necessário e suficiente número de sócios do Sporting entende que Varandas deve cair, que o faça por processos que não envergonhem os restantes sportinguistas. Não tem sido isso que os contestatários de Varandas têm feito. Nunca apoiarei quem entende ou pretende convencer os sportinguistas a alcançar o que até poderá ser legítimo, por processos ilegítimos. Apenas isso caro Rui Marado Moreira.
EliminarSL
Por se pensar assim e que não vamos a lado nenhum.
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