terça-feira, 8 de outubro de 2019

Que viva sempre e para sempre a ACADEMIA SPORTING!...



Tomaz Morais: «O jogador será o foco de todo o processo»
Entrevista ao dirigente do Sporting

«Foi contratado para criar um plano estratégico para a formação. Aos 49 anos, o antigo seleccionador nacional de râguebi sente estar a deixar a sua marca não só no aparecimento de jovens futebolistas mas de pessoas válidas no futuro.

RECORD - Esta aposta na formação é uma redescoberta daquela que é a identidade do Sporting?

TOMAZ MORAIS –A intenção da administração quando nos propôs este desafio foi exactamente reforçar aquilo que é o ADN do Sporting: a formação. Que essa formação seja suportada por um plano estratégico realista e credível, em termos futuros. Quando estamos a elaborar um plano estratégico, surgem uma série de ramificações. A forma como vamos trabalhar, o próprio organograma, quem vai trabalhar com quem, quantos especialistas precisamos e em que áreas. Isto tudo foi ponderado e levou tempo. Começámos a fazer este pensamento formativo estratégico em Janeiro e só antes de a época começar, em Junho ou Julho, é que conseguimos chegar ao entendimento com quem íamos trabalhar e como. O nosso objectivo é potenciar o jogador, ser ele o foco, o centro de todo o processo. O que nós chamamos o processo centralizado no jogador. Depois, essa potenciação leva a que seja a equipa a servir o jogador e não o jogador a servir a equipa. Quer isto dizer que nós queremos formar, mas formar a ganhar. Isso é inequívoco. Todo este processo é assente em cultura, em valores e associado ao projecto educativo, que passa por uma boa gestão escolar, porque acreditamos que podemos formar bons homens para a vida, pois estaremos a formar boas pessoas e bons jogadores também.

R - Passaram nove meses desde o arranque desse pensamento formativo estratégico. Este trabalho não está concluído?

TM – Não. Este é um projecto faseado. Passou pela contratação do nosso director técnico, Miguel Quaresma, e toda a equipa adjacente, e transformação das equipas técnicas. Houve uma ideia estratégica por trás disto tudo. E essa ideia estratégica foi, claramente, uma mudança, mais em virtude da acção formativa do jogador do que o próprio rendimento desportivo colectivo. Sendo que, quando fazemos bem a primeira estamos a tocar profundamente a segunda. Acreditamos que, se nós dermos mais condições formativas ao jogador e se o jogador for realmente o nosso foco, vamos ter também melhores resultados desportivos. Essa é a ideia e a nossa filosofia.

R - Este projecto vai continuar para além desta direcção ou poderá desaparecer em função de alterações a nível directivo?

TM – Não, o que nós estamos a fazer é para ficar. Não estamos a fazer para as pessoas que vierem a seguir mudarem. Nós queremos que quem vier a seguir tenha uma base de trabalho muito forte e que possa, acima de tudo, continuá-la, melhorá-la, aprofundá-la e dar-lhe também o seu cunho pessoal. É fundamental, quando nós pegamos num projecto, tem de haver o nosso cunho pessoal, tem de haver a nossa ideologia. Queremos deixar ficar a Academia num lugar melhor, queremos deixar ficar o processo formativo dos jogadores num lugar melhor e também, aquilo que nos é fundamental, é a integração deste projecto na cultura e identidade do Sporting. Claramente não é um projecto de curto prazo. Estamos a trabalhar num projecto que será visível a curto prazo, nalgumas segmentações, mas que queremos seja de longo prazo e que vá muito além das pessoas.

R - Na formação, a distância em relação à concorrência é muito grande ou começa a esbater-se?

TM – Creio que está a esbater-se. Não me compete a mim avaliar, mas aquilo que foi feito nos últimos anos deveria ter uma estratégia, que respeitamos. Porém, é um facto que vimos poucos jogadores chegar à equipa principal. Quando me desafiaram para este projecto, olhei mais para o futuro do que para o passado, que nos deixou apenas aprendizagem e uma base da qual partimos. O futuro, não só do Sporting, como do futebol português, leva-nos a pensar em clubes formadores. Temos os melhores treinadores do Mundo, pessoas com várias experiências e o Sporting soube ir buscá-las para liderarem o projecto. Falo do míster Miguel Quaresma ou do professor João Couto, pessoas que têm alto conhecimento do futebol e experiência vincada.

R - Daqui a quantos anos é que este projeto se refletirá no plantel principal?

TM – Desenhámos um projecto, em termos de política desportiva, para quatro anos. Agora, sabemos que o impacto formativo no jogador vai muito além disso. E o impacto que possa ter no próprio Sporting é muito difícil de caracterizar no tempo. Estar a dizer que vai demorar um ano ou dois ou três ou cinco ou seis é muito complicado. O contexto formativo é de aprendizagem constante, de reflexão e tem de ser um contexto estável, em que a pressão não possa entrar. Pode entrar a pressão desportiva, mas não podemos estar pressionados pelo alcance de resultados no imediato. Porque assim vamos acelerar o processo em demasia e ultrapassar prazos, o que não é benéfico, para desenvolver um jogador a longo prazo.»




(João Lopes, jornalista do Jornal Record)





Este meu postal é dedicado e dirigido a todos os sportinguistas que julgaram e, ainda hoje, infelizmente para o Sporting, julgarão que as grandes obras nascem de desmedida, descoordenada, desbragada e quase sempre perversa impulsividade, do acaso ou de um inexoravelmente nefasto planeamento improvisado em cima dos joelhos...

Saravah a todos os resistentes, encabeçados por Aurélio Pereira, que souberam e puderam permanecer firmes no seu posto, em defesa de uma das maiores glórias leoninas: a ACADEMIA SPORTING!...

Saravah a todos os que nos honraram no passado e honram no presente, na construção e recuperação da nossa maior jóia e glória: a ACADEMIA SPORTING!...

Que viva sempre e para sempre a ACADEMIA SPORTING!...

Leoninamente,
Até à próxima

1 comentário:

  1. Finalmente um bom trabalho de comunicação em sintonia com um bom trabalho da equipe directiva. Morais parece-me uma pessoa chave no Sporting e no futebol português.
    Não sei se por coincidência ou não, um dos programas da comunicação social falou longamente sobre a academia e percebeu-se que "havia coisas que nao se devia falar" que tinha a ver com a formação dos jovens e resultantes de 1) O isolamento social da academia 2) Alguma promiscuidade no relacionamento social dos jovens (idades misturadas nos quartos etc) para além das condições fisicas, estruturais e motivacionais que já vieram a lume. Me desculpem alguma "batida no ceguinho" mas francamente seria mesmo preciso avaliar as supernefastas consequências que o retrocesso criou. Para poder perceber porque é que tem havido este pouco sucesso das entradas da formação na equipe principal e que, parece, está a mudar.
    No meio de tantos tiros no pé com o futebol da equipe principal, uma lufada de ar fresco e esperança. Sol Carvalho

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