'Reset' às claques
«Indo ao site do Sporting ninguém diria que a direcção do clube tem um problema com as suas claques. Entrando em "Iniciativas", na área do 12º. jogador, pode ler-se que "o Sporting Clube de Portugal conta com quatro decisivos grupos organizados de adeptos, que se fazem notar pelos seus originais cânticos e constantes deslocações, ora em Portugal, ora pela Europa".
Um pouco mais à frente lê-se que "foi já na era Bruno de Carvalho que os Grupos Organizados de Adeptos depois de várias tentativas falhadas do passado chegaram a acordo com o Sporting Clube de Portugal para a união de todos os grupos na Superior Sul do Estádio de Alvalade". Tendo em conta o louvor que faz ao seu antecessor, e às claques onde ainda tem apoiantes, é de presumir que Frederico Varandas não frequente esta página do site há algum tempo.
Nela se explica ainda que o Sporting é composto por quatro Grupos Organizados de Adeptos (GOA), que são brevemente apresentados elogiando-se os seus valores na paixão e apoio ao clube: Juventude Leonina, Torcida Verde, Directivo Ultras XXI e Brigada Ultras Sporting.
Pena é que o maravilhoso mundo que ali se descreve esteja a léguas da realidade. A encabeçar a página há um título escrito a verde: "O apoio incondicional". Será assim o de muitos sportinguistas, mas não é assim nas claques, ainda que a generalização possa ser injusta. Lá estar tornou-se um negócio de bilhetes, quotas e dívidas – e em alguns casos de actividades ilícitas. Não é por amor ao clube, é por amor próprio.
Esta é apenas uma parte da péssima reputação que as claques têm em Portugal (e em vários outros países). A pior é mesmo a cultura de intimidação e violência – que chega a ser extrema – física e verbal. As claques são cada vez mais um sinónimo de insegurança e menos de apoio. Que mãe ou pai pode gostar de ver um filho juntar-se a uma claque quando isso significa aderir a um quadro de valores totalmente errado?
A Juventude Leonina ou o Directivo XXI acreditam que os insultos e ameaças a Frederico Varandas vão ditar a queda do presidente. Não será por aí. A esmagadora maioria dos sportinguistas não se revê na violência que as claques representam. Depois do ataque a Alcochete e do enorme prejuízo que provocou, não se revêm sequer em certas claques. Podem até não concordar com o rumo seguido pelo actual presidente, mas não antipatizam com a reacção.
Frederico Varandas, que já ‘militou’ na Juventude Leonina, rasgou os protocolos, proibiu tarjas e deu agora ordem para que aquela claque e o Directivo XXI abandonem as instalações nas imediações do estádio. O castigo é severo, mas impõe-se e revela coragem.
As claques não devem ser subservientes ao presidente, como no tempo de Bruno de Carvalho. Têm todo o direito de o criticar, mas têm de fazê-lo sem violência ou perderão sempre a razão.
Quem faz as claques são os seus líderes e as claques em Portugal precisam de um "reset". Têm de construir uma reputação diferente, ser uma referência dos valores nobres do desporto e do clube, assumirem-se até como uma extensão da responsabilidade social da instituição. Têm de ajudar a vender o clube, em vez de serem apenas uma fonte de despesa e multas. Têm de se tornar um orgulho para todos os sócios e adeptos, uma razão para a sua mobilização. Se não o fizerem, estarão condenadas à irrelevância no futebol moderno.»
(André Veríssimo, director do Negócios, Linha de Fundo, in Record, hoje às 17:48)«Indo ao site do Sporting ninguém diria que a direcção do clube tem um problema com as suas claques. Entrando em "Iniciativas", na área do 12º. jogador, pode ler-se que "o Sporting Clube de Portugal conta com quatro decisivos grupos organizados de adeptos, que se fazem notar pelos seus originais cânticos e constantes deslocações, ora em Portugal, ora pela Europa".
Um pouco mais à frente lê-se que "foi já na era Bruno de Carvalho que os Grupos Organizados de Adeptos depois de várias tentativas falhadas do passado chegaram a acordo com o Sporting Clube de Portugal para a união de todos os grupos na Superior Sul do Estádio de Alvalade". Tendo em conta o louvor que faz ao seu antecessor, e às claques onde ainda tem apoiantes, é de presumir que Frederico Varandas não frequente esta página do site há algum tempo.
Nela se explica ainda que o Sporting é composto por quatro Grupos Organizados de Adeptos (GOA), que são brevemente apresentados elogiando-se os seus valores na paixão e apoio ao clube: Juventude Leonina, Torcida Verde, Directivo Ultras XXI e Brigada Ultras Sporting.
Pena é que o maravilhoso mundo que ali se descreve esteja a léguas da realidade. A encabeçar a página há um título escrito a verde: "O apoio incondicional". Será assim o de muitos sportinguistas, mas não é assim nas claques, ainda que a generalização possa ser injusta. Lá estar tornou-se um negócio de bilhetes, quotas e dívidas – e em alguns casos de actividades ilícitas. Não é por amor ao clube, é por amor próprio.
Esta é apenas uma parte da péssima reputação que as claques têm em Portugal (e em vários outros países). A pior é mesmo a cultura de intimidação e violência – que chega a ser extrema – física e verbal. As claques são cada vez mais um sinónimo de insegurança e menos de apoio. Que mãe ou pai pode gostar de ver um filho juntar-se a uma claque quando isso significa aderir a um quadro de valores totalmente errado?
A Juventude Leonina ou o Directivo XXI acreditam que os insultos e ameaças a Frederico Varandas vão ditar a queda do presidente. Não será por aí. A esmagadora maioria dos sportinguistas não se revê na violência que as claques representam. Depois do ataque a Alcochete e do enorme prejuízo que provocou, não se revêm sequer em certas claques. Podem até não concordar com o rumo seguido pelo actual presidente, mas não antipatizam com a reacção.
Frederico Varandas, que já ‘militou’ na Juventude Leonina, rasgou os protocolos, proibiu tarjas e deu agora ordem para que aquela claque e o Directivo XXI abandonem as instalações nas imediações do estádio. O castigo é severo, mas impõe-se e revela coragem.
As claques não devem ser subservientes ao presidente, como no tempo de Bruno de Carvalho. Têm todo o direito de o criticar, mas têm de fazê-lo sem violência ou perderão sempre a razão.
Quem faz as claques são os seus líderes e as claques em Portugal precisam de um "reset". Têm de construir uma reputação diferente, ser uma referência dos valores nobres do desporto e do clube, assumirem-se até como uma extensão da responsabilidade social da instituição. Têm de ajudar a vender o clube, em vez de serem apenas uma fonte de despesa e multas. Têm de se tornar um orgulho para todos os sócios e adeptos, uma razão para a sua mobilização. Se não o fizerem, estarão condenadas à irrelevância no futebol moderno.»
Para que serve então a utopia?!...
Para que não deixemos de caminhar!...
Leoninamente,
Até à próxima
18 de novembro.
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