sexta-feira, 25 de outubro de 2019

O melhor prémio: recuperar o sorriso!...


Leão com sinais vitais
O Sporting não foi brilhante mas a resposta mostrou que o KO de Alverca já lá vai

«Uma vitória feliz, na sequência de hora e meia com os nervos sempre à flor da pele, permitiu ao Sporting garantir privilégios no grupo de apuramento da Liga Europa. O leão não foi brilhante, não respondeu ao KO de Alverca com uma demonstração clara de saúde restituída, mas foi capaz de, mesmo assim, mostrar sinais vitais que alimentam a esperança de dias melhores. O êxito verde e branco fica ainda marcado pelo clima de reconciliação das claques, desta vez só empenhadas em apoiar a equipa, indiferentes aos conflitos institucionais e às decisões do presidente da direcção.

Foi, por isso, um triunfo sofrido, saboroso, que pode ser interpretado como início de um novo ciclo em Alvalade. Não pela excelência do futebol apresentado pela formação de Silas, não pela autoridade expressa nos 90 minutos sobre adversário frágil como é este Rosenborg ou pela quantidade de oportunidades construídas; mas não é possível ficar indiferente ao ar mais respirável sentido no reduto verde e branco, pela comunhão de vontades na criação das condições mínimas para sair de uma crise de dimensões impensáveis após a derrota com uma equipa do terceiro escalão nacional.


Sem brilhantismo


O Sporting apresentou-se lutando contra os seus próprios limites, condicionado pelo cenário negativo que o envolve: a equipa abstraiu-se da situação, resistiu ao conflito interno (imperceptível nos primeiros minutos), não se deixou afectar pela desinspiração e entregou-se à tarefa de jogar o melhor possível. Mas não o fez com a segurança devida, não foi capaz de criar sucessivos lances de apuro junto do extremo reduto contrário e só revelou consistência relativa; mas a atitude consciente estava lá, alimentando a expectativa de que podia, por fim, colocar ponto final no período negro. No arranque do jogo a equipa manteve-se desperta, como quem ali estava em busca do golo, da vitória e da redenção.


O problema foi desvirtuar aos poucos os princípios que norteiam o projecto de Silas. O Sporting teve menos bola do que gostaria e não cultivou a posse em ataque posicional para estimular o jogo ofensivo organizado; permitiu a desordem, um futebol esticado e um jogo sem dono, no qual não mostrou os movimentos combinados, com acções de progressão participada, capazes de ir abrindo brechas na muralha defensiva dos noruegueses. Bruno Fernandes atirou à barra aos 17 minutos, mas um desvio de Coates, que bateu em Doumbia, também levou a bola ao ferro de Renan. O sinal mais era verde e branco. Mas a feição do embate não era inteiramente favorável aos portugueses.

Um golo merecido

Depois do intervalo, o Sporting levou o jogo para níveis mais próximos do desejável: a equipa uniu-se à volta da bola, cultivou um futebol de posse, paciente mas, ao mesmo tempo, mais pressionante sobre o último reduto contrário; defendeu e atacou com iniciativa, expôs-se menos às investidas norueguesas e tornou mais clara a superioridade. Bolasie traduziu a superioridade com um golo de cabeça, feliz mas justo, numa altura em que o ambiente (aos 70 minutos) começava a dar sinais de alguma apreensão. Até ao fim, a cabeça fria leonina marcou pontos no duelo com o empolgamento adversário, cujo futebol directo, por vezes longo, foi morrendo nos pés e na cabeça dos defensores sportinguistas. Silas preferiu refrescar a equipa nos últimos instantes do que mexer quando ainda era tempo de mudar a feição dos acontecimentos – nessa altura limitou-se a trocar de avançado. No fim, a festa foi verde e branca. A celebração não foi efusiva mas foi o suficiente para recuperar o sorriso.»


O bom jornalismo de reportagem será sempre a perfeita simbiose entre o espelho do acontecimento e a moldura artística da palavra. Rui Dias 'obriga-me' a ler os seus textos com singular deleite, porque o consegue em cada texto que nos oferece. Por isso o trago tantas vezes para aqui...

Esta crónica de hoje desafia a excelência. Ela reflecte tudo o que aconteceu em Alvalade. Alguns julgá-la-ão incompleta, por nem uma palavra o autor ter dedicado à arbitragem. Por mim, estou com Rui Dias: porquê e para quê emboitar a excelência com redundâncias, quando nem se deu por ele?! Deixo apenas o nome do senhor belga que esteve em Alvalade, como exemplo e memória futura: Lawrence Visser.

Ficar-me-à por muito tempo, o remate de Rui Dias...

O melhor prémio: recuperar o sorriso!...

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Ai amigo Álamo...
    Foi um sufoco...!

    Primeiro "revoltei-me" contra a sorte que não queria nada connosco...

    Depois do nosso golo...mantive-me caladinho...não fosse a sorte ouvir e lembrar-se de mandar a "sua prima" a má sorte...

    Valeu pelos 3 pontos e fico a aguardar na esperança de "melhores dias..."...

    Abraço e SL

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    1. Como eu compreendo amigo Max! Avalio o seu sofrimento pelo meu, aqui em casa! Valeu pelos 3 pontos e pelo sorriso de esperança com que ficámos! Eu 'sei' e o amigo também 'sabe' que "melhores dias virão"!...
      Grande abraço e calorosas SL

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