Entre os sócios, adeptos e simpatizantes do Sporting Clube de Portugal e a sua actual estrutura dirigente, por razões sobejamente conhecidas e intimamente ligadas a um passado mais ou menos recente, não se torna fácil encontrar, por enquanto, aquela sintonia que deveria consubstanciar a grandeza e tradição deste glorioso clube. E eu penso que a maior diferença entre esses dois mundos, tão próximos e ao mesmo tempo tão afastados, estará na velocidade.
Uns, porque carregando sofridamente e há tempo demasiado uma tremenda carga de decepções, desencantos, vergonhas e sofrimentos, querem rapidamente subir a escada que pode conduzir ao sucesso, galgando mais do que um degrau em cada passo, indiferentes ao perigo de uma falha, de uma escorregadela, de uma perna partida ... Os outros, sem dúvida desejando o mesmo sucesso, são mais cautelosos e, mesmo demorando mais tempo, não abdicam da segurança de uma subida de degrau em degrau.
Sem pretender entrar em discussões de politiquice tão actual no nosso país, eu diria que se verifica hoje no Sporting Clube de Portugal uma divergência semelhante à questão das opções sobre o modelo ferroviário para Portugal. Uns querem o TGV, porque não querem perder o progresso. Outros, não querendo perder o combóio, não se importam que a caminhada para o progresso seja mais lenta.
A grande maioria dos adeptos sportinguistas quererá o TGV. A estrutura dirigente leonina parece ter adoptado a ferrovia clássica, com menos custos e mais fiabilidade. Quem sabe se o melhor caminho não estará na escolha do modelo Alfa/Sete Cidades, para toda a rede ferroviária leonina. Nem oito, nem oitenta !...
Devo confessar que, reconhecendo embora a impossibilidade de que "se possa fazer Roma num dia", às vezes caio na vertigem da velocidade. Mas lá que é muito difícil reprimir dentro de mim este desejo enorme de que se faça rapidamente tudo o que tem de ser feito, não sou capaz de negar !
Uma coisa eu tenho de confessar: mesmo não viajando em TGV, a viagem actual do Sporting Clube de Portugal, apesar de pequenos contratempos nas agulhas dos carris ou nas catenárias da rede eléctrica, lá se vai fazendo. Parece que o melhor será prosseguir a viagem com calma e segurança, deitando pela janela todas as vertigens a que a pressa conduz. Eu vou impor isso a mim mesmo, embora seja difícil. Muito difícil !... Quizera ir já a meio da viagem, mas ainda só conseguimos chegar a duas ou três estações ! Vamos andando ...
Leoninamente,
Até à próxima
P.S. - Mais uma estação !... Alberto Rodriguez !... Vamos andando ...
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