«Não é segredo que o FC Porto tem uma concepção eminentemente belicista do desporto, encarando cada confronto numa óptica de hostilidade guerreira, com contornos quase existenciais.
Privado de qualquer dimensão ética, o desporto perde o seu fascínio olímpico e transforma-se numa psicose obsessiva de vitória a qualquer preço.
Durante anos, este lado lunar do FC Porto, foi olhado com injustificada tolerância por parte de quem tinha o dever de agir. No fundo, o clássico apedrejamento do autocarro adversário na ponte da Arrábida, a criolina no balneário, o guarda Abel, os cartazes da Carolina Salgado e outros afloramentos, eram vistos como excessos de virilidade competitiva, mas desculpáveis à luz da saloiice crónica de quem olha para o país, como se ainda houvesse cristãos e mouros.
Só que o bichinho que mordiscava, transformou-se num monstro.
É preciso ter uma visão doentia do desporto, para arregimentar gente exterior a qualquer desafio e cuja razão da presença é apenas e só prestar o serviço para que foram contratados. A incendiária intervenção no jogo de apanha-bolas, seguranças e arrumadores de publicidade, todos em uníssono molestando física e verbalmente os jogadores do Sporting, em articulação que não era de modo algum espontânea, fez-me irresistivelmente lembrar um campo de batalha, com o general, lá do alto, a fazer avançar a sua infantaria.
Tenho defendido que, por forças dessas e doutras circunstâncias, passam-se coisas nas Antas/Dragão, que não ocorrem em mais campo nenhum do país. Os níveis de intimidação que ali são praticados e infelizmente consentidos, condicionam objectivamente a arbitragem e os adversários e isto traduz-se em resultados.
O garantismo da nossa justiça desportiva, vai provavelmente desfasar e amortecer a aplicação de qualquer sanção, se é que, a máquina branqueadora que já está em curso, não surtir, entretanto, os seus efeitos.
Em qualquer campeonato, o Dragão seria preventivamente interditado. Neste país de brandos costumes, porém, o que releva é o empurrão do Tabata, ou a fantasiosa provocação do Adán e siga a marinha.
Baptista-Bastos escreveu que "o fascismo nunca experimentou inibições lógicas ou morais: valeu-se de tudo, sem pudor, para se perpetuar no poder e rudemente impor a desvalorização do ser humano."
Ao ver aquele efectivo paramilitar a evoluir no relvado, pensei, confesso, na legião azul.»
Arriba "foculporto"...
Heil Pinto da Costa!...
Leoninamente,
Até à próxima
Excelente artigo e peça jornalística.
ResponderEliminarCom total transparência, denúncia da realidade e lamentável histórico cronológico do desporto em geral e no particular do futebol, em Portugal.
Nada a acrecentar à lucidez, enquadramento e "coragem" de qualificar as coisas, tais como elas são e, colocar o tom na Mentira e Batota, em que desde há muitos anos este se transformou e sobressai da evidência factual.