Roda-viva«Volvida apenas uma jornada da Liga, o dealbar da época 2024/25 tem ficado marcado por uma torrente de emoções, temperadas com remontadas inesperadas, colossais desaires e apimentadas novelas de mercado.
Postularão alguns que estes episódios não são mais do que tradicionais sobressaltos de arranque de temporada, permito-me discordar.
Navegamos tempos de reconfiguração no futebol português e a única certeza entre um ponto de estabilidade e outro é que – pelo meio – alguma instabilidade sempre imperará.
O fim de uma era no Futebol Clube do Porto, as conspirações encapotadas em torno do trono de Rui Costa e as últimas dores de crescimento de um Sporting financeira e desportivamente regenerado são uma realidade indesmentível, com declinações evidentes dentro e fora das quatro linhas.
O desperdício clamoroso do Sporting na final da Supertaça às mãos da soberba; o desencanto generalizado do ‘tribunal da Luz’ com o inefável Roger Schmidt; os fortes abalos que a tempestade Conceição ainda provoca no Dragão e o despedimento de Daniel Sousa, sem que ao comando dos arsenalistas tenha somado qualquer derrota, são apenas os primeiros sinais de uma época escaldante.
Arrumados os troféus e carpidas as mágoas, sobra uma certeza indisputável: no actual contexto, a estabilidade é mesmo o maior reforço a que qualquer candidato deve aspirar. A previsibilidade que nos faz preterir o que é belo, pelo que é certo. A emoção calculada que, gerindo o esforço, o dano e o abalo assegura – maquinalmente – o resultado desejado. Porque no campeonato da loucura sairá sempre vencedor aquele que for mais ajuizado.
Ao Sporting que tem talento, espírito de grupo, métodos de trabalho, boas lideranças em todas as frentes e um modelo de jogo funcional, recomenda-se que ignore a desgraça por entre as linhas inimigas.
Se o Benfica mantem o inefável Schmidt, permitindo a saída de João Neves, Rafa e – provavelmente – Neres, o que deve o Sporting fazer? Trabalhar.
Se no Porto a têmpera camufla a única equipa dos escalões do futebol profissional que não contratou qualquer atleta, o que deve o Sporting fazer? Trabalhar ainda mais.
Se em todos os outros emblemas o campeão nacional é – muito naturalmente – o adversário mais desejado para saltar para a ribalta, o que deve o Sporting fazer? Isso mesmo, adivinhou.
De fato de gala e brilhantina, o conjunto que ainda hoje melhor futebol joga em Portugal já desperdiçou um título. Tal facto tem de servir para vestir o fato da humildade, o que, aliás, parece – pelo que se viu na primeira demonstração frente ao Rio Ave – ter sido o caso.
A segurança, a previsibilidade, a disciplina e a solidez não apaixonam, mas perduram e fazem perdurar. As praias mudam, mas as montanhas raramente saem do lugar. Rirá por fim quem mais trabalhar.»
Trabalhar é o lema!!!...
Leoninamente,
Até à próxima