Há vida para além de Bruno Fernandes
«Em pouco mais de uma semana, o Sporting deu sinais de uma frenética convalescença que surpreendeu muitos dos seus adeptos e até peritos da bola. Não passou do oito para o oitenta, mas quase. Afinal, até pode haver vida no Sporting pós-Bruno Fernandes. E, aos olhos da crítica (pública e publicada), os jogadores já não parecem tão maus. E alguns até mostram ser melhores do que a encomenda…
A exibição, em Vila do Conde, havia sido uma das mais tétricas desta época (o empate castigou o Rio Ave, que foi superior em todos os capítulos). O Sporting foi, então, uma equipa sem garbo e nada protagonista. Mas, cinco dias volvidos, transfigurou-se e desmontou por completo um Basaksehir que não mereceu o golo (3-1) que ainda mantém a eliminatória em aberto.
Foi, provavelmente, a exibição mais bem conseguida da época, até porque os turcos valem bem mais do que mostraram. Mas não o confirmaram em Alvalade por mérito de um Sporting surpreendentemente equilibrado e competente nos diversos momentos do jogo. Melhor até do que aquando das goleadas, por 4-0, impostas ao PSV e ao Santa Clara – o resultado desses jogos reflectiu o laxismo defensivo dos adversários, mais do que o brilhantismo leonino.
Três dias depois, o Sporting bateu também o Boavista, não acusando, de forma significativa, as ausências resultantes da gestão (Acuña, Ristovski e Bolasie), do castigo de Coates e da lesão de Mathieu, que obrigaram a quatro mudanças no "11" e a uma revolução na defesa. Claro que houve pouco adversário, até porque os responsáveis boavisteiros despediram Lito Vidigal por este ser um treinador com uma ideia de jogo demasiado assente na estratégia poltrona e na tracção atrás e logo o substituíram por quem (Daniel Ramos) partilha princípios idênticos…
Mas nem isso invalida que o Sporting tenha confirmado os sinais de retoma, designadamente ao nível da autoconfiança e da assertividade. E esta evolução emocional também ajudou a que se repetisse o futebol mais paciente, a segurança em ataque posicional e até as melhorias na reacção à perda e na recuperação defensiva.
Claro que, em ambos os jogos, o Sporting conseguiu marcar cedo, o que ajudou a moderar a tensão nervosa que, em Alvalade, normalmente chega das bancadas. Mas tão ou mais fundamental acabou por ser o conjugar de três circunstâncias: o regresso sustentado de Battaglia (ganha em critério e posicionamento a Doumbia, mesmo não tendo ainda o ritmo ideal), a entrega, finalmente, do papel de Bruno Fernandes a Vietto (Wendel rende muito mais se puder partir de trás e queimar linhas) e a ambientação rápida de Sporar, que tem o talento e o "killer instinct" que se exige a um ponta de lança de uma equipa minimamente proficiente.
Claro que também terá ajudado a estabilização do sistema de jogo, até porque os jogadores parecem mais confortáveis no actual 4x2x3x1. Silas tem razão quando diz que o Sporting tem continuado, aqui e ali, a usar a saída de bola a três, como domingo voltou a ser evidente. Faltou-lhe foi admitir que acrescentou uma variante que reduz o condicionamento adversário, que agora nunca sabe se é Battaglia que recua ou se se mantém baixo um dos laterais.
Claro que ainda é cedo para tirar conclusões definitivas, até porque, no futebol, as vitórias avulsas são muitas vezes confundidas com o sucesso perpétuo e as derrotas ocasionais com o fracasso completo. Mas bem menos arriscado será dizer que o "upgrade" tem de ser relacionado com o trabalho da equipa técnica e com a qualidade do treino.
Silas cometeu erros ao longo dos últimos meses e vários poderiam ser evitados por um técnico mais experimentado. Viu-se isso até na escolha errada das palavras para comentar a prestação de Bruno Fernandes nos últimos jogos (e melhor teria sido admitir a imprecisão, em vez de passar a responsabilidade ao Record). Mas ser hoje treinador do Sporting é como ser trapezista sem rede. Um exemplo: a SAD há muito deixou que se desse como certa a saída de Silas no final da época. Mas está em condições (financeiras e não só) de garantir um técnico melhor? Não seria mais inteligente manter em aberto a continuidade de quem irá evoluir e ser melhor no futuro? Duas perguntas para quem ainda há dias dizia ter errado ao despedir Keizer.»
(Bruno Prata, Ludopédio, in Record, hoje às 20:50)
"Ser treinador do Sporting é como ser trapezista sem rede", escreve e bem Bruno Prata no seu Ludopédio de hoje, dando de seguida um excelente exemplo, para logo colocar duas dolorosas questões a "quem ainda há dias dizia ter errado ao despedir Keizer"!...
Pois o mais dramático de quase todas as acções do responsável máximo do Clube e da SAD, será a incapacidade revelada para corrigir os sucessivos erros de palmatória cometidos! Parece não ter emenda...
Não lhe bastando já, ter deixado que "se desse como certa a saída de Silas no final da época" e sem ainda ter encontrado resposta para as difíceis perguntas que Bruno Prata acaba de lhe colocar, na véspera da partida da equipa para o importante jogo da próxima 5ª feira na Turquia, também estará a permitir que sejam entendidas como verdades, as 'fake news' hoje mesmo lançadas pela Cofina - recuso-me a acreditar na mais ínfima parcela do que há pouco publicaram o jornal Record e a CMTV! -, sobre o substituto de Silas no final da temporada!...
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Alguém vai pintando de verde o fundo do retrato |
Decididamente, haverá pessoas que não sabem viver sem sarna para se coçar! E sempre que, com maior ou menor dificuldade, conseguem debelar uma crise...
Logo partem em busca de novo contágio!!!...
Leoninamente,
Até à próxima