«No passado fim-de-semana, li num artigo escrito pelo jornalista Sérgio Azenha no Correio da Manhã que Novo Banco e Millennium BCP estão a preparar-se para vender a dívida que o ‘Grupo Sporting’ detém junto daquelas entidades no valor de 240 milhões de euros com um desconto de 70%, ou seja, um perdão de 168 milhões de euros!!
Do ponto de vista do negócio bancário, para quem esteja minimamente a par da figura dos NPLs (non performing loans) e afins, nada acrescentar, a não ser, uma vez mais, as lições que ficam no momento da concessão do crédito para quem o autorizou, nas circunstâncias que o fez e com as garantias que (não) recebeu.
Nada de mais, até por comparação ao que já vimos por estas terras lusas com Joe Berardo, Moniz da Maia, Nuno Vasconcellos, Luis Filipe Vieira e afins… e todos nós, contribuintes, a pagar através de um ‘veículo’ especialmente criado para o efeito pelas autoridades financeiras e politicas portuguesas.
Para termos os ‘tais’ 168 milhões de euros de perdão em perspectiva e o que este valor representa nas contas do SCP, basta pensarmos que representará o equivalente a quase 7 presenças do clube na fase de grupos da Champions League (25 milhões de euros/ano), ou por exemplo, que o valor desse perdão equivale à venda de 3 ‘Bruno Fernandes’ (vendido por 55 milhões ao Manchester United) ou de 4 ‘Nuno Mendes’ (valor da opção de compra para o PSG).
Também seria de uma estupidez empresarial atroz, que dificilmente alguém compreenderia e que os sportinguistas dificilmente perdoariam, que a equipa liderada por Frederico Varandas não viesse aproveitar a benesse à vista.
O problema é que para mal do futebol enquanto indústria, este tipo de ‘eventos’ assim como o racismo, a violência, a corrupção e todos os demais que lhes são equivalentes tornam-se bem mais profundos e estruturalmente dolorosos.
Todas estas más práticas de política e gestão no futebol em Portugal acabam por provocar uma fuga a sete pés de um conjunto de entidades com potencial interesse na área (vulgo ‘stakeholders’ em linguagem mais técnica), que vão desde a própria Banca, que poderia ajudar ao crescimento sustentado do sector, a determinadas marcas cuja identidade e valores não podem estar associados a factos altamente negativos que ciclicamente ocorrem fora e dentro dos estádios de futebol, assim como aos próprios adeptos que temem acompanhar-se das suas famílias para a festa de entretenimento que deveria ser um jogo de futebol.
Tenho a esperança que o primeiro passo possa começar a ser dado com a chegada de novas lideranças aos principais clubes portugueses.
Novos líderes podem proporcionar novas políticas, novas formas de gerir e de comunicar.
A chegada de Frederico Varandas foi uma primeira lufada. Rui Costa tem vindo apregoar a seriedade e a transparência como pilares da sua futura actuação. Esperemos que sim, que eles o confirmem na prática, outros os sigam e que uma nova forma de estar chegue ao futebol português. Rapidamente!»
Sim! Rapidamente!!!...
Leoninamente,
Até à próxima