Nesta manhã de ressaca eleitoral, um amigo sportinguista que porventura nunca terá visitado este blog, ainda lambendo as feridas que uma opção diferente da que sabe ter sido a minha, lhe terão provocado, perguntou-me em que raio é que eu assentava a minha “danada” convicção sobre a capacidade de liderança de Bruno de Carvalho. E era tão firme o desejo que os seus olhos deixavam transparecer, de uma clara balizagem dessa minha convicção, que lhe expliquei com algum detalhe a teoria dos 9 C’s, que me serviu de cimento na construção das minhas “certezas”.
Houve há muitos anos atrás uma grave crise na norte-americana Chrysler, que só foi recuperada quando os seus destinos foram entregues a um senhor chamado Lee Iacocca, que viria a publicar um livro – Where have all the leaders gone? – e que um dia terá escrito um texto chamado “ A teoria dos 9 C’s – o que um líder deve ter como características”. Sem qualquer preocupação de sistematização da importância de cada uma, alinhá-las-ei segundo a ordem que, na exposição que fiz ao meu amigo, me foram surgindo, ou surgem agora, na memória:
1 - Carácter. Um líder deverá saber em todos os momentos da sua vida, a diferença entre o certo e o errado e ter a coragem de agir do modo certo. Lincoln terá dito certa vez que se “alguém quiser testar o carácter de um homem, dê-lhe poder”.
2 - Carisma. É aquela qualidade do líder, que determina aos seus seguidores o caminho que deverá ser percorrido. É a inspiração e a confiança inabalável que neles determina.
3 - Curiosidade. Um lider terá de demonstrar curiosidade, por isso deverá ter a preocupação de ouvir as pessoas fora do seu círculo, os famosos “yes man” e, sem cair na arrogância de tudo saber e dominar ou, pior ainda, menorizar a opinião que lhe é exterior, testar as crenças ou as opiniões estranhas, que lhe trarão a certeza da correcção da sua própria opinião.
4 - Comunicabilidade. Um líder deverá sempre e sem qualquer excepção, encarar a realidade e falar verdade.
5 - Criatividade. Um líder surpreenderá sempre com as opções que toma e que ninguém imaginaria que alguma vez pudesse tomar, governe ele uma empresa ou um país. Um líder previsível nunca será um verdadeiro líder.
6 - Coragem. Um líder presumido e que julgue que falando alto convencerá os oponentes, nunca revelará a verdadeira coragem. Coragem será sentar-se numa mesa de negociações duras e… falar, simplesmente.
7 - Convicção. Um líder tem dentro de si um fogo que arde sem se ver. Uma paixão e uma determinação inquebrantáveis, de querer fazer o que tem de fazer, até ao fim, custe o que custar.
8 - Competência. Um líder tem obrigatóriamente de saber em cada momento da sua actuação, o que está a fazer. E, tão importante como isso, saber rodear-se de pessoas que também saibam o que estão a fazer.
9 – Common sense, ou, em português, senso comum. Nunca haverá nenhum líder sem esta característica ou qualidade. Jamais!...
Há quem advogue que a estes 9 C’s, faltará juntar um décimo, que seria o maior e aquele que, por analogia aos 10 mandamentos das tábuas de Moisés, completaria a bíblia de todos os líderes, sustentando que ninguém nasce líder, mas que simplesmente as circunstâncias o criarão. Não será uma característica pessoal, apenas uma circunstância envolvente e determinante. Esse décimo será precisamente aquilo que hoje nos envolve a todos e que obrigatoriamente lapidará qualquer liderança. Escreve-se naturalmente com C, chama-se Crise e será nos tempos que correm, um teste irrecusável!...
O meu amigo sportinguista, ouviu atentamente a minha longa exposição e no fim disse-me: Tenho pena desta nossa conversa não ter sido antes do dia de ontem. Mas Bruno de Carvalho, tem agora em mim um apoiante convicto.
Leoninamente,
Até à próxima