BOM TEMPO NO CANAL
«Se há coisa menos certa no mundo do futebol, ela será prever quando o atleta jovem entra na fase da maturidade. Esta incerteza tem levado a que se façam apostas falhadas, por um lado, e por outro, se dispensem jogadores que acabam por singrar noutros clubes.
Estou-me a lembrar de casos, como o do Rui Barros, que aos 23 anos andava esquecido pela Póvoa do Varzim, nas divisões secundárias, quando alguém mais clarividente do Porto, se lembrou de o ir buscar, com o sucesso que se reconhece. Em contraste, tenho a sensação que, no Sporting, relativamente a alguns futebolistas, se desistiu deles cedo demais; não é só no pretérito, como aconteceu com o José Fonte, mas também na actualidade, com o Nuno Reis, o Renato Neto, ou o próprio Wilson Eduardo.
Reconheço que a escolha é ingrata e releva muitas vezes da pura adivinhação, envolvendo muitos imponderáveis. Quando, há anos, no Sporting, se discutia quem devia ficar, se o Silvestre Varela, se o Yannick Djaló, eu também achei que este último tinha mais potencial e foi o que se viu, Varela triunfou e Djaló ainda anda, infelizmente, para aí perdido.
Como em tudo, não basta ter talento, é preciso saber geri-lo. Toda esta conversa vem a propósito do Iuri Medeiros, faialense de gema, que veio para o Sporting com doze anos. Percorreu todos os escalões da formação, quer no clube, quer nas selecções e agora anda emprestado por Moreira de Cónegos.
Vi-o jogar contra o Porto e confesso que me regalei. Não foi só o golo e a assistência, foi toda a sua movimentação, a sua técnica e a sua postura de armador assumido em campo. Está feito um senhor jogador, muito diferente do miúdo que jogava nos juniores e que, deslumbrado com os seus predicados, não passava a bola a ninguém.
O Sporting tem um triste registo de vender cedo e mal os produtos da sua formação, que agora brilham noutras paragens, como foi o caso do Ilori, do Bruma, do Dier, do Baldé e, para não ser cáustico, fico-me por aqui. Olhem por favor para o Iuri e dêem-lhe a oportunidade que as suas patentes capacidades justificam e merecem. Porque acho que temos homem.
Já por aqui deixei expressa opinião coincidente. Iuri Medeiros deixou de ser o "menino mimado e egoísta", por influência de treinadores a quem teve de prestar contas, em vez de quase pedir contas, de nariz empinado e excesso de vedetismo, como acontecia na Academia Sporting.
Fizeram-lhe bem as "botas cardadas" em Arouca e o realismo táctico e elevado grau de exigência que, sem lhe tocar ao de leve que seja no talento, Miguel Leal agora em Moreira de Cónegos, lhe estará a meter na cabecinha de vedeta.
Está hoje um senhor jogador e todos desejamos que a sua próxima etapa passe por... Jorge Jesus!...
Leoninamente,
Até à próxima