«Foi tudo surpreendentemente simples, cruel, exagerado; ainda o jogo não tinha definido um rumo e já o Manchester City juntara à superioridade moral com que entrou em Alvalade (a melhor equipa do Mundo) a vantagem no marcador, anulando assim uma das armas mais fortes do Sporting – retardar o primeiro golo. Nunca saberemos o que podia ter sucedido mas, do modo como as coisas se passaram, nem dois milagres impediriam os ingleses de impor os seus argumentos, todos eles, individuais e colectivos, superiores ao campeão nacional. Em perspectiva, não foi o primeiro golo, aos 7 minutos, que ditou tão grande desnível, ainda que tenha desenhado o cenário de extrema dificuldades que havia de vitimar a equipa leonina.
O sonho acabou cedo mas o início do descalabro não devia ter implicado consequências tão drásticas. Era suposto que o Sporting, mesmo em desvantagem, complicasse a tarefa ao adversário, se não em termos criativos, em termos defensivos, de acerto na ocupação do espaço, na articulação posicional, no ataque à bola, valores imprescindíveis para, no mínimo, obrigar o City a recorrer ao máximo da excelência dos seus jogadores e da concepção do seu futebol. Mas não, os ingleses limitaram-se a ser seguros, a não cometer falhas nas acções mais básicas, a manter a posse de bola e a aguardar que o adversário fosse acumulando as sucessivas falhas que contribuíram para o avolumar do resultado.
Alvalade não foi assolado por um vendaval de futebol de ataque, habitual quando a inspiração visita as estrelas de Pep Guardiola. Não foi assim que os leões foram aniquilados. Bastou uma brisa mais forte, com nuvens negras que criaram aguaceiros aparentemente inofensivos, para que o Sporting revelasse debilidades anormais. A formação de Rúben Amorim não só não teve antídoto para se resguardar e manter solidez, como aceitou com passividade o seu destino de parceiro menor no embate. E essa foi a grande surpresa da noite, porque muito raramente, em dois anos e meio, os campeões se mostraram tão incapazes, submissos e sem soluções.
Nos primeiros instantes da segunda parte, a feição dos acontecimentos não se alterou. Nem os ingleses abrandaram, nem os portugueses reagiram, pelo que a primeira tendência foi o avolumar do marcador – Bernardo Silva viu ser anulado o quinto golo (50’), que Sterling acabou mesmo por assinar (58’). Foi mais ou menos por essa altura, a cerca de meia hora para o fim, que o duelo se tornou menos intenso e acessível; que o City abrandou o ímpeto de procurar mais golos e o Sporting respirou melhor, reunindo condições para avançar no terreno e acercar-se mais vezes do último reduto adversário. Nos minutos finais, Alvalade ergueu-se e tratou de protagonizar o excepcional momento em que reagiu à goleada, com a compreensão da diferença de capacidade entre as equipas. Os cânticos e aplausos de apoio ampararam os efeitos da goleada. E anunciaram que a esperança no futuro não morreu ali.»
"... Essa foi a grande surpresa da noite, porque muito raramente, em dois anos e meio, os campeões se mostraram tão incapazes, submissos e sem soluções"!...
Estará a faltar aos leões serem habituados por Amorim a comerem a sopinha toda, para crescerem e poderem um dia sonhar em enfrentar os "matulões da Europa", descomplexados e com o mesmo arreganho, firmeza e convição com que vão fazendo, no recato do lar, os "trabalhos de casa"...
Até Amorim, ele próprio, talvez tenha de começar a dar alguma atenção mais, seja na quantidade seja na qualidade...
À sopa que come!...
Leoninamente,
Até à próxima
Chapeau!
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