sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Obviamente que subscrevo !...




O óbvio e o hábito

Durante os últimos anos o Sporting sofreu de excesso de humildade. E as suas baixas expectativas sentiam-se na forma como era tratado pelos adversários, pelas arbitragens ou pelos jornalistas. Não estava ali um candidato a coisa alguma. Talvez merecesse respeito pelo número de adeptos e pela sua história. Não, seguramente, pelos seus dirigentes, que eram os primeiros a desrespeitar a dignidade do clube. Nem pelos seus modestos resultados, que o ano passado atingiram todos os recordes de mediocridade. A coisa chegou a um ponto que, como o Belenenses e Académica, começou a merecer a simpatia complacente de benfiquistas e portistas, derradeiro e insuportável insulto para um adepto carente de ser alvo de inveja e raiva.

Mas a baixa expectativa que existia em relação ao Sporting tinha algumas vantagens. Por não assustar, era por vezes poupado aos ataques mais violentos. Mas, acima de tudo, a pressão sobre jogadores e treinador acabava por ser relativamente baixa. A lendária paciência dos sportinguistas não tem explicações genéticas ou de identidade. Resulta pura e simplesmente de décadas de derrotas e, já agora, da lucidez que 20 anos quase sem títulos não deram aos adeptos do Benfica. Esperava-se pouco e pouco bastava para dar ao faminto sportinguista alguma satisfação. Um bom jogo, uma boa exibição, uma vitória num dérbi e aguentava-se mais um mês de desgraças.

Como o pedinte que descobre uma lotaria premiada, o sportinguista já não está preparado para sonhar alto. Fica assustado com o sucesso iminente. Estar em segundo lugar, a dois pontos da liderança, com cinco vitórias e nenhuma derrota, com o maior número de golos marcados e, com o Porto, menor número de golos sofridos é demais para um adepto do Sporting. Ainda por cima com uma equipa jovem e inexperiente. Perante isto, o sportinguista vive dividido entre o óbvio e o hábito. O óbvio é que é candidato ao título. O hábito é isso nem sequer ser uma possibilidade. Já não consegue repetir que “este ano é que é”. E, bem vistas as coisas, talvez faça bem em manter o excesso de cautela. É devagarinho, silêncio, que por vezes se refaz a glória. Que repitam todos os dias: ainda não vai ser desta!

(Daniel Oliveira, Verde na bola, Jornal Record)
 
 
Como em tantos outros semelhantes, este texto de Daniel Oliveira, sem pruridos ou constrangimentos, reflectirá a verdade nua e crua que hoje vive na mente da grande maioria dos adeptos que constituem a grande nação sportinguista.

Ao contrário do que por aí vão semeando algumas figuras proeminentes dos nossos adversários, o Sporting Clube de Portugal, ainda que com a sua equipa de juniores, não será sempre candidato ao título, coisa nenhuma! E nem mesmo quando afirmações mais razoáveis, não deixam de afirmar o mesmo, embora de forma mais subreptícia, mas onde a intenção não enganará ninguém.

E se todos nós compreendemos os claros objectivos de quem pretende semear uma perniciosa e desmedida euforia, absolutamente sem sentido, entre os adeptos sportinguistas, já o mesmo não se poderá inferir do discurso de outras figuras, estas respirando o mesmo ar que nos vivifica e tem ajudado a superar os maus momentos porque temos passado. Falo de ilustres sportinguistas que começam a fugir ao tom do diapasão por que deveria afinar todo o gigantesco universo leonino.

Percebo, compreendo e relevo a infantilidade de André Carrillo, se bem que a recuse liminarmente e preferisse que o nosso jovem atleta concentrasse todas as suas energias na sua evolução como futebolista de eleição e no aproveitamento integral da oportunidade, porventura derradeira na sua carreira, com que Leonardo Jardim lhe vem acenando.

Já o mesmo não acontecerá quando nos deparamos, dentro das nossas fileiras, com manifestações, embora tímidas, de que o salto que nos é exigido já estará dentro da capacidade das nossas pernas. Que se sinta e viva connosco essa alegre esperança, nada de mais natural e humanamente compreensível. Que a mesma se atire aos ventos sem reserva, prudência e cuidado, parecer-me-á sempre imprudente, contraproducente e muito pouco inteligente.

Leoninamente,
Até à próxima

 

2 comentários:

  1. E tem toda a razão o Daniel Oliveira...

    Mas eu agora só me consigo lembrar da canção da Beatriz Costa no filme "Aldeia da Roupa Branca"...
    E por isso...
    Em homenagem a Paulo Bento aqui fica a letra de uma das canções do filme...:

    "Vem cá mê estipor
    tu tens mais valor
    que muito homem casmurro
    Ê digo-te a ti
    qu'há homens p'ra mim
    mais bestas qu'a ti mê burro"...

    Esta a é a "classificação" que deixo a quem convoca por exemplo ...: Ruben Micael em vez de Adrien...
    E deixa Cedric de fora...escolhendo André Almeida...!!

    Oxalá não te venhas a arrepender...!!

    ResponderEliminar
  2. E arrependeu-se o pulha fretista...

    O Rui acaba por ser o... "menos" culpado... ainda que já se veja a corja a querer diminui-lo

    Ao Daniel Oliveira... a mesma assertividade de sempre...

    SL

    ResponderEliminar