Eu queria estar na festa, pá, co'a tua gente !...

 

Gosto muito de música! De boa música! Melodicamente bem construída e trabalhada e melhor se os executantes tiverem o talento suficiente para me transmitirem, tanto o momento de alma do compositor na sua criação, quanto os seus próprios sentimentos no momento da execução.

 

Prefiro por isso deixar que os meus ouvidos se impressionem perante um qualquer talentoso executante de rabeca, que os deixar aturdidos com o som divino de um "stadivarius", adulterado pelas mãos de um mau executante. Do mesmo modo que sempre recusei os temas repetitivos e sem arte do folclore luso e a música "pimba" a metro dos nossos dias. Seja clássica ou contemporânea, sempre hei-de gostar de música que não me agrida os ouvidos e me penetre na alma.

 

Vem isto a propósito de me parecer ter ouvido ali por Alvalade, vindo de um qualquer camarote leonino, uma presumida partitura de um presumido compositor, investido de executante ainda mais presunçoso. Chama-se a obra em apreço, Auditoria de Gestão: para que fim?

 

Não me merece "a obra", o mínimo de contraditório, de tal modo a sua substância denuncia o perfil e os objectivos do seu compositor. Mas cumpre-me, como sportinguista, a obrigação da sua denúncia. Trata-se de uma "opereta bufa", melodicamente situada entre o movimento saloio "pimba" e o fatalismo desgraçado de um fado ultrapassado, cujo argumento denuncia o ciúme do autor, qual marido enganado, cuja companheira o terá trocado por um grande amor e que agora se revela incapaz de compreender, tanto a felicidade de quem o abandonou, quanto a sua incompetência e os erros próprios que terá cometido.

Mas o meu espírito solidariamente sportinguista, impele-me a desafiar o "autor de tão ultrapassada cantoria", a tentar apanhar o combóio do futuro, quem sabe se comungando da alegria de Chico Buarque de Holanda, perante uma "outra revolução" que já passou por cá. É que para ser feliz, quantas vezes um pequeno passo será suficiente?!... 

 

Leoninamente,

Até à próxima