Plata na rota do ouro
«Foi na íngreme rua L, nos subúrbios de Guaiaquil, a maior cidade do Equador, que cresceu Gonzalo Plata. No meio de complexidades financeiras evidentes, até porque o progenitor desamparou a mãe e os cinco filhos quando Gonzalo tinha poucos meses de vida. Chamavam-lhe, desde muito pequeno, o Diabinho. Os vastos repertórios de diatribes eram concebidos atrás do desígnio de vir a ser futebolista profissional. Na rua, por entre nuvens de pó, metamorfoseava tudo numa bola de futebol. Fosse uma carica, uma pedrinha ou uma lata desprezada. Mais tarde, quando o couro ainda era uma miragem para o parco orçamento familiar, o esférico era constituído por papel arrancado do interior dos cadernos escolares.
A primeira aventura no futebol aconteceu, pouco depois dos 5 anos, no Rocafuerte, um clube local que procurava jovens talentos. O receio que a mãe Mónica Jiménez não autorizasse a experiência levou-o a fugir de casa com a guarida de um vizinho. A inusitada habilidade e desenvoltura com a bola, à qual juntou três golos, cativaram os treinadores que convenceram a progenitora a não o castigar por mais uma diatribe e a aceitar que fosse incorporado nas camadas jovens do clube. Mesmo que isso a obrigasse a transportá-lo todos os dias aos treinos, sempre com o receio de que não lesasse os estudos. Algo que o guiaria posteriormente à Academia de Alfaro Moreno, que lhe proporcionou a oportunidade de estudar num dos melhores colégios da cidade, onde, curiosamente, trajava uma indumentária verde e branca, e à Escola de Futebol Metropolitana de Guaiaquil, antes de se transferir, com apenas 12 anos, ao Independiente del Valle, o que implicou que Gonzalo se mudasse para Sangolquí, na região metropolitana de Quito, a mais de quatro centenas de quilómetros de casa. Estava dado o passo decisivo para alcançar o sonho de ser futebolista profissional ao ingressar no clube que mais talentos tem revelado no Equador na última década.
As excelentes prestações ao serviço das camadas jovens do Negriazul, com presença em alguns torneios internacionais em que causou impacto, chegaram a colocá-lo precocemente na rota do Tottenham. Mas Platita soube esperar. Tornar-se-ia em referência nas selecções jovens equatorianas, ao mesmo tempo que brilhou a grande escala na Libertadores Sub20 de 2018 (vice-campeão), o que colocou o Barcelona na sua rota, tornando inevitável a estreia pela equipa principal com 17 anos, 9 meses e 5 dias pelas mãos do técnico espanhol Ismael Rescalvo. Só que nem a paixão assolapada por Messi o convenceu a rumar à La Masia, pois não pretendia actuar no terceiro escalão do futebol espanhol ao serviço da formação secundária. É aí que entra a sagacidade e a agilidade do departamento de scouting do Sporting, capaz de detectar o talento, perceber o que pretendia (ser opção na equipa principal), e colocá-lo na rota dos leões, o que se concretizou no Chile, durante o Sul-Americano de Sub20, competição que o Equador venceria, permitindo que, meses mais tarde, alcançasse um brilhante 3.º lugar no Mundial da categoria disputado na Polónia, onde Gonzalo Plata foi eleito como 3.º melhor jogador da competição.
Extremo canhoto, mais talhado para actuar a partir do corredor direito, de forma a perscrutar os seus dilacerantes movimentos em diagonal para zonas de criação e de finalização no espaço interior, sobressai pela velocidade e capacidade de aceleração, conjugando uma passada larga com argumentos interessantes de ordem física, que tem vindo a desenvolver. Além disso, é extremamente móvel e agressivo a atacar os espaços vazios, não se inibindo de assumir acções de desequilíbrio, o que o leva a buscar, de forma destemida, o um contra um, até porque possui um repertório muito interessante de dribles ziguezagueantes. Se é certo que poderá melhorar a tomada de decisão, pois acusa, em alguns momentos, excessos de precipitação, surpreende pela contundência do seu remate com o pé esquerdo – em bola corrida e em bola parada – e mostra-se capaz de oferecer algumas assistências para situações de finalização através de cruzamentos e de passes, aspecto que ainda pode burilar de forma a ganhar maior estabilidade, o mesmo acontecendo em relação ao seu contributo defensivo...»
(Rui Malheiro, Futebol Total, in Record, hoje às 20:12)
«Foi na íngreme rua L, nos subúrbios de Guaiaquil, a maior cidade do Equador, que cresceu Gonzalo Plata. No meio de complexidades financeiras evidentes, até porque o progenitor desamparou a mãe e os cinco filhos quando Gonzalo tinha poucos meses de vida. Chamavam-lhe, desde muito pequeno, o Diabinho. Os vastos repertórios de diatribes eram concebidos atrás do desígnio de vir a ser futebolista profissional. Na rua, por entre nuvens de pó, metamorfoseava tudo numa bola de futebol. Fosse uma carica, uma pedrinha ou uma lata desprezada. Mais tarde, quando o couro ainda era uma miragem para o parco orçamento familiar, o esférico era constituído por papel arrancado do interior dos cadernos escolares.
A primeira aventura no futebol aconteceu, pouco depois dos 5 anos, no Rocafuerte, um clube local que procurava jovens talentos. O receio que a mãe Mónica Jiménez não autorizasse a experiência levou-o a fugir de casa com a guarida de um vizinho. A inusitada habilidade e desenvoltura com a bola, à qual juntou três golos, cativaram os treinadores que convenceram a progenitora a não o castigar por mais uma diatribe e a aceitar que fosse incorporado nas camadas jovens do clube. Mesmo que isso a obrigasse a transportá-lo todos os dias aos treinos, sempre com o receio de que não lesasse os estudos. Algo que o guiaria posteriormente à Academia de Alfaro Moreno, que lhe proporcionou a oportunidade de estudar num dos melhores colégios da cidade, onde, curiosamente, trajava uma indumentária verde e branca, e à Escola de Futebol Metropolitana de Guaiaquil, antes de se transferir, com apenas 12 anos, ao Independiente del Valle, o que implicou que Gonzalo se mudasse para Sangolquí, na região metropolitana de Quito, a mais de quatro centenas de quilómetros de casa. Estava dado o passo decisivo para alcançar o sonho de ser futebolista profissional ao ingressar no clube que mais talentos tem revelado no Equador na última década.
As excelentes prestações ao serviço das camadas jovens do Negriazul, com presença em alguns torneios internacionais em que causou impacto, chegaram a colocá-lo precocemente na rota do Tottenham. Mas Platita soube esperar. Tornar-se-ia em referência nas selecções jovens equatorianas, ao mesmo tempo que brilhou a grande escala na Libertadores Sub20 de 2018 (vice-campeão), o que colocou o Barcelona na sua rota, tornando inevitável a estreia pela equipa principal com 17 anos, 9 meses e 5 dias pelas mãos do técnico espanhol Ismael Rescalvo. Só que nem a paixão assolapada por Messi o convenceu a rumar à La Masia, pois não pretendia actuar no terceiro escalão do futebol espanhol ao serviço da formação secundária. É aí que entra a sagacidade e a agilidade do departamento de scouting do Sporting, capaz de detectar o talento, perceber o que pretendia (ser opção na equipa principal), e colocá-lo na rota dos leões, o que se concretizou no Chile, durante o Sul-Americano de Sub20, competição que o Equador venceria, permitindo que, meses mais tarde, alcançasse um brilhante 3.º lugar no Mundial da categoria disputado na Polónia, onde Gonzalo Plata foi eleito como 3.º melhor jogador da competição.
Extremo canhoto, mais talhado para actuar a partir do corredor direito, de forma a perscrutar os seus dilacerantes movimentos em diagonal para zonas de criação e de finalização no espaço interior, sobressai pela velocidade e capacidade de aceleração, conjugando uma passada larga com argumentos interessantes de ordem física, que tem vindo a desenvolver. Além disso, é extremamente móvel e agressivo a atacar os espaços vazios, não se inibindo de assumir acções de desequilíbrio, o que o leva a buscar, de forma destemida, o um contra um, até porque possui um repertório muito interessante de dribles ziguezagueantes. Se é certo que poderá melhorar a tomada de decisão, pois acusa, em alguns momentos, excessos de precipitação, surpreende pela contundência do seu remate com o pé esquerdo – em bola corrida e em bola parada – e mostra-se capaz de oferecer algumas assistências para situações de finalização através de cruzamentos e de passes, aspecto que ainda pode burilar de forma a ganhar maior estabilidade, o mesmo acontecendo em relação ao seu contributo defensivo...»
(Rui Malheiro, Futebol Total, in Record, hoje às 20:12)
Calma, nada de precipitações com este "minino"! Um passo de cada vez, imitando, exactamente, aquilo que o seu 'prodigioso sexto sentido' lhe tem dito para fazer e, descaradamente, parece estar a fazer! Ainda com apenas 19 anos, completados há cerca de quatro meses, "Platita" parece muito seguro do seu caminho. Assim os responsáveis leoninos também mostrem essa segurança! Que se mostrem à altura da escolha que ele fez: o Sporting!...
O primeiro passo, para "mea culpa" desses responsáveis que já tiveram tempo suficiente para perceberem o diamante que têm nas mãos, já veio escarrapachado em grandes parrangonas nos jornais! Errado! Só deveria surgir depois do passo ser dado. Mas parecem andar todos a dormir!...
Os passos seguintes passam por um acompanhamento sério e competente de quem tiver o privilégio de o treinar. E Jorge Silas, parece-me, já terá começado aos tiros nos pés do adolescente. Pois se até não se poupa aos tiros nos seus próprios pés, que admiração se os distribui por quem deveria ter obrigação de proteger?!...
No Sporting parece ser tudo demasiado verde!...
Leoninamente,
Até à próxima
Tem futebol.Algumas semelhanças com o nosso Gelson Martins. Poderá ser um excelente jogador. Agora é humildade e nada de deslumbramento.
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