«A renovação de Rúben Amorim e a caminhada do Sporting para o título dão corpo a um dos mais representativos acontecimentos do futebol português nos últimos anos. Simbolizam a consolidação do regresso do clube a uma situação de normalidade, depois de anos a viver em estado permanente de anomalia e de caos, até chegar ao ponto de ter numa claque o mais expressivo dos poderes informais internos. Com enorme e decisiva influência, diga-se, sobre os poderes formais do clube, em particular a sua direcção, quando era liderada por Bruno de Carvalho.
A continuação da aposta em Rúben Amorim significa que está soldada uma das fissuras que, até há pouco tempo, pairava sobre a presidência de Frederico Varandas, e que era a sua contratação ao Braga por um valor considerado excessivo para um treinador nas suas condições.
Se hoje a sua valorização se mede ainda por parâmetros de alguma subjectividade, ainda que a cláusula de rescisão tenha sido fixada em 20 milhões, é evidente que, daqui por poucas semanas, a concretizar-se o triunfo na Liga, o seu valor será mensurável por resultados concretos. E, aí, se poderá falar também, com toda a propriedade, na afirmação definitiva de uma gestão que resgatou o Sporting, um dos grandes, de um futuro sinistro, feito de maus resultados desportivos, de indecência cívica e de grande opacidade financeira no negócio das transferências.
Um Sporting a ombrear com os maiores, tanto no plano interno como internacional, com os pés assentes no chão e na sua capacidade de gerar valor a partir da formação, é uma boa notícia para o futebol português. O mesmo se diga para o Sp. Braga. Torna-o mais competitivo, mais democrático, no sentido em que a diversidade de liderança desportiva é melhor do que a eterna concentração da luta pelo título em apenas dois clubes.
Resta saber se, após a pandemia, os clubes conseguem criar um modelo de gestão mais sério, mais transparente, menos assente na criação de esquemas criminosos de compra e venda de jogadores apenas para potenciar comissões e falsear a verdade desportiva. Se conseguirem, talvez isso devolva alguma pureza a um desporto-rei tão necessitado dela e tão viciado em esquemas tribalistas fora e dentro do campo. Em que uns cantam a canção do bandido e outros cospem para o chão que os adversários pisam.»
Faltará ainda "a concretização do triunfo na Liga", numa vereda estreita, pedregosa e muito, muito perigosa! Mas há vitórias que já ninguém nos tira. E a mais importante será...
O respeito e a admiração da gente de bem!...
Leoninamente,
Até à próxima
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