Por todos nós
«Há quase dois meses que temos a vida em suspenso. Em nome das nossas vidas e das vidas dos outros. Têm sido dias difíceis, muitíssimo difíceis. Talvez ainda mais por causa da incerteza sobre o futuro. Foi-nos tirada a liberdade. Foi-nos proibido fazer planos. Foi-nos congelado o presente em nome de um futuro que desconhecemos. Não sabemos quando poderemos andar livremente pela rua sem procurar o lado do passeio menos ocupado. Ou assistir a um concerto, beber uma cerveja num tasco à pinha, abraçar um desconhecido num estádio de futebol. Pequenas coisas às quais, pensamos agora, devíamos ter dado sempre um grande valor.
Aqui no Record, na redacção e em casa, não somos diferentes. Temos as nossas angústias, sofremos com o confinamento que nos roubou leitores e receitas, e não sabemos como será o futuro. Mas não somos indiferentes. Nunca seremos indiferentes. E em tempos tão difíceis não nos esquecemos do único propósito da nossa existência: servir quem nos lê. Sem esses milhões desse lado, não existimos, somos desnecessários. É a pensar em quem nos lê que oferecemos uma máscara de protecção a todos os que comprarem a edição de hoje. Um gesto simples, um pequeno grão de areia na vida de cada um, mas que simboliza todo o nosso respeito por quem nos é mais importante: os leitores.»
(in jornal Record, hoje às 00:31)
Dias difíceis. Muitíssimo difíceis. É verdade. Para todos!...
Em apenas dois meses o mundo mudou. Virou de pernas para o ar. E não nos terá sido tirada apenas a liberdade. Nem proibido fazer planos. Nem congelado o presente em nome de um futuro que depois ninguém se atreve a prever...
Tiraram-nos as razões e a alegria de viver. Obrigaram-nos a deixar escapar por entre os dedos das mãos quase tudo o que nos fazia felizes: contar anedotas e rir, beber a bica com os amigos e chamar nomes feios à mãe do árbitro que roubou o nosso Sporting, comprar e ler jornais, ir ao cinema, ao teatro, aos concertos e... ao futebol: "bende lá bosmessês" o raio que o parta, que quase destruiu as nossas vidas!...
Tanta coisa por fazer! E tanto tédio! E medo! E impotência! E raiva!...
Há dois meses que não corto o cabelo. Já nem sei que volta hei-de dar a este bosque de lã que se instalou na minha cabeça. Já esgotei todas as dicas culinárias para ajudar a companheira nas intermináveis ementas diárias, sem a poder convidar para o mais frugal dos almoços e jantares, por aí, bom ou mau, longe ou perto, seja lá o restaurante que for...
Já não ligo há dois meses o televisor especial, pessoal e privativo, ao serviço exclusivo dos desportos e do futebol que adoro. Nem vejo um jogo do meu grande amor, o Sporting Clube de Portugal!...
Há dois meses que não consigo dormir uma noite serena e tranquila. Voltas e mais voltas entre os lençóis e a incomodar quem culpa não tem. Cochilo e bocejo durante o dia e as noites são hoje verdadeiros e tumultuosos infernos de pensamentos...
Que puta de vida. Porca miséria!...
E nunca mais amanhece!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
A vida ás vezes prega-nos grandes partidas...o texto é muito bom,é praticamente o meu dia a dia...o tema é triste,mas verdadeiro,pode ser que um dia destes nos encontremos para beber uma cerveja,ou um café! Não há mal que sempre dure...e vírus que não acabe! Boa tarde! SL
ResponderEliminarNão vejo a hora, caro Fernando! Seria uma oportunidade de ouro para 'vingarmos' todas as agruras de hoje! Que prazer eu terei nesse dia!!!...
EliminarBoa tarde, um abraço e SL