segunda-feira, 3 de março de 2014

Será que assistiremos ao 4º milagre de Fátima?!...

Carlos de Deus Pereira

O futebol português será, hoje por hoje, um nó, complexo e muito difícil de desatar, porventura uma réplica daquele com que o camponês Górdio, inusitado e profeticamente revelado e entronizado rei da Frígia, deixou amarrada a uma coluna do templo de Zeus,  a carroça  que lhe dera o trono, tão impossível de desatar que só 500 anos depois Alexandre o Grande, terá encontrado a solução, recorrendo ao gume afiado da sua espada.

Não sei se alguns daqueles que me dão o privilégio de ler o que por aqui vou deixando, terá tido a oportunidade e a curiosidade de ler a extensa entrevista que Carlos Eduardo de Deus Pereira, presidente da MAG da LPFP, concedeu ontem ao jornal A Bola. Mas depois de o ter feito com curiosidade e atenção, vi reduzido consideravelmente o grau de optimismo que me animava e me fazia adivinhar o desatar próximo de tão excomungado nó, a que o futebol português parece estar amarrado à coluna do imobilismo.

Diz Carlos de Deus Pereira, sobre os sucessivos três pedidos de convocação de uma AG tendente à destituição de Mário Figueiredo:

"... O que está em causa? A destituição do presidente. É possível destituí-lo? É. E digo isto porque os estatutos o prevêem. [...] Desde que haja justa causa e desde que ela seja fundamentada. [...] Os estatutos obrigam a que pelo menos sete clubes, reúnam as condições para pedir a assembleia, mas nas duas primeiras vezes isso não se cumpria. Na terceira vez, sob o ponto de vista formal, não há nada a apontar, e portanto há que discorrer sobre se é lícito ou não convocar a assembleia. Em principio e por regra, o presidente da MAG deve convocá-la. Mas há excepções e muitas. Desde logo esta questão da destituição do presidente, que só é possível de ela for fundamentada e houver justa causa. Estes dois pormenores obrigam a um raciocínio diferente, de modo a que não se possa considerar como automática a situação de receber o requerimento e convocar a assembleia. O presidente da MAG tem de verificar os fundamentos, não tem de verificar se há justa causa, isso pertence à assembleia. Eu tenho de verificar é se os fundamentos estão ou não de acordo com a lei. Eu achei que não estavam, por isso não fiz a convocatória. Basta ir aos estatutos da Liga e ver quais são as atribuições do orgão unipessoal presidente. É que a maior parte dos factos apostos no requerimento e que constituem fundamento, têm a ver com a Comissão Executiva, e não foi pedida a destituição da Comissão Executiva, foi pedida a destituição do presidente." .

Sobre Pinto da Costa ter aparecido a assumir publicamente, a sua oposição a Mário Figueiredo, Carlos de Deus Pereira é sucinto, claro e preciso:

Já faz oposição há algum tempo, agora assumiu-se publicamente, porque o Porto vai em 3º lugar.".

Indagado sobre  se a reunião agendada para dia 7 de Março em Fátima, pode mudar alguma coisa, afirmou convicto:

"Nao. E porque os objectivos são díspares. Sabe, eu olhei para o anfiteatro da última reunião na Liga e só pelas posições que os representantes dos clubes ocupavam, eu percebi logo tudo. Em Fátima, vamos ter um Sporting brilhante, inovador, cheio de boa vontade, um Benfica a pensar que alguém vai dar uma bordoada no sistema e rebentar com tudo... Quando se olha para os programas de futebol e se vê, em uníssono, todos os comentadores admirados por terem visto um árbitro da AF Porto, marcar um penalty contra o Porto, como se isso fosse uma anormalidade, que posso dizer?! A reunião de Fátima vai discutir a apostas desportivas, as apostas na internet que valem milhões? Vai discutir o futebol e os seus problemas? Ninguém vai discutir isso, de Fátima vão sair 17 nomes, para futuros presidentes e Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, vai sair a falar sózinho.".

Finalmente, abordando a iminente tomada de posição da Autoridade para a Concorrência, sobre os direitos televisivos e sobre se essa posição implicará mexidas no mercado, Carlos de Deus Pereira não teve dúvidas:

"Acho que sim. Esta violência contra Mário Figueiredo, implica desde logo que a decisão não pode ser senão uma. O que se pretende controlar já não é a decisão, são os danos ou não que ela possa vir a provocar no mercado do futebol. Se quando sair a decisão, Mário Figueiredo lá estiver, vai ser uma confusão para quem detém o negócio, se estiver lá outra pessoa que não seja Mário Figueiredo, a coisa pode ser controlada.".

Embora reconhecendo o quão cristalina e lúcida me pareça ser a análise de Carlos de Deus Pereira, e pese embora todo o meu convicto agnosticismo, terei que vos expressar aqui, a minha firme esperança de que, no meio do terrível "ensaio sobre a cegueira" que possa ser prognosticado para a reunião de Fátima, o futebol português, consubstanciado por aqueles que ainda acreditam na sua regeneração, possa assistir, e que perdoem os fundamentalistas católicos, ao 4º milagre de Fátima!...

Leoninamente,
Até à próxima

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