segunda-feira, 10 de setembro de 2018

O som do silêncio!!!...



O Som do Silêncio

Olá escuridão, minha velha amiga
Vim de novo conversar contigo
Porque uma arrepiante e suave visão 
Deixou sementes enquanto eu dormia
E aquilo que plantou na minha mente 
Ainda permanece
Dentro do som do silêncio.

Em sonhos agitados andei sozinho
Por estreitas ruas de pedra
E sob a luz de um candeeiro
Levantei a gola da lapela pelo frio e humidade
Quando os meus olhos se viram apunhalados 
Pelo brilho de uma luz de néon
Que rachou a noite
E tocou o som do silêncio.

E na luz nua eu vi
Dez mil pessoas, talvez mais
Pessoas falando sem falar
Pessoas ouvindo sem ouvir
Pessoas escrevendo canções
Que nenhuma voz partilhou
E ninguém se atreveu
A perturbar o som do silêncio.

Tolos, disse eu, que não sabem
Que o silêncio cresce como um cancro.
Ouve estas palavras para que eu te possa ensinar
Toma os meus braços para que te possam abraçar
Mas as minhas palavras, caíram como gotas de chuva silenciosas
E ecoaram nos poços do silêncio.

E as pessoas se curvaram e rezaram
Ao deus neon que eles criaram
E os sinos tocaram a rebate
Com palavras que estavam nascendo
E o sinal dizia 
As palavras dos profetas estão escritas nas paredes do metro
E nos corredores dos cortiços humanos
E sussurram o som do silêncio.

Bem mais de meio século nos separa de Fevereiro de 1964, quando Paul Simon, na sequência do assassinato de John F. Kennedy em 1963, terá escrito e composto, aquela que porventura constituirá a sua obra prima e que, com Art Garfunkel, haveriam de colocar no coração e na memória do mundo para todo o sempre.

A mensagem de Simon, ao longo de todo este tempo, tem sido objecto das mais diversas interpretações e que ninguém pretenda retirar da tradução literal das suas palavras o melhor e mais correcto sentido. A sua universalidade permite hoje, simultaneamente, entendê-la tanto como um violento ataque ao silenciar do todo o mal perpetrado pelos homens à escala global, quanto à apologia de um redentor silêncio capaz de reduzir a cinzas uma galopante e contagiante demagogia que nos rodeia, assalta, confunde, corrói e destrói!...

Ora será exactamente no contexto desta segunda e importante vertente, que vejo actualmente inserida toda a vida colectiva da grande nação leonina,  a requerer por parte de todos nós, sportinguistas, desde o topo até à base da imponente pirâmide  que sempre fomos, somos e desejamos continuar a ser, uma imperiosa e consciente adopção da única arma capaz de levar de vencida essa factual e terrífica onda de "galopante e contagiante demagogia que - diária e pretensamente! -, nos rodeia, assalta, confunde, corrói e destrói"!...

Será hora para que as paredes de Alvalade, escorrendo gotas de suor do urgente e ciclópico trabalho a desenvolver, apenas sussurem...

O som do silêncio!!!...

Leoninamente,
Até à próxima

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