domingo, 10 de junho de 2018

Todos levam o passo trocado!...


TOMÁS AIRES: «A BRUNO DE CARVALHO SÓ FALTA EMBIRRAR COM O LEÃO»

Vice-presidente na era Sousa Cintra, colaborou com o actual líder no seu primeiro mandato

«Vice-presidente na era Sousa Cintra, colaborou com Bruno de Carvalho no seu primeiro mandato. Hoje, identifica uma personalidade alterada que se virou contra jogadores e equipa técnica.

RECORD - Qual é, na sua perspectiva, a solução para o impasse criado no Sporting?

TOMÁS AIRES – A situação criada tem responsáveis. Não estava tudo bem e, de repente, o problema aconteceu. Foi o acumular de várias situações que culminaram no trágico episódio em Alcochete. Na minha opinião, se Bruno de Carvalho fosse a pessoa que eu conheci, face ao clima que se instalou, devia apresentar a demissão e recandidatar-se, porque se colocou numa situação em que os sócios não compreendem determinadas atitudes.


R - A que atitudes se refere?

TA – Ele sempre se gabou de ser um presidente-adepto e eu não via nisso um grande defeito. O problema é que, quando sucederam os dramáticos acontecimentos de Alcochete, em vez de aparecer o presidente-adepto, apareceu o presidente-estadista, com calma de mais face àquilo que aconteceu. Como é possível que o presidente, que diz gostar tanto dos adeptos e faz disso um ponto de honra, não tenha compreendido que esses adeptos gostariam que o presidente tivesse mandado colocar a bandeira do clube a meia haste?

R - Encontra alguma razão para Bruno de Carvalho não o ter feito?

TA – Não encontro razão e, por isso, digo que aquilo que os adeptos sportinguistas achariam normal era que o presidente tomasse essa posição e não que utilizasse frases que eu não quero repetir, mas toda a gente criticou, porque ele desvalorizou a gravidade do que aconteceu.

R - Teve, em tempos recentes, boa relação com Bruno Carvalho. Por isso a pergunta: há uma alteração radical no comportamento do presidente do Sporting?

TA – Por aquilo que conheço de Bruno de Carvalho, acreditava que ele já se teria demitido. E recandidatava-se. Os motivos pelos quais não o fez, desconheço em absoluto. Mas, atenção, o Bruno de Carvalho que eu conheci nada tem a ver com o Bruno de Carvalho que agora vejo a tomar estas atitudes na televisão. Aliás, há um grande apoiante de Bruno de Carvalho, que o defendeu em situações que, em minha opinião, não o deveria ter defendido, o José Eduardo, que há dias disse aquilo que eu subscrevo integralmente: ‘É outro Bruno de Carvalho, aquele que hoje está no Sporting’.

R - Subscreve essa opinião?

TA – Subscrevo, porque aquele Bruno de Carvalho que eu conheci e com o qual convivi não é este. Tenho alguma pena que ele se tenha modificado, colocando-se na posição daquela senhora que foi ao juramento de bandeira do filho e, quando iam todos a marchar, ela comentou: ‘O meu filho vai a marchar tão bem. Que pena todos os outros irem com o passo trocado’. Custa-me ver tantos sportinguistas a darem-lhe bons conselhos e ele não os aceitar.

R - Até quando vai manter-se esta indiferença do presidente do Sporting em relação a esses conselhos? Até que uma assembleia geral de destituição…

TA – Essa assembleia já não irá acontecer, por falta de tempo. Relativamente a esse assunto, os tribunais decidiram : Marta Soares é o presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting. A marcação da assembleia foi feita correctamente, de acordo com os estatutos. Já antes desta decisão, num programa televisivo, um sócio do Sporting, Bernardo Ayala , explicara com objectividade e clareza o que o tribunal veio agora confirmar. Mais uma vez, Bruno de Carvalho interpreta esta decisão de maneira diferente. É surrealista a invenção de umas reuniões de sócios, a que ele chama assembleias gerais, que não têm qualquer significado e tudo o que lá for deliberado vale… zero. Não existem. As pessoas que se prestem a fazer parte destes pseudo-órgãos sociais nunca poderão dizer que pertenceram aos órgãos sociais do Sporting.

R - Tem mesmo a convicção de que a assembleia geral de destituição, promovida por Jaime Marta Soares, não vai ter lugar?

TA – Sim, por responsabilidade do Conselho Directivo, que não disponibilizou as condições para que ela se realize. Mas, seja no dia 23 de Junho seja noutro dia qualquer, gostaria que o ponto um da ordem de trabalhos, para analisar o ponto de situação do clube, fosse retirado. Ora, o ponto de situação do clube, com as conferências de imprensa que Bruno de Carvalho tem dado, com as sessões de esclarecimento que já fez pelo país todo e por tudo aquilo que ele e os elementos do Conselho Directivo têm vindo a explicar aos sócios, não se justifica. A haver essa assembleia geral, o primeiro ponto não tem razão de ser. Portanto, seria apenas uma assembleia com um único ponto: a revogação dos mandatos dos órgãos sociais em funções.

R - É um desfecho inevitável?

TA – Eu gostaria que Bruno de Carvalho ainda ponderasse a hipótese de apresentar a demissão, tendo em conta o movimento dos sócios… A haver uma assembleia – e eu não a desejava nem a 23 nem noutra data qualquer –, o que eu desejava era que Bruno de Carvalho não se sujeitasse a esse escrutínio. Por ele e pelo Sporting. Se isso vier a acontecer… Meu querido Sporting, que vergonha!

R - Era a forma de ele deixar o cargo com dignidade?

TA – Com dignidade… Eu não gostaria de ver uma assembleia de destituição de Bruno de Carvalho. Depois das coisas positivas que ele fez no Sporting, eu não gostaria de vê-lo passar por isso. Não gostava, apesar de, nos últimos tempos, ele ter estragado aquilo que construiu.

R - Preferia que ele fosse recordado como o presidente que construiu o pavilhão e relançou as modalidades, por exemplo, do que como o líder que foi ‘expulso’ numa assembleia geral?

TA – O que eu gostaria era que Bruno de Carvalho fosse recordado como a pessoa que introduziu no Sporting uma dinâmica que se estava a perder um pouco, nos anos que antecederam a sua eleição. E foi por isso que ele ganhou. Porque os sócios entenderam que era melhor para o clube uma pessoa com outro tipo de dinamismo. E ele conseguiu isso. No primeiro mandato. O que me faz confusão é ele, nestes últimos tempos, à revelia dos estatutos e da própria assembleia geral, estar a prolongar este verdadeiro PREC [Processo Revolucionário em Curso] sportinguista. Uma pessoa que abandona a sua actividade profissional, que abandona as suas empresas para se dedicar em exclusivo ao Sporting, tem de gostar muito do clube…

R - Tanto, que não admite sair?

TA – É isso que as pessoas questionam. Porque é que não dá a possibilidade aos sócios – que demonstraram várias vezes que gostam da liderança dele – de expressarem a sua opinião? No primeiro mandato, que foi positivo, não havia praticamente ninguém que questionasse a liderança de Bruno de Carvalho. Se a contestação surge agora, alguém tem de ser responsável. Não foram os sócios que mudaram. Houve uma mudança da parte dele para que agora os sócios façam esses movimentos de contestação. Parece mais teimosia do que amor ao clube.

R - Essa mudança do comportamento é assim tão notória?

TA – Ele começou por embirrar com todas as entidades que superintendem o futebol, depois com os adeptos, a seguir com os sócios, com os jornalistas, com os grupos do Sporting, como os Cinquentenários, os Stromp ou os Leões de Portugal – tentando dissolvê-los com uma alteração estatutária – e, quando já não tinha ninguém para embirrar, embirrou com os jogadores e com a equipa técnica. Agora, só lhe falta embirrar com o leão!»
(Entrevista conduzida pelo jornalista João Lopes, publicada hoje por Record às 16:42)

Todos os indicadores apontam para que Tomás Aires também esteja em "burnout"! Todos os sportinguistas que, por infelicidade, pensem pela sua cabeça e reajam aos impulsos do "coração de leão" que neles existe e sempre existiu, estarão todos, sem excepção, em "burnout"!...

Todos levam o passo trocado!...

Leoninamente,
Até à próxima

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