sábado, 1 de outubro de 2022

"Mais do mesmo"!!!...


Nenhum poder deve ser eterno

A BOLA - Editorial em 30.09.2022 07:20
Por Vítor Serpa

«Termino hoje a minha já muito longa missão de director do jornal A BOLA. Mais de trinta anos depois de ter assumido o cargo. É consequência de uma decisão consciente que tomei há cinco anos. Queria despedir-me desta função, que muito me orgulhou, nas bodas de prata da minha direcção, porém, circunstâncias várias e uma tão inesperada quanto devastadora pandemia levaram-me, a mim e à administração deste jornal, a encontrar um momento mais oportuno, após uma fase de transição durante a qual fui entregando as responsabilidades executivas.

Amanhã este jornal terá no alto da primeira página o nome de João Bonzinho, a quem desejo, sinceramente, as maiores felicidades. É um grande jornalista, um Homem de A BOLA, com longa carreira e provas dadas à frente da direcção de informação de A BOLA TV.

Agradeço a todos os que ao longo dos últimos trinta anos comigo trabalharam naquele que é o maior e o melhor jornal desportivo do País. Agradeço a todos os agentes desportivos, em especial atletas e treinadores, que me ofereceram uma dimensão real deste fantástico mundo do desporto. Agradeço à minha família, a quem roubei tantas horas, dias, meses e anos de convívio. Agradeço à administração deste jornal que em mim confiou todos estes anos. Agradeço, muito especialmente, aos leitores do jornal, que pelo mundo inteiro mantêm vivo o prestígio de A BOLA.

Continuarei como sempre fui, ao longo de toda a minha vida profissional, um jornalista e aqui continuarei também a escrever, enquanto me acharem útil. Como devem calcular, foi uma decisão difícil mas tomada com a convicção do exemplo de que ninguém, seja em que sector for, se deve eternizar no poder, qualquer que ele seja. Os novos tempos requerem novos protagonistas, novas ideias e novas gerações comprometidas com o futuro e capazes de dominar os colossais avanços tecnológicos que se verificaram, sobretudo, no mundo da comunicação.

Hoje A BOLA já não é apenas o grande e histórico jornal nascido em Janeiro de 1945. É uma marca insubstituível na área diversa da comunicação portuguesa, onde se juntam várias plataformas que urge desenvolver.

Os jornais vivem uma crise generalizada e, em Portugal, o problema é, mesmo, o da sobrevivência. Porém, não sou pessimista quanto ao futuro. Existem razões objectivas para acreditar, a primeira das quais é a qualidade da nossa equipa. Continuaremos juntos na luta pelo sucesso e na convicção de que continuaremos a ter a preferência dos leitores.»

A paixão! - Editorial de João Bonzinho
A BOLA  em 01.10.2022 08:00
Por João Bonzinho

«A BOLA. Assim mesmo, escrita em cinco letras mágicas, como lhes chamava o saudoso Vítor Santos, o eterno chefe de redacção impulsionador da maior ‘bíblia’ do desporto português, sob orientação de quem tive ainda a honra de trabalhar, eu que aqui cheguei, ao 23 da Travessa da Queimada, ao Bairro Alto, no primeiro dia de Março de 1989, já lá vão quase 34 anos.

A BOLA. Primeiro um sonho, depois a paixão. Tornei-me jornalista desta casa a uma quarta-feira, recebido pelo Vítor Serpa, que já conhecia e admirava e com quem tinha partilhado bons momentos, ano e meio antes, numa viagem a Innsbruck, capital do estado austríaco do Tirol, quando ambos acompanhávamos a equipa de futebol do Sporting em mais uma jornada das competições europeias, obviamente sem sonhar que, ano e meio depois, estaria a trabalhar a seu lado, na mesma redacção do maior, mais marcante, histórico, desafiante e apaixonante jornal desportivo português.

A BOLA. Sim, uma referência do jornalismo, mas também uma referência na vida social e cultural do nosso País. A BOLA. Sim, assim mesmo, tão pequena no nome e tão gigante no legado de mais de 75 anos de história. Enorme orgulho, evidentemente, por suceder a Vítor Serpa no cargo de Director do jornal, que passo a acumular com a direcção de informação de A BOLA TV. Espero honrá-lo (e honrar a sua dimensão jornalística) e espero estar à altura desse enorme desafio que é o de permanecer fiel à ética, à independência, à liberdade de expressão e de opinião, à sensatez e ponderação, com que fui profissionalmente educado por tantos e tantos nomes grandes do jornalismo com que A BOLA sempre teve o privilégio de poder contar.

A BOLA. Sim, apesar dos tempos tão difíceis e conturbados em que vivemos, e num tempo em que precisamos de continuar a impedir que floresçam intolerâncias e radicalismos, podemos orgulhar-nos de continuar a ter uma equipa de gente resistente na defesa do jornalismo, da integridade e do respeito por quem nos lê. Conte-se com A BOLA para continuar a escrutinar, observar, debater, respeitar, promover, desafiar, atender, ouvir, relatar, com respeito pela credibilidade, pela autenticidade e pela verdade.

A BOLA é um jornal, uma televisão e um mundo digital. Chegou, já neste século, a uma espécie de tridimensionalidade da comunicação. Por isso, criámos também A BOLA 3D, que reúne as três dimensões do mais importante título da informação desportiva portuguesa. Os desafios continuarão a ser gigantes, bem o sabemos. Difíceis, exigentes e gigantes. Mas a paixão vencerá! Só a paixão vencerá!»

As pessoas mais atentas à realidade jornalística desta nossa "aldeia com poucas casas" ter-se-ão apercebido que ontem foi o último dia do lampião Vítor Serpa como director do jornal A Bola. A receber ontem o seu testemunho e a cumprir hoje o primeiro dia como novo director do jornal, outro lampião, João Bonzinho, que nos habituámos a conhecer suficientemente bem ao longo de mais de três décadas.

Os discursos editoriais de qualquer um deles apenas surpreenderão os mais incautos: nada mudará por aquelas bandas! Ai de quem pretender ver nesta mudança aquilo que muitos terão acreditado poder assistir quando Américo Tomás chamou Marcello Caetano a 27 de Setembro de 1968 para substituir o velho ditador Salazar, depois de 40 anos de "estado novo". A "primavera marcelista" apenas deu origem à inexorável "evolução na continuidade" a que só seis anos depois Otelo Saraiva de Carvalho e o glorioso Movimento dos Capitães conseguiriam pôr termo...

O mesmo acontecerá agora com Bonzinho em A Bola. No 24 da Travessa da Queimada, nem as moscas hão-de mudar. Assistiremos, isso sim e, provavelmente, por muitos anos ainda, a...

"Mais do mesmo"!!!...

Leoninamente,
Até à próxima

4 comentários:

  1. A bola vai continuar com a mesma linha editorial...tentar glorificar um clube desprezando os outros

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  2. Declarar ser fiel à ética e independência, quando todos conhecemos o seu histórico nível de inclinação e parcialidade, apenas representa uma retórica de circunstância e de inverossímil credibilidade.

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  3. Amigo Álamo:
    Nunca esquecer a célebre frase dos fundadores de A Bola, jornal que apareceu para acabar com a hegemonia do Sporting:
    " Um clube para ser campeão tem de ter três coisas a seu favor: controlar a arbitragem, uma boa imprensa e.… uma equipa razoável." A história do jornal a A Bola e os campeonatos ganhos pelo Benfica e, mais tarde, pelo Porto, dão todo o sentido à frase dos fundadores daquele pasquim. Portanto, admiram-se de quê? O jornal a Bola está lá para cumprir a sua missão pese embora as ajudas de " mecenas empresários" para não falir.

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