Quatro notas sobre o céu e o inferno
«O Céu e o Inferno são referências bíblicas opostas. No primeiro caso, é a morada dos bem-aventurados, a promessa sublime de paraíso. O segundo, inculcou-nos a cultura judaico-cristã, é para onde são relegadas as almas que não se redimem dos pecados cometidos. Nesta semana tivemos diversos casos destes antónimos.
1.Pela primeira vez, desde 2005, não teremos nos quartos-de- final da Champions nem Cristiano Ronaldo nem Messi. Mas está lá o gladiador Sérgio Oliveira e o imperador Pepe. Mais uma prova daquilo que um dia aqui escrevi, interrogando-me sobre o motivo pelo qual era tão complicado para alguns analistas reconhecerem Sérgio Conceição como grande treinador e um estratega notável, bem como a gratidão pelo seu trabalho que já merecia dos dragões uma estátua. Se na vertente interna soavam todas as campainhas de preocupação, o palco internacional voltou a trazer o Céu. Não é apenas pelos 200 milhões que trouxe da Liga dourada, é pela honra, pela capacidade de ser competitivo e ambicioso em todas as arenas onde entra. E aquela emoção de Pinto da Costa naquele abraço apertado, para lá de matar a maldição de 1984, é o reconhecimento global da nação azul e branca. Um mago das empresas, Peter Drucker, dizia que «gestão é fazer as coisas bem, liderança é fazer as coisas». Não sei quanto tempo por ali vai ficar, mas irão ver com o tempo como a sua presença será para sempre marcante. Porque Sérgio Conceição faz.
2. Ruben Amorim levou os leões à esperança mais desejada há 18 anos. Mostra todas as semanas talento, é treinador de primeira linha ao contrário de uma série de sumidades repletas de diplomas que os devem exibir na mercearia pois não treinam em lado nenhum. Num momento de alegria, a sua associação decide tentar pregar uma rasteira (serão inúmeras até ao fim do campeonato e de múltiplos rostos) num caminho limpo e competente. O Sporting e o grupo de trabalho só têm a agradecer a José Pereira ter fortalecido e unido ainda mais o clube. Que encontre o caminho do bom senso, emende a mão e deixe prosseguir sem engulhos um trabalho que é um excelente cartão-de-visita para a classe, senão, sabe onde caem os pecadores.
3.A Cristiano Ronaldo querem-no cozer em lume brando. Itália já esqueceu a maneira como recebeu o melhor jogador do mundo e nem dispara contra quem deve pagar por tamanho descalabro. Andrea Pirlo foi um futebolista de enorme classe, como treinador consegue adormecer as crianças mais espevitadas e barulhentas em poucos minutos. A Juventus não é nada, é uma aglomeração de burgueses da bola sem centelha de paixão. Quando amanhã o 7 se for embora perceberão o calor do Inferno.
4."Portugueses de bem" foi a brilhante manchete do Record que mostrava a suprema felicidade de uma nação. É uma enorme honra para todos nós que uma camaronesa e um cubano de origem vistam com orgulho a nossa bandeira e cantem com devoção o nosso hino. O Céu para Mamona, Dongmo e Pichardo, três grandes portugueses.»
Os portões do céu e do inferno estão permanentemente abertos...
A cada um a sua escolha!...
Leoninamente,
Até à próxima
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