domingo, 3 de maio de 2020

É o mínimo que todos exigimos!...


Tudo a postos

«Demorou, parecia impossível há umas semanas, mas o futebol está já ao virar da esquina. Se nada voltar para trás, claro. E se clubes, Liga e FPF souberem respeitar, com régua e esquadro, o grande privilégio que lhes foi dado pelo governo na última semana.

Muitas modalidades, tantas outras actividades fora do desporto, não têm, para já, a mesma sorte. Vão continuar à espera. Na incerteza da sobrevivência económica. Também por isso, a responsabilidade dos envolvidos na Primeira Liga é maior do que nunca. O escrutínio será constante. Sem perdão para os incumpridores. E não pode ser de outra forma.

Aqui não há margem para remates ao lado ou facilitismos. O plano, bem elaborado no papel, é para cumprir à risca. Por todos. Em todos os momentos. Até porque se, a partir de fim de Maio, o campeonato for mesmo retomado (e esperemos que sim) essa não será apenas uma vitória do futebol profissional (parte dele, pelo menos, porque a II Liga não regressa).

É algo conseguido pelo esforço de tantos portugueses que têm respeitado, escrupulosamente, o período de quarentena. E que fazem de Portugal um exemplo internacional na luta contra esta pandemia. O futebol deve o seu regresso a cada uma destas pessoas que se isolou, que se protegeu, que protegeu os outros e que teve de fazê-lo, em muitos casos, longe daqueles que ama. Foram estes, e são estes, que agora permitem o retomar de alguma normalização. E que não podem, em momento algum, ser defraudados. Que a bola saiba rolar por cada um deles
(Luís Aguilar, Off the record, in Record, hoje às 16:46)

A nível pessoal, revejo-me nesta excelente crónica de Luís Aguilar. Ela corresponde, confesso, com inesperado e virtuoso rigor, ao sentimento que neste momento me inunda. Que as minhas profundas reservas sobre o recomeço da época nas circunstâncias que todos conhecemos, deixem de fazer qualquer sentido e que todos os intervenientes, mas todos mesmo, saibam corresponder nesta nova fase, à grande responsabilidade que lhes exige o esforço heróico e quase sobrehumano de que um povo inteiro foi capaz, para que agora o regresso do futebol fosse possível.

Que uma onda de competência, desportivismo, "fair play", talento e superior dignidade varra de lés-a-lés o "velho futebol" e que em seu lugar possa surgir um "novo futebol" que todos temos vindo a fazer por merecer...

É o mínimo que todos exigimos!...

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. E o Golias será sempre Golias...e David nunca passará de David! Bem sei que David chegou a vencer Golias...mas neste caso, é uma falta de vergonha, de uma incompetencia tremenda,dar por terminada e bem a 2ª liga e as modalidades,e não terminar a 1ª liga...Que diferença há entre uns jogadores e outros? Qual é o risco de contágio? Andaram e bem quase todos os Portugueses a resguardarem-se para quê? Não se pode ir à praia à vontade e pode-se jogar futebol à vontade? E se morrer alguém ligado a estes jogos de futebol,quem se responsabiliza? Espero que as entidades médicas não o permitam! Peço desculpa mas é a minha opinião! E também sei o porquê de não se dar já por terminada a liga,mas isso são outras contas! SL

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    1. Caro Fernando, seria o maior hipócrita do mundo se não concordasse com a seu comentário. Haverá apenas uma diferença entre o que ambos pensamos: assiste-me talvez uma maior maleabilidade, quando sou confrontado com a duríssima realidade, como a todos nós, de ver um país completamente paralisado e sei, como todos nós sabemos, que a seguir virá a fome! É um drama de tal ordem, que já não sei, nem sei quantos saberão, se o melhor será morrer da doença, se da cura. A Suécia, com uma população igual à nossa, de pouco mais de 10 milhões fez ao contrário de nós, a pensar apenas na economia. Tudo por lá continuou a funcionar, com a desdita de se verem agora confrontados com mais de 2600 mortos, enquanto nós só agora ultrapassámos os 1000. Os nossos governantes foram mais cautelosos e pensaram primeiro nas vidas, recolhendo elogios das mais diferentes latitudes do globo. Mas há um tempo em que é preciso pensar na economia, para que não sobrevenha o caos e a fome. Penso que será isso que António Costa e a sua gente estarão a tentar fazer neste momento. Por mim, acho que nos devemos orgulhar do que os nossos governantes, autoridades e profissionais de Saúde, de Segurança, Protecção Civil e por aí fora, conseguiram fazer num país pobre e tão desigual como o nosso. Merecem por isso o nosso quase incondicional crédito...
      Mesmo não concordando com a regresso do futebol, com o regresso das práticas religiosas e algumas coisas mais, tenho a certeza de os nossos responsáveis políticos estão a tentar o melhor para todos nós. Então acho que nos cumpre o dever de os compreender e desejar toda a sorte do mundo para todas as suas decisões! O futebol será sempre uma gota de água no oceano, mas há notícias de praticantes, mesmo na I Liga, que estão a passar por graves dificuldades. Talvez seja a hora de arriscar e tentar que a fome não tome conta dos mais desprotegidos...
      Quando tudo regressar à normalidade, então voltaremos a lutar por maior justiça no futebol...

      Grande abraço e SL

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