terça-feira, 13 de outubro de 2020

"É um predestinado"!...

 


O grande reforço do Sporting

«Mantém os traços juvenis do rosto de menino bem comportado, como se eternizasse o adolescente que arrebata paixões, entre treinadores e adeptos, desde os tempos das camadas jovens de FC Porto, Sporting e Selecções Nacionais. Aos 27 anos, João Mário regressa a casa marcado pelos maus-tratos italianos, pela menor visibilidade de um clube modesto em Inglaterra e de outro de média expressão na Rússia. Partiu campeão europeu para uma das maiores potências europeias (Inter Milão), regressa quatro anos depois no auge das suas potencialidades futebolísticas, disponível para ajudar o clube do coração e carente do carinho que lhe devolva o calor humano e, com ele, a felicidade arredia desde que abandonou Alvalade.

Numa equipa jovem e inexperiente, JM está destinado a desempenhar o papel de exemplo, estrela e máxima referência da equipa. Precisa agora de adquirir cumplicidade com as ideias de Rúben Amorim, de modo a reunir as condições para exercer o seu futebol requintado, inteligente, associativo, que não se contenta em acrescentar talento à produção global, antes a multiplica pelo colectivo, tornando-o melhor e com armas mais sofisticadas.

JM é um manual didáctico que exerce nos caminhos do miolo, onde tudo se concebe, e do ataque, onde tudo se define. Na tresloucada fúria de choques, correrias e constantes infracções, as mais graves das quais pondo em risco a própria integridade física dos intervenientes, ele recusa a pressa e o descontrolo emocional; mantém o perfil discreto, impõe a pausa e a perfeição de gestos e movimentos, prova de que com cabeça, talento individual, fantasia, classe, ética e pudor se pode chegar aos mesmos lugares – com a diferença de fazê-lo em melhores condições para estabelecer a diferença. Só por confusão inaceitável para quem percebe o jogo alguém pode confundir um jogador tão especial e delicado, portador de um estilo, orientado por intervenção cuidada e rigor estético, com os elementos normalmente apontados para o diminuir: lentidão, displicência, falta de compromisso e intensidade.

Numa altura em que o futebol parece obcecado em resumir-se a números para poder medir elementos do jogo sem relevância, JM é uma decepção que, para mal dos seus pecados, só joga futebol como os deuses. Um jogador brilhante a executar decisões lógicas e do senso comum mas que adquire dimensão superior quando abdica da burocracia e se entrega à criação de soluções personalizadas, sem se surpreender com o engano que produz em quase toda a gente. Com a bola nos pés, chega a ser deslumbrante quando se entrega a uma condução suave e segura, indiferente aos perigos que se escondem a cada esquina; quando segue o instinto e alimenta a criação de espaços, limpando adversários da frente ou solicita a participação de companheiros nessa aventura que se propõe levar por diante. É um predestinado que, para lá da bola, transporta intenções não confessadas. Todas elas capazes de interferir, se não no resultado, no ascendente territorial que conduz à imposição do exército que leva atrás de si.

JM é um prodígio de imaginação, cuja arte principal e rara é impor-se simplificando ao máximo as situações mais complexas. Um craque sereno, imperturbável, confiante e, vistas as coisas sob determinado prisma, arrogante quando procura levar por diante acções em que só ele acredita. É este criador futebolístico sublime, capaz de estabelecer diferenças a cada instante, com os mais diversos argumentos, nas mais variadas zonas do campo, que o Sporting contratou. Um reforço indiscutível, que tem condições para ser uma das estrelas mais brilhantes da Liga. Num ano de muitas mudanças nas principais equipas nacionais, é candidato a interferir no destino do próprio campeonato.

Pepe continua
monstruoso
Personificou o modo como a Seleção abordou o jogo com a França
Pepe voltou a ser imperial em Paris. Aos 37 anos mantém intactas as ferramentas que servem para construir um central de eleição – não tenhamos medo das palavras, um dos melhores do Mundo. Então quando o jogo adquire dimensão épica, requerendo presença, compromisso, físico e intervenção constante sobe ainda mais na hierarquia. É um monstro.

As ‘brancas’
de Rúben Dias
Aos 23 anos tem quase tudo o que precisa para ser uma referência europeia
Rúben Dias está a evoluir como o previsto: impôs-se no Benfica, valorizou-se ao ponto de render milhões, foi para um colosso europeu e já é titular absoluto da Selecção. Concederam-lhe o privilégio de errar agora para acertar mais tarde e a verdade é que falha cada vez menos. Uma pena que ainda tenha ‘coisas’ como aquela que abriu a cabeça a Giroud com menos de 2 minutos de jogo.

Trincão vai ser
um craque
Atingiu a excelência diante dos nossos olhos e da nossa… indiferença
Trincão tornou-se um grande jogador mas muitos preferiram torcer o nariz. Barcelona? Era de mais e seria emprestado. Selecção? Era preciso ter calma. Ficou em Camp Nou e joga na Selecção. E até já entra a 1 minuto do fim frente ao campeão do Mundo e inventa o lance mais desequilibrador que podia ter ditado a vitória de Portugal. É um craque.»

Acho que nunca irei deixar de apreciar e "gostar muito" dos textos de Rui Dias!...

A brincar a brincar, permitam-me que o compare a João Mário...

"É um predestinado"!...

Leoninamente,
Até à próxima 

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