domingo, 5 de abril de 2020

Mais importante que o futebol!...



Uma homenagem antecipada: equívoco de Jorge Jesus

«Dias antes da notícia da primeira morte por Covid-19, Jorge Jesus, após um jogo à porta fechada, e visivelmente emocionado pelo ambiente em que o jogo decorreu, partilhou a perda de um amigo em Portugal. Sabemos hoje que, naquele momento, este ainda não tinha falecido. Jorge Jesus cometera um equívoco, que veio de pronto esclarecer.

Durante uma pandemia é normal o surgimento de lutos antecipatórios. Embora antecipar a morte de um amigo possa ser tão doloroso quanto a morte real, permite a preparação para a despedida.

O contexto desportivo, ao reforçar a coesão dos grupos e das equipas, potencia os sentimentos de perda.

O estado físico, cognitivo e emocional dos atletas é afectado durante um luto. Podem tornar-se mais lentos e cometer mais erros, ficando mais susceptíveis a lesões. O humor pode variar, sendo normais os sentimentos de stress, raiva, revolta, culpa, medo, impotência, ansiedade e até alívio.

Pode, por isso, surgir a tentação de se querer que tudo volte rapidamente à normalidade, evitando-se falar do assunto ou exigindo-se a sua superação.

As evidências mostram, porém, que quando se permite que se lamente e chore uma perda abertamente, o luto se torna menos intenso e mais fácil de controlar. Ao facilitar a vivência do luto não estamos a encorajar o atleta a desanimar e a ficar preso ao passado, mas antes a ajudá-lo a tomar consciência da intensidade do que está a viver.

Os atletas enlutados e família próxima, não devem adiar o luto ou isolar-se. Devem procurar respeitar as suas emoções e o seu próprio tempo, ânimo em tarefas agradáveis, e cuidar de si próprios.

Na situação de amigo, importa não confundir distanciamento social com distanciamento emocional. É normal não saber o que dizer, mas nestas situações, basta mostrar disponibilidade, ouvir, manter-se presente e oferecer apoio.

No caso das crianças e atletas em formação devemos ser directos, para que entendam a perda de forma realista, sem criar conceitos fantásticos sobre a morte; não esconder a tristeza nem a verdade sobre a causa da morte; responder às questões; manter as rotinas. Importa ainda ser compreensivo e estar atento a sinais de retrocesso no desenvolvimento ou a sintomas de luto prolongado.

Se sentir falta de apoio, pressão para recuperar rapidamente ou para reprimir as emoções, ou observar situações de luto prolongado, recorra ao psicólogo(a) do seu clube ou a um profissional devidamente certificado na área da saúde psicológica.»

Mais importante que o futebol!...

Leoninamente,
Até à próxima

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