quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Os restantes continuam a ler o "Ensaio sobre a cegueira"!...


Há Toupeira!


«Quando era miúdo e passava pela Mealhada rumo ao Porto, a paisagem era composta por placas escritas à mão com a famosa inscrição de "Há Leitão!".

Hoje em dia, pelo que lemos e pelas recentes acusações do Ministério Público de que o Benfica foi alvo, a placa "Há Toupeira!" pode e deve ser colocada numa das margens da segunda circular, sendo que do lado de lá, o "Há, mas são verdes" ainda perdura.

As acusações que conhecemos no caso E-Toupeira são de uma gravidade extrema. Desmascaram uma rede tentacular, que tentava controlar tudo o que estaria ligado ao futebol profissional, misturando interesses pessoais e recompensas, a todos os que desse cálice bebiam. Pelo que se conhece através do Correio da Manhã, Paulo Gonçalves é acusado de 79 crimes, a SAD de 30, alguns de corrupção desportiva. Vieira terá tido conhecimento de tudo o que Paulo Gonçalves faria através do seu e-mail.

A pergunta que se faz é: quem era o mandante de Paulo Gonçalves? A resposta parece-me óbvia… A moldura penal é grave. O Ministério Público pede suspensão do clube nas competições desportivas. Perante tudo isto, resta-me perguntar porque é que não há demissões no clube, movimentações de sócios indignados, manifestações à porta da Luz, oposição visível à estrutura instalada?

Provavelmente esta rede é tão grande, que secou as oposições internas, engoliu-as e comprometeu a maioria das vozes que o poderiam fazer.

Durante muito tempo me questionei: como é que pessoas com percursos importantes, sejam ex-ministros, jornalistas consagrados, magistrados, doutores de gravata, debitavam as cartilhas conhecidas todas as semanas, defendendo um bigode e não o clube? Cartilhas feitas por pessoas ligadas ao futebol, de argumentos pífios, de texto infantil, fomentando a suspeita nos outros. Agora percebemos que tudo está ligado. O poder espalhava-se, o amor ao clube era factor secundário, o interesse comum era muito.

Fosse com "avenças", com lugares na estrutura, com vouchers, com oferta de camisolas, com oferta de bilhetes com acesso a croquetes, cada um tinha o seu preço.

A procissão ainda vai no adro, tal como avisava recentemente Fernando Seara na BTV. O andor começa a pesar nos ombros de alguns. O andor cairá com estrondo, quem o leva fugirá do calvário como um rato e os ratos mudarão o seu discurso nos comentários que fazem. "Andor, andor", digo eu.»
(Nuno Encarnação, Porto Porto Porto, in Record)

Pergunta o articulista ainda arrotando o leitão talvez engolido à pressa entre as Antas e Lisboa e depois de ter feito um pequeno desvio na A1, para se certificar se das tais placas escritas à mão ainda restava alguma lá pela Mealhada, porque será que depois do "tsunami" que sobre o "estado lampiânico" se abateu terrível, impetuoso, quiçá fatal, não há demissões no clube, movimentações de sócios indignados, manifestações à porta da Luz, oposição visível à estrutura instalada?!...

Pois aqui me tem o ilustre "tripeiro", com a resposta na ponta da língua: exactamente porque dos 14 milhões de adeptos que o "arcanjo" por lá deixou, restarão não mais de umas poucas centenas de "notáveis", que acreditam no Ministério Público!...

Os restantes continuam a ler o "Ensaio sobre a cegueira"!...

Leoninamente, 
Até à próxima

2 comentários:

  1. Nada me surpreenderia que, entre algumas ofertas não nomeadas, haja a de pneus - oferta suficientemente forte para captar discípulos e dobrar vontades

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  2. Perguntas recorrentes e em tom de espanto: porque é que não há demissões no clube? Porque se mantem Paulo Gonçalves em funções? Resposta óbvia: LFV sabe que deixar cair P. Gonçalves seria o seu fim. LFV está na mão de P. Gonçalves e todos estão no mesmo barco. Ou caem todos ou não cai nenhum. Eis porquê.

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