9 de Setembro
«Gostaria, passadas as eleições:
– Que todos aclamassem e reconhecessem o candidato vencedor, como presidente de todos os sportinguistas, independentemente da votação final que vier a ter.
– Que não houvesse mau perder, ranger de dentes, recriminações, rancores e azia dos candidatos derrotados.
– Que houvesse modéstia e contenção na vitória.
-- Que o que se disse na campanha eleitoral morresse no dia das eleições.
– Que deixasse de haver ex-candidatos , reservas da república e agendas pós-eleitorais.
– Que, independentemente de haver vencedores e vencidos, haja sobretudo sportinguistas e sportinguismo.
– Que todos aceitassem o resultado das eleições, sem ameaças de impugnação ou suspeições sobre contagem de votos.
– Que quem ganhar saiba ter um discurso de unidade e coesão de todos.
– Que quem perder possa ter idêntico discurso.
– Que quem ganhar saiba dialogar com quem perdeu.
– Que vencedores e vencidos percebam que, dividido, o Sporting não vai a lado nenhum.
– Que quem ganhar saiba aproveitar as boas ideias de quem perder e tenha a humildade de o reconhecer.
– Que quem ganhar saiba cultivar a democracia interna.
– Que quem ganhar reconheça que o Sporting é um projecto comum, onde têm de caber todos, vencedores e vencidos.
– Que quem perder deixe trabalhar quem ganhou, porque foi assim que os sócios quiseram.
– Que os corpos sociais eleitos tenham condições para concluir o seu mandato, porque é assim que devem funcionar as instituições.
– Que seja por todos reconhecido o mérito e abnegação do trabalho da Mesa da Assembleia Geral, que conseguiu preservar a democracia e legalidade do clube, em especial a Jaime Marta Soares.
– Que seja dado conveniente agradecimento pelo trabalho da Comissão de Gestão e do Conselho de Administração da SAD, em especial a José Sousa Cintra.
– Que o Sporting faça vida nova, regresse aos seus valores e ética comportamental.»
(Carlos Barbosa da Cruz, O Canto do Morais, in Record)
Creio que até o próprio Carlos Barbosa da Cruz reconhecerá quanta utopia estará contida nos seus desejos! Isso nunca invalidará, contudo, toda a assertividade que os mesmos encerram!...
Mário Sacramento, o grande resistente antifascista e alma mater dos Congressos Democráticos de Aveiro, porventura a génese do libertador 25 de Abril, deixou-nos em testamento. "Façam um mundo melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá!"...
Hoje, aqui e agora, nunca terá feito tanto sentido no Sporting Clube de Portugal, o pensamento que Mário Sacramento legou ao povo português e que deveria constituir a cartilha inamovível, indiscutível e inultrapassável que pudesse guiar todos os sportinguistas em geral e, em particular, os seis candidatos e respectivos apoiantes, à mais importante e histórica decisão com que terminará o dia de amanhã...
Façam um Sporting melhor, ouviram?!...
Leoninamente,
Até à próxima
Parabéns sr Álamo . Muitas vezes em silêncio discordei dos seus comentários. Mas tem qualidades que hoje em dia fazem falta nesta sociedade em que vivemos.É portador duma férrea sobriedade intelectual e de enorme amor pelo nosso clube. Um grande bem haja.
ResponderEliminarGenericamente, esta é uma cartilha em condições!
ResponderEliminarMas o ante penúltimo ponto era desnecessário na medida em que nunca fará sentido! O homem, tal como o "destituído", fez bem e fez mal. Se se agradece o bom, havendo justiça, critica-se também o mau. E nesse caso, e nas nossas condições, mais vale manter-se o silêncio ou corremos o risco de se continuar no mesma pagode do costume. Digo eu ...