As contas que Varandas herda
«As eleições do Sporting mostraram um clube cheio de vitalidade, capaz de se renovar, de voltar a sorrir. Isso são, por si só, boas razões para acreditar no futuro. Se não existisse no clube uma estrutura capaz, Sousa Cintra teria tido dificuldade em fazer o bom trabalho que fez como presidente interino , tendo em conta as circunstâncias adversas que encontrou.
Frederico Varandas acertou no tom da vitória e no alvo principal: o Sporting fracturado. A união, fazendo a força, não chega. Frederico Varandas era director clínico, terá de ter no seu projecto quem o complemente nas restantes competências necessárias para gerir uma SAD. Sem isso, dificilmente terá sucesso.
Prometer o campeonato nacional fica bem, mas essa é uma ambição natural em Alvalade. Dizê-lo é muito mais fácil do que consegui-lo. Além disso, o sucesso desportivo é só uma das frentes.
Há um legado de Bruno de Carvalho de que se fala menos: as contas.
No mesmo dia das eleições foram divulgadas as contas do ano fiscal 2017/2018, assinadas por Sousa Cintra, mas cujos resultados têm de ser naturalmente imputados ao seu antecessor. Houve um óbvio esforço para que fossem conhecidas antes do novo presidente tomar posse, porque pertencem à anterior gestão.
Mas é com esse passado que Frederico Varandas terá de construir o futuro. E esse passado não é assim tão brilhante como Bruno de Carvalho gosta de fazer crer.
Antes de Bruno de Carvalho a SAD tinha capitais próprios negativos de 120 milhões. A reestruturação financeira feita no seu tempo equilibrou o balanço, mas é bom lembrar que ela aconteceu também por necessidade dos bancos, que nunca quiseram ficar no capital das SAD. Há, de resto, já outra restruturação na forja e que Varandas vai herdar.
O resultado operacional do clube foi positivo na primeira época completa de Bruno de Carvalho, a de 2013/2014, mas foi negativo nas últimas duas, chegando a -18,7 milhões na de 2017/2018. E isto acontece porque os rendimentos operacionais do clube cresceram 160% nos últimos quatro anos, mas os gastos ainda mais, chegando aos 110 milhões. Ou seja, a operação Sporting continua sem ser rentável, dependendo sempre das vendas de jogadores. Quando não as há em valor suficiente…
Com o prejuízo de quase 20 milhões no último ano fiscal, para o qual contribuíram as rescisões, o saldo dos quatro anos de Bruno de Carvalho é negativo em 1,6 milhões de euros. E a conta inclui o maior lucro de sempre, registado no ano anterior.
Não se pode apagar o que houve de evolução positiva nos últimos anos. Mas equilíbrio financeiro não são palavras, são números. E os números são o que são.»
(André Veríssimo, director do Negócios, Linha de Fundo, in Record)
Aparentemente e para a grande maioria de sportinguistas, necessariamente leigos nesta matéria de "números", a julgar pelas impressões vertidas neste artigo por André Veríssimo, o quadro não será tão negro quanto aquele que durante a campanha eleitoral um dos candidatos o tentou pintar. Porém, de um cinzento mais carregado que leve, Frederico Varandas não se livrará. Ele e muito particularmente o seu braço direito em matéria de "números", Francisco Salgado Zenha, que terá de apelar a todo o conhecimento e conhecimentos adquiridos ao longo de uma já considerável carreira na banca de investimento, especialmente repartida entre Londres e Madrid, para conseguirem, em plena e solidária sintonia com a restante equipa, ultrapassar com êxito o ciclópico trabalho que acabam de herdar.
Os sportinguistas cumpriram exemplarmente no passado sábado aquilo que o Sporting Clube de Portugal deles exigia...
Agora é tempo de esperança, união, silêncio e muito trabalho!...
Leoninamente,
Até à próxima
Não sou eu que vou fazer de advogado do Diabo... mas que diabo..., de 120M de capitais próprios negativos... para 13 (e com toda a fanfarra que houve neste último ano e meio de JJ) para um leigo, a roçar a ignorância como eu..., digamos que é qualquer coisa..., penso eu de que... Mas se calhar não...!!!
ResponderEliminar(e agora o mesmo que se disse há 5 anos atrás RENOVA A SUA VALIDADE... BdC não se podia refugiar, eternamente, nas contas passadas... o mesmo é verdadeiro para FV...)
As VMOC, senhor, as VMOC!... (que tanta coisa disfarçaram)
EliminarAs contas de JMRicciardi podem estar sobre-avaliadas mas, provavelmente, não o estarão assim tanto.
Bastava a Sousa Cintra ter aceite os 25 milhões do Atlético Madrid e já estávamos no positivo. O dr Carlos Vieira deu esta estimativa em Junho e confirmou novamente esses valores numa conferência de imprensa, onde estive presente, do dr Eugénio Dias Ferreira. Deixo aqui a minha modesta opinião. Estes dois senhores são grandes sportinguistas.
ResponderEliminarSempre que querem pintar um cenário negro para o Sporting omitem a venda de jogadores. NÃO HÁ NENHUM CLUBE PORTUGUÊS QUE TENHA RESULTADOS POSITIVOS SEM NEGOCIAR JOGADORES! NENHUM!
ResponderEliminarBastava que as vendas de William e Piccini tivessem sido efetuadas em Junho para que o Sporting terminasse o exercício com um lucro de 4,1M. Não foi em Junho, foi depois, mas o dinheiro foi para os cofres do Sporting.
A turbulência causada por Bruno de Carvalho e que originou as rescisões, impediu que o empréstimo de 15 milhões fosse avante e ocasionasse os problemas de tesouraria que Cintra enfrentou. Situação que se resolveu com a venda de William.
A instabilidade que se viveu impediu que os mercados confiassem no Sporting.
Com a nova presidência as coisas regressam a normalidade e a reestruturação e empréstimo obrigacionista estão praticamente concluídos. Disse a CG.
Isso fará com que possamos adquirir as Vmoc por um valor fabuloso e permitir uma oportunidade única na vida do Sporting de ficar com 90% da SAD. Isto permitirá angariar investidores que tragam outra pujança financeira ao clube.
A situação não é cor-de-rosa mas nenhum outro presidente teve tantas condições para vingar(não esquecer o valor do plantel, o número de sócios e o contrato da NOS). Muito melhor que um PER em cima da mesa...
SL