Das manifestações anti-Varandas aos intermináveis aplausos após a pesada derrota com o City
«A poucos dias de celebrar o 100.º jogo como treinador do Sporting, o que acontecerá, no sábado, frente ao Tondela, pouco há a dizer sobre o que mudou em Alvalade, no que diz respeito às questões desportivas em 762 dias. Quanto a isso, estamos conversados. Mudou o sistema táctico, tornou-se efectiva a aposta em jovens jogadores oriundos da formação e alterou-se acima de tudo, a atitude competitiva.
Talvez mais interessante do que isso seja verificar o que mudou neste período, em termos mentais para os sportinguistas. Recuemos, então, a 8 de Março de 2020, dia em que o Sporting recebeu o Aves em Alvalade, com um novo treinador no banco de suplentes: Rúben Amorim. As horas que antecederam a partida ficaram marcadas por uma mega-manifestação, junto ao multidesportivo de Alvalade, convocada pela Juventude Leonina, através das redes sociais, e que juntou largas centenas, talvez milhares de adeptos que pediam a cabeça de Frederico Varandas "Oh Varandas o que é que fazes aqui… a presidência não é lugar para ti" era o cântico mais repetido e a contratação de Rúben Amorim, por 10 milhões de euros, ao Sp. Braga, a decisão mais contestada.
Dias antes, a oposição dos grupos organizados de adeptos subira de tom, quando estes tinham sido obrigados a descalçar-se à entrada do estádio, com o objectivo de detectar e impedir a eventual intrusão de material pirotécnico no recinto, no jogo da Liga Europa, diante do Basaksehir. O protesto dos ‘descalços’, como ficou conhecido, teve eco na imprensa internacional e foi apenas mais um capítulo do filme de terror vivido pelo presidente da direcção, desde a eleição em Setembro de 2018.
A melhoria da qualidade futebolística da equipa e a recuperação da 3.ª posição da Liga – que daria acesso à pré-eliminatória da Champions League – mas que acabaria perdida na ponta final da época, contribuíram para um certo aligeirar da contestação, que quase desapareceu, à medida que a capacidade de comunicação de Rúben Amorim ganhava pontos. Para dentro do balneário e, muito importante, para a comunicação social.
«Onde vai um, vão todos!»
A célebre frase ‘Onde vai um, vai todos’, que deu origem ao slogan ‘Onde vai um, vão todos!’ surgiu após um empate (2-2) em Famalicão, no qual os sportinguistas se sentiram prejudicados, por causa de um golo anulado a Coates nos instantes finais da partida. Rúben Amorim acabou expulso e a puxar os seus jogadores para dentro do balneário, para evitar males maiores.
Empate que não foi suficiente para desviar a equipa de Alvalade do seu caminho e que reforçou a crença dos adeptos e o espírito de um grupo que acabou, em Maio do ano passado, por conquistar o título mais importante da carreira do treinador Rúben Amorim.
A festa saiu à rua. Portugal voltou a pintar-se de verde e branco. Os cânticos anti-Varandas e o protesto dos descalços tornaram-se apenas uma recordação de um passado que parecia longínquo. Tão longínquo e tão esquecido, que, mesmo após a derrota mais pesada da era Amorim – 0-5, com o Manchester City, em Alvalade – os adeptos, até aqueles que fazem parte dos grupos organizados, não hesitaram em prestar um tributo ao treinador e aos jogadores, raro de presenciar num estádio de futebol. Especialmente, após uma derrota.
Em termos mentais, os sportinguistas estão, após 759 dias, muito diferentes, rendidos à equipa e ao futebol que esta pratica. Também à forma como o treinador comunica. Mas, sobretudo, às vitórias e aos títulos que conquistou. Quatro, o mais importante deles o de Campeão Nacional.»
Quem tal imaginaria em 8 de Março de 2020?!...
Leoninamente,
Até à próxima
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