Patranhas!!!...

«A história já é antiga no futebol mas tem-se repetido com cada vez mais frequência nos últimos anos. Morita, que está a ser negociado entre Sporting e Santa Clara, foi convocado para o jogo com o FC Porto na passada segunda-feira e, contra todas as expectativas, ficou fora do onze. A explicação oficial foi um problema físico, mas sabe Record que o jogador se recusou a jogar de forma a pressionar a saída para os leões. O braço-de-ferro já começou e ainda é muito cedo para saber quem o vai vencer.

Octávio Machado, que já exerceu os cargos de treinador e director geral de futebol no Sporting, tem uma opinião muito clara sobre este assunto e deixa um aviso à SAD leonina. "Eu já não queria este jogador pois quem faz um cesto faz um cento", afirma ao nosso site revelando-se chocado com a atitude do médio: "É uma total falta de respeito pelo clube que lhe paga. Os jogadores quando têm contrato, por uma questão de ética, têm de cumpri-lo pois ninguém os obriga a assinar. Alguém quer encher os bolsos!".

O antigo internacional português lembra que no passado travou duras batalhas "para dar direitos aos jogadores", e não consegue compreender que se chegue a uma situação destas. "É sempre complicado e a única solução que vejo é que as partes se sentem para encontrarem uma solução. Como já disse não consigo compreender que um jogador se coloque numa situação em que se recusa a treinar ou a jogar. Para mim já não servia pois já mostrou que é mau profissional", conclui.

Impasse negocial

As negociações entre Santa Clara e Sporting decorrem há várias semanas, mas a situação interna no clube açoriano tem prejudicado o processo. O presidente do clube, Ricardo Pacheco, já manifestou o desejo de aceitar a oferta de 3,5 milhões de euros mais objectivos feita pelos leões, mas o líder da SAD açoriana, Ismail Uzun, já rejeitou a segunda oferta dos leões e, a Record, garantiu que as "negociações estão congeladas" até ao final da época para estudar outras propostas.

Cansado deste impasse está o internacional japonês que não quer perder a oportunidade de poder jogar no Sporting, um clube que disputa títulos e lhe pode abrir as portas da Liga dos Campeões. Aliás, quando veio para o Santa Clara, o médio aceitou ganhar menos para poder mostrar-se no futebol europeu, e acredita que o clube de Ponta Delgada está agora a cortar-lhe as pernas. Além do Sporting, o Santa Clara tem já foi contactado pelo Estugarda, mas o nipónico está decido a aceitar a oferta do clube de Alvalade devido ao projecto desportivo. Resta agora ver se vai conseguir convencer Ismail Uzun a mudar de opinião.

De maçãs podres a pontapés em portas

Morita não é o primeiro jogador a tentar forçar a saída, e este é um problema que afeta todos os clubes portugueses, mesmo os três grandes que em certas situações já se viram obrigados a ceder à intransigência dos atletas para evitarem elevados prejuízos financeiros.

O Sporting teve em João Moutinho um dos seus processos mais complicados. Na pré-temporada de 2010, o jogador recusou-se a treinar e ameaçou o então presidente, José Eduardo Bettencourt, que não voltaria a vestir a camisola do Sporting forçado assim a transferência para o FC Porto por 11 milhões de euros. Na altura, o líder dos leões não poupou o seu antigo capitão. "Não podíamos continuar cá com uma maçã podre, por isso não podíamos tomar outra decisão para não correr o risco de contaminar o plantel", afirmou na época o dirigente justificando o negócio.

No FC Porto também há vários registos mas o mais mediático envolveu Argel, o actual treinador do Alverca, que forçou a saída dos dragões para regressar ao Brasil e assinar pelo Palmeiras. Na época existiram rumores que o antigo central teria mesmo partido um computador no gabinete de Pinto da Costa, uma situação que acabou por ser esclarecida pelo actual técnico. "Foi complicado negociar a minha transferência, nomeadamente numa reunião à porta fechada com cinco dirigentes e onde me enervei muito. Tive um problema com uma dessas pessoas - Adelino Caldeira - e até cheguei a dar uns pontapés numa porta, mas desminto ter derrubado qualquer computador", afirmou na época o brasileiro quando foi apresentado no Palmeiras.

O Benfica também passou por situações semelhantes, e um dos episódios envolveu Matic na véspera de um clássico com o FC Porto. Em Janeiro de 2012, o médio estava a ser cobiçado pelo Chelsea então treinado por José Mourinho, mas o presidente das águias, Luís Filipe Vieira, estava a bloquear o negócio de forma a tentar assegurar um pagamento mais generoso. Farto de esperar, na véspera de um jogo com o FC Porto, o internacional sérvio recusou-se a ir para estágio e afirmou que não iria voltar a jogar pelo Benfica. O líder das águias acabou por ceder, e o jogador apresentou-se no Seixal no dia de jogo antes de ser transferido após o final do encontro. O Benfica acabou por derrotar o FC Porto por 2-0 e, na semana seguinte, o futebolista já jogou com a camisola do Chelsea, frente ao Manchester United. Esta venda ainda rendeu 25 milhões de euros aos cofres encarnados.»

(João Soares Ribeiro, in Record, hoje às 12:07)

Para a grande maioria dos jornalistas desportivos e comentadeiros da nossa praça, geralmente já esquecidos de "estórias" passadas com eles próprios, torna-se demasiado fácil apontar, nos casos que amiúde por aí vão acontecendo, o dedo acusador para a parte mais indefesa: os jogadores!...

Será difícil encontrar "jogadores santos" de tercinho na mão e em perfeito "estado de graça"! Mas na grande parte dos casos que sistematicamente vêm a lume, os pecados maiores nunca estiveram, nem hão-de continuar a estar nos jogadores. Os grandes pecadores sempre foram e continuarão a ser os dirigentes, useiros e vezeiros em dar o dito por não dito e negarem hoje aos atletas a satisfação dos compromissos com eles antes assumidos. O caso particular do jogador nipónico que o Sporting pretende contratar, tendo em conta todo o processo de transferência para o clube açoreano e até o inexplicável antagonismo actual entre o presidente do clube e o responsável pela respectiva SAD, não precisará de ser muito escalpelizado para se perceber de que lado está a razão e o porquê do diferendo: "Alguém quer encher os bolsos" à custa de Morita!...

E ninguém me fará acreditar que Morita, culturalmente  muito distante do perfil evidenciado por outros jogadores de outras culturas, mereça sequer as palavras do "destrambelhado" Octávio Machado, ou tenha usado o "pérfido e pouco inteligente estratagema" que o jornalista terá dado como garantido por alguém da corte do "manda-chuva" Ismail Uzun, para não estar presente no confronto com o Porto... Não queiram fazer de Morita ou de qualquer um de nós, mais parvos do que somos, quando lemos e ouvimos as vossas  aleivosas e pouco inteligentes...

Patranhas!!!...

Leoninamente,

Até à próxima