Duas horas em que não parecia Portugal
«A vida muda e esta Supertaça pertenceu a uma nova era. Em 2015, quando o Sporting ganhou o troféu, no lavar dos cestos, Jonas e Jorge Jesus trocaram galhardetes, com o brasileiro, irritado pela derrota, a reagir bruscamente à aproximação do responsável pelo seu resgate do desterro de Valência.
Quatro anos volvidos e sob a bênção do novíssimo canal 11 - mais um galão nos já revestidos ombros de Fernando Gomes - Bruno Lage e Marcel Keizer desfizeram-se em sorrisos e cumprimentos, também ao contrário do que sucedeu antes da última final, quando Rui Vitória e Jorge Jesus - o nosso homem no Rio deve estar a chegar, temos saudades dele! - não estiveram propriamente felizes nos remoques com que se mimosearam. Oxalá essa estúpida antecâmara do ódio e da violência, que a marginalidade bebe com a sofreguidão com que o vampiro suga o sangue, tenha, mesmo, os dias contados.
A actuação dos Expensive Soul ajudou a criar ou a manter um clima de festa e em vez de claques de selvagens, com tochas e rajadas de insultos, vimos, no Estádio do Algarve, adeptos e famílias a desfrutarem do espectáculo, e até - pasmemos - muitos deles misturados com fãs do adversário, sem que viessem a verificar-se casos de confrontação física. Não parecia Portugal. Alguns energúmenos borraram a pintura no fim? Pois, os cobardes dissimulam-se, nunca desaparecem.
Se a Federação mexeu bem nos cordelinhos da concórdia, dentro de campo os artistas contribuíram, com pouca vontade de criar problemas. E quando o marcador se começou a desnivelar e a desilusão se instalou nos leões, nem aí houve tentativas de descarga sobre o opositor. Custa a acreditar.
A questão desta vez foi apenas o futebol. E aí deu-se a inevitável demonstração da supremacia benfiquista, assente num onze muito superior ao do Sporting - a título individual e a nível de competência colectiva - e num plantel infinitamente melhor. Os 5-0 constituem uma nova e penosa marca do delírio que destruiu um grupo de jogadores que se ia esforçadamente batendo para equilibrar a luta com Benfica e FC Porto. Keizer ainda foi apanhando tijolos e segurando barrotes, travando o desmoronamento do edifício, só que a hora da verdade chegou.
É certo que o Sporting teve uma razoável primeira parte, mas cedo se percebeu que a fragilidade do trio de centrais, com Mathieu e Luís Neto muito abaixo do que valem - e Coates, claramente o de maior rendimento, a ser o substituído, coisa estranha... - acabaria por ser um real problema, com RDT e Seferovic muito móveis, e Pizzi e Rafa em forma temível. Ao contrário de Raphinha e de Bas Dost, que pouco ou nada fizeram sem que Keizer mexesse uma palha. Com a goleada e alguma inacção, o holandês terá perdido metade da fama de mestre da táctica de que já gozava.
A seguir, vem o campeonato e a partida de Bruno Fernandes agravará as dificuldades do futebol leonino e abalará primeiro a esperança e mais tarde, eventualmente, a paciência dos seus adeptos. Sacudir essas nuvens negras e preservar as condições para que se possa prosseguir a reconstrução da equipa é agora, de novo, a tarefa de Frederico Varandas. Um trabalho tremendo.
O último parágrafo vai para Ricardo Sá Pinto, que continua igual a si próprio. Espero que a vida lhe corra bem em Braga, ou terá de suportar, no sempre pouco paciente patrão, a "arrogância" que não tolerou ao chefe de cabina. Terá de suportar ou não - esse é o picante da coisa!»
(Alexandre Pais, Outra vez Segunda-feira, in Record)
Receio bem que a grande dúvida que neste momento assaltará toda a grande nação leonina, depois de no final de tão suculenta derrota, o treinador leonino ter afirmado que "vai ser difícil estarmos preparados para o próximo jogo", possa passar mesmo por saber...
Até quando é que Keizer pensará prolongar a pré-época?!...
Leoninamente,
Até à próxima
Hoje, foi sem espinhas!
ResponderEliminarQuando Mathieu dá uma casa daquelas, que esperar?
ResponderEliminarLevantar a cabeça e ganhar no proximo Domingo ao Marítimo.
SL
Andamos a brincar com isto... E parece que gostamos... 40 anos e não aprendemos nada...
ResponderEliminarPassada a fase da reivindicação, passamos pela resignação e já estamos a entrar na da pena... Já só da pena...!!!
A crónica do Pais nãp passa de um pano sujo a tentar branquear o que se passou.
ResponderEliminarDeixemo-nos de contas da carochinha:
é ou não verdade que, até ao intervalo, o encontro esteve nivelado, com o Sporting a superiorizar-se na qualidade do futebol atacante, criando 2-3 boas oportunidades, desperdiçadas por imperícia?
é ou não verdade que a toupeiragem, na 1º vez que conseguiu uma jogada e um remate, marcou? (Eficiência, como é óbvio, a disfarçar um jogo sofrível.
Então, sr Pais, onde viu a tal "a inevitável demonstração da supremacia benfiquista, assente num onze muito superior ao do Sporting - a título individual e a nível de competência colectiva - e num plantel infinitamente melhor"?
Um jogo são 90 mnt mas, ao fim de 45, nada, mas mesmo nada, fazia adivinhar o que iria acontecer pouco depois do recomeço.
Aos 75 mnt, era notório que ou os jogadores do Sporting dormiam, ou os vermelhos pareciam começar o jogo?
Que se passou naqueles 15 mnt de intervalo? Enquanto uns bebiam um bom ché de camomila, outros supermotivação?
O sr Pais, quando quiser fazer limpezas, ao menos utilize um pano limpo, não endeusando uns para, notoriamente, querer reduzir outros à dimensão do seu ódio.