quarta-feira, 14 de agosto de 2019

"Sentemo-nos"!...


Quem manda no futebol?

«Fui consultar, no site da FPF, a Plataforma da Transparência, na qual, alegadamente, as SAD deveriam ter dado as informações sobre os detentores do seu capital, mas sem sucesso.

Espero ser uma situação provisória, porque só haverá transparência se a informação for acessível ao público e devidamente escrutinada.

Digo isto porque há situações, a nível do investimento, sobretudo estrangeiro, no futebol que, justamente, deveriam ser esclarecidas; nada tenho contra, sublinhe-se, haver quem aposte nas equipas portuguesas, mas, sobretudo a nível da origem dos capitais e dos seus últimos beneficiários, algumas interrogações estão por responder.

O Famalicão tem como acionista maioritário uma sociedade israelita, denominada Quantum Pacific, com ligações também ao Atlético Madrid.

O Tondela está ligado ao Hope Group, que gere igualmente o Granada e o Parma.

O Aves está ligado ao Galaxy Believers, com interesses no recém-promovido Vilafranquense.

O Portimonense tem como acionista de referência um tal Theodoro Panagopoulos, que por vezes também é Fonseca, envolvido na transferência de Nakajima para o FC Porto, depois de este ter saído, intrigantemente (considerando a sua categoria), para um clube do Médio Oriente.

Tenho defendido que, à semelhança de outros sectores, o futebol deveria ter um organismo de supervisão que escrutinasse, ‘ex ante’, estes investimentos, certificando a sua idoneidade. Na falta desse mecanismo, ao menos que se saiba ao que vêm e de onde vem o dinheiro, sob pena de todas as especulações, algumas delas bastante justificadas.

O mesmo se diga quanto ao Belenenses SAD, para afastar definitivamente o rumor que corre que se trata de fundos ligados à Operação Marquês.

Neste momento, compra posições qualificadas em SAD quem quer e todos sabemos que há muitos lados lunares no futebol.

A credibilidade passa por muitos aspetos (a Casa de Transferências é um deles), mas saber-se quais são os interesses que comandam os clubes é, certamente, elementar.

Há, pois, um longo caminho ainda por percorrer.»
(Carlos Barbosa da Cruz, O Canto do Morais, in Record)


"Sete monos! Perdão. Setenta monos! Perdão outra vez. Setecentos monos! Mil perdões, mas foi a última vez. SENTEMO-NOS"!...

Era assim que há muitos, muitos anos, o primeiro transplantado da cabeça em Portugal, que depois da não rejeição da abóbora que lhe colocaram em cima dos ombros e, por ironia, viria a ser presidente da república, lia os discursos que o "santa comba" ou alguém por ele, lhe colocavam nas mãos em vésperas de qualquer acto oficial onde estaria presente, exactamente para lhe dar tempo de estudar o texto para não entrar mosca ou sair asneira. Mas, quase sempre, não entrava mosca! Coitada da criatura que já pagou as suas dívidas. Que a terra lhe seja tão leve quanto as toneladas de peso em que a História avaliou os seus pecados...

Depois de ler esta quase homilia de Carlos Barbosa da Cruz (CBdC), recordei "o abóbora" e o seu singular,  ridículo e cerimonial percurso até nos convidar a sentar, exactamente porque, aqui e agora, o tempo de espera a que inevitavelmente seremos sujeitos, até que os 'monos' - serão sete, setenta ou setecentos? deixo a pergunta!... - que deveriam zelar para que os atropelos que CBdC cita e narra ao pormenor, deixem definitivamente de acontecer, a outra coisa não conduzirá que ao nosso inevitável cansaço e depauperamento! Pois então...

"Sentemo-nos"!...

Leoninamente,
Até à próxima

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