À volta do derby, qualidade e presença na área

Montero não marcou mas é um jogador de qualidade. Inteligente, sabe o que faz e os terrenos que pisa. A entrada de Slimani fê-lo baixar no terreno. Pode ser uma opção não só para o decorrer do jogo. O jogo da equipa passa a ser diferente mas ganha qualidade e mais presença na área.

(Pedro Barbosa, in MaisFutebol)

Concordo em absoluto com Pedro Barbosa, sem que isso signifique qualquer tipo de crítica negativa ao processo de jogo que Leonardo Jardim há muito implantou na equipa, com base em dados relevantes que naturalmente escaparão ao treinador de bancada que existe em cada um de nós.

O facto incontornável é que Sporting, com Slimani em jogo, acabou por vencer o Benfica na segunda parte, com um resultado melhor, do meu ponto de vista, que aquele que o adversário conseguira nos primeiros 45 minutos: sempre hei-de preferir o 2-0 aos 3-1!

Como qualquer de nós, Leonardo Jardim, terá plena consciência daquilo que faltará ao plantel que lidera, para ser já, agora, uma grande equipa. Mas lá voltamos à velha história de ter de caçar com gato, quando não se tem cão. E a segunda parte do derby, com a entrada de Islam Slimani e o recuo de Fredy Montero, fez-nos ver exactamente, como acentuou Pedro Barbosa, que a equipa passando a ter um comportamento diferente, "ganhou qualidade e mais presença na área", superiorizando-se ao adversário, tanto em golos, como em jogo jogado. Pelo que não será de admirar se Leonardo Jardim vier a considerar no futuro, este esquema como opção, não só para o decorrer dos jogos mais difíceis e quando a equipa se vê obrigada a correr atrás do prejuízo.

Para além desta questão central, de não existir no plantel um verdadeiro organizador do jogo ofensivo, um "playmaker", um 10 na verdadeira acepção da posição e de Fredy Montero poder disfarçar essa lacuna melhor que qualquer outro, Leonardo Jardim saberá melhor que todos nós, que ao centro da defesa faltará alguém com classe, talento, maturidade e capacidade de liderança, que elimine definitivamente os sucessivos e descoroçoantes erros que tantos amargos de boca já nos causaram. Mas voltamos a cair inapelavelmente na velha questão de que só o tempo ou o dinheiro nos poderão trazer as soluções.

Eric Dier estará a passar por um momento menos bom do seu percurso de afirmação. Ruben Semedo parece andar completamente distraído com questões menores e infantis, próprias da sua idade e Jardim vê-se sem alternativas às limitações técnicas de Maurício, pese embora toda a sua voluntariedade, e ao lado lunar que Marcos Rojo continua a evidenciar e nem ele saberá quando lhe conseguirá pôr cobro.

Mas duas coisas importantíssimas Leonardo Jardim já conseguiu implantar, e creio que de forma consistente e definitiva, no plantel que lidera: seja quem for que esteja em campo, sabe exactamente o que deve fazer e os terrenos que deve pisar e "last but not least", fá-lo com determinação, com querer, com garra, numa palavra, com mística! Com aquela mística que há tantos e tantos anos tinha desaparecido de Alvalade. 

Nesta condição, com gato ou com cão, com tempo ou sem tempo, com milhões ou sem eles, todos os sportinguistas já adquiriram a absoluta certeza de que a gloriosa camisola verde e branca será sempre dignificada e honrada em cada jogo em que o Sporting Clube de Portugal se apresente. E isso, depois da pior época da nossa gloriosa história, basta-nos e faz-nos sentir orgulhosos.

Leoninamente,

Até à próxima