quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Branco é, galinha o põe !!!...

 
A minha saudosa mãe, apesar de aos 10 anos, concluída a antiga 3ª classe, ter sido obrigada a abandonar a escola e a iniciar uma desgraçada vida de trabalho, sempre ligada à terra avara e difícil de uma Bairrada, que apenas oferecia o vinho e os leitões ao exterior e tudo o resto que produzia se traduzia numa subsistência modesta e quantas vezes difícil, era uma admirável contadora de histórias e uma inciclopédia de adivinhas.
Eu ainda não andava na escola, quando numa noite chuvosa de inverno, à lareira, ela me perguntou: "O que é, que é branco e galinha o pôe?!...". Sentado no banquinho de madeira, que um dos meus primos gémeos - o Taviano como eu chamava ao meu primo, hoje oftalmologista Octaviano - havia construído especialmente para mim, pensei, pensei e disse a medo á minha mãe que me olhava como que implorando uma resposta que confirmasse a inteligência do seu menino: "Oh mãe, é o ovo, pois é?!...". Recebi um sorriso de orgulho maternal, daqueles que só as mães oferecem com todo o amor do mundo aos seus filhos e a promessa de que no dia seguinte haveria outra adivinha...
Já não tenho a minha mãe comigo, ficou no meu coração o seu lugar vazio, até quando nos voltarmos a encontrar ou eu adormecer com sono igual ao dela, conforme a sua fé e o meu agnosticismo.
Mas hoje à noite, ao "folhear" a edição online de um jornal desportivo, esta notícia trouxe-me a saudosa recordação da minha mãe e a primeira dos milhares de adivinhas que ela me ensinou. 
Imagino que Godinho Lopes deve ter também ensinado a Frank Vercauteren a primeira adivinha de raíz tipicamente portuguesa, que suponho terá sido: "O que é, que é que o Sporting gostava de ter mas não tem?!...". E perante a surpresa do belga, o Presidente, depois de uma sonora gargalhada, ter-lhe-á dito baixinho, para que ninguém ouvisse: "Dinheiro, Franky! O que o Sporting gostava de ter era dinheiro mas, infelizmente, não tem !!!...".
 
Leoninamente,
Até à próxima

4 comentários:

  1. E o discurso positivo é que é para esquecer.

    Este discurso miserabilista é que nos vai diminuindo e não há forma de sair disto, até quem chegou ontem já o adoptou.

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  2. Caro André,

    Havia um mancebo desajeitado que, nos meus tempos do serviço militar obrigatório,durante todo o período de instrução militar, nunca conseguiu coordenar os seus movimentos de marcha e, invariavelmente,marchava direito e esquerdo, sempre que o sargento ordenava, "op dois, esquerdo direito"! No dia do juramento de bandeira, os pais, babados entre a assistência, diziam um para o outro, "olha o nosso filho, é o mais certinho, é o único que vai com o passo certo!...".
    O caro André faz-me lembrar os pais do mancebo: todo o mundo sabe que a situação do Sporting é terrível, mas continua a fazer parte do grupo daqueles que julgam que o Sporting vive no reino da abundância e que todos os outros é que prosseguem com o passo trocado.
    O discurso miserabilista seria condenável e eu estaria de acordo consigo, se a tesouraria do Sporting neste momento, não estivesse a ser suportada, ao que consta, pelo próprio Godinho Lopes. Quer situação mais miserável que esta?!... Quando Sousa Cintra chegou ao Sporting, a luz a água e o telefone, por exemplo, estavam cortados e as contas por pagar e ele para repôr a normalidade teve que pagar o que havia a pagar do bolso dele. O que consta por aí será que o Sporting se encontra hoje numa situação parecida. E ainda que que nem tudo corresponda à verdade, diz o povo que não há fumo sem fogo!...
    Para Vercauteren afirmar em conferência de imprensa, aquilo que afirmou, só uma pessoa lhe poderia ter dito isso e, certamente que não foi o Paulinho Gama.
    Quisera eu que tudo não passasse de mera mistificação dos detractores do Sporting. Qisera eu que num prazo mais ou menos curto o André tivesse razão sobre o miserabilismo de que me acusa e a milhares e milhares de sportinguistas que como eu pensam. Vercauteren, apesar de chegar ontem, toca apenas a música da pauta que lhe colocarem à frente, ou não será assim?!... Acha possível que um homem perfeitamente deslocado do país e da cultura onde nasceu e se fez homem, chegava aqui e de forma gratuita e desbragada proferia um sermão que ninguém lhe encomendara?!... Não acredito... Veremos a quem o futuro dará razão.

    SL

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  3. Essa concerteza também lhe foi contada pela sua mãe...
    Não sei se foi ou não à tropa...mas de certeza que não foi na sua recruta que se passou a troca do passo...
    Essa já é mais velha do que o jagódes...

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  4. Caro MaximinoMartins,

    São demasiadas as suas certezas. E quanto maior é o seu número, as probabilidades de errar aumentam na mesma proporção.
    A minha mãe não me contou a história da troca do passo. Foi o próprio Jagódes em pessoa. Erro portanto seu.
    Fique sabendo que fui à tropa sim senhor. Na Escola de Fuzileiros de Vale de Zebro e na Base Naval do Alfeite. E por ironia, o meu camarada M. C. Araújo, nunca consegui marchar com o passo certo. Ironias da vida. Voltou a errar, portanto.
    Apesar da mordaz ironia, que não deveria incluir a mãe de ninguém, desculpo-lhe a falta de jeito.

    SL

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