"Quo vadis" Sporting ?!... |
Estamos a caminhar a passos largos para o final da época! Poderão muitos considerar que ainda é cedo para pensar na próxima. Mas aos que assim pensarem, eu questionaria sobre as vantagens de uma opção dilatória. Porque, para além das operações de limpeza e renovação do balneário, que mais poderemos reter de positivo no projecto com que Godinho Lopes se apresentou e conseguiu sair vencedor nas últimas eleições?!...
Domingos Paciência constituiu uma dolorosa decepção. Tão inesperada, quanto triste e descoroçoante. Para além de não ter conseguido os resultados que todos esperaríamos, o que conseguiu em termos de projectar para a ribalta uma boa mão cheia de promessas da nossa Academia e não só, foi, rigorosamente, ZERO !...
Uma multidão de críticos a analistas, cedo se pronunciou sobre as debilidades defensivas do plantel. E o coro de referências às lacunas do plantel no sector intermédio e no ataque acompanhou de bem perto o que sobre a defesa foi expresso com maior acuidade. Pois bem, o que fez esse promissor treinador?!... Pouco mais que uma mão cheia de nada!...
A Ilori e a Arias, poucas ou nenhumas oportunidades foram dadas e Átila Turan foi despachado em "combóio de mercadorias expresso" para o Beira Mar. Depois de André Santos e Carriço não terem conseguido fazer o que Rinaudo vinha fazendo antes de se lesionar gravemente, Ricardo Neto, chamado à pressa de onde deixou saudades, foi empurrado de emergência para a equipa, na presunção de rapidamente fazer esquecer o argentino. André Martins, Filipe Chaby e João Mário, serviram para tapar buracos, em vez de serem devidamente preparados, ensinados e incentivados para poderem em qualquer momento render Matias Fernandez, Schaaars ou Elias. Até Diego Rubio, com uma pré-época fulgurante e prometedora, foi colocado na prateleira, na presunção de que Wolfswinkel e Bojinov seriam soluções perenes, bastantes e suficientes.
E os erros que todos eventualmente tenham cometido, quando fortuita e esporádicamente chamados, não foram entendidos como passos naturais no seu processo de afirmação, antes inapelável e implacável condenação ao degredo do treino sem objectivos ou futuro. Assim foi desperdiçada - não destruída, por enquanto! - a prodigiosa formação da nossa Academia e as fabulosas potencialidades da juventude que Carlos Freitas em boa hora fez ingressar no Sporting, com custos próximos do zero e com rótulo de futuro promissor.
Nesta condição, em realidade, o Sporting jamais irá a lado algum. Qualquer Paulo Sérgio desta vida, sendo certo que o Sporting nunca poderia contratar John Terry, Puyol, Bruno Alves, Pirlo, Essien, Ozil, Iniesta, Drogba ou Van Nistelrooy, formaria uma equipa imbatível só com os nomes apontados. O difícil e que todos nós esperávamos, é que Domingos Paciência, com as 18 ou 19 caras novas que lhe puseram nas mãos, mais uns quantos que sobraram da vassoura de Luís Duque e com a fabulosa e promissora "cantera" que Sá Pinto por ali perto ia treinando e preparando para o futuro, fosse capaz de fazer uma equipa a sério, que praticasse bom futebol e não nos envergonhasse, nem queimasse os sonhos legítimos que germinavam em todos nós sportinguistas.
O projecto de Godinho Lopes ruiu como um castelo de cartas, porque o treinador escolhido revelou não ter capacidade suficiente para arremedar sequer o Rei Midas. Há dezenas e dezenas de treinadores por esse mundo fora, que com o potencial colocado nas mãos de Domingos Paciência, teria cumprido os objectivos mínimos que a grande nação leonina esperava dele. Ninguém lhe pediu títulos, apenas e só bom futebol. Claro que os investidores que permitiram a vinda de tantos e bons jogadores para o Sporting, quereriam rentabilizar no final da época algum desse investimento. E com as coisas assentes, pelo menos, nos serviços mínimos, alguns partiriam no final da época para outras paragens, assegurando a esses investidores a rentabilidade suficiente para garantir a continuidade do seu apoio e ao Sporting o alívio do começo da recuperação económica e financeira com que Godinho Lopes sonhou. Domingos Paciência, pese embora as suas aparentes integridade, honestidade e seriedade, revelou não ser homem e técnico para esses feitos. Laszlo Boloni, José Peseiro e Paulo Bento, revelaram predicados nessa vertente, incomparavelmente superiores e acabaram sepultados no desanimador e triste cemitério de treinadores de Alvalade.
Não sou capaz de adivinhar o que Ricardo Sá Pinto conseguirá fazer pelo seu e nosso Sporting. Mas temo que sózinho não consiga melhor que todos os que o antecederam. Porque o Sporting Clube de Portugal tarda em encontrar a solidez da estrutura que o adversário do Norte há muito encontrou e que, aparentemente, o vizinho a Sul parece ter encontrado.
Sou racionalmente agnóstico, pelo que não creio em deuses, santos e muito menos em milagres. Acredito nos projectos sérios e consistentes, nos colectivos fortes e nas capacidades, competências e trabalho de cada um dos que os constituam. Se Ricardo Sá Pinto não for devidamente enquadrado numa estrutura desta natureza, nem toda a sua inquebrantável vontade e sportinguismo, impedirão que o filme tantas vezes visto por todos nós, não venha a ser reexibido em Alvalade!...
Leoninamente,
Até à próxima
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