domingo, 5 de fevereiro de 2012

Crentes, cépticos ou cínicos ?!...

Umberto Eco, cínico ?!...
Sendo certo que o Sporting não tem "assento" na imprensa escrita, na rádio ou na televisão - uns míseros artigos de opinião que,  corajosamente, alguns leões lúcidos vão escrevendo, são meras excepções à regra de sórdidos sofismas e alinhamentos -, só existe uma forma de aferir o sentimento que actualmente reina nas hostes leoninas: a verde e prolixa blogosfera !...
È minha firme convicção de que nesse nosso mundo que ninguém cala nem controla, - hei-de morrer de ingenuidade! -  quem de forma isenta e minimamente séria, quiser estabelecer as principais correntes de opinião, começará como nos ensinam as mais rudimentares regras matemáticas, por eliminar os extremos, radicais por natureza e portanto desprezíveis, sobrando-lhe depois três grandes grupos, que cultivam por certo sentimentos díspares, mas todos respeitáveis. Porque sportinguismo é isso mesmo, uma coisa que outros jamais compreenderão, em que amor e inteligência ocupam compartimentos diferentes em cada um de nós, sem que isso signifique alguma vez a mais leve indicação de menoridade de qualquer deles.
Segundo o meu pessoalíssimo prisma de observação, por certo passivel de contraditório, direi que face ao conturbado processo de afirmação da actividade matriz do Sporting Clube de Portugal, existirão, num paralelismo quase atroz com a evolução do pensamento do sempre adiado Nobel, Umberto Eco, três grandes franjas de adeptos leoninos: os crentes, os cépticos e os cínicos!...
"Os crentes", autoproclamados de "sportinguistas verdadeiros", evidenciam uma razão demasiadamente segura de si mesma, uma razão ideológica que, facilmente também,  se torna violenta e totalitária. Uma fé sem espaço para a dúvida, que não admite jamais qualquer semelhança com o pobre ateu que todos os dias se esforça para começar a crer e, desvalorizando sistematicamente o risco de se transformar numa garantia cómoda, torna-se ferozmente crítica sem admitir jamais a reciprocidade e o contraditório. Para os adeptos desta filosofia, todos os que não acompanhem o seu pensamento serão "sportinguistas menores".
"Os cépticos", por natureza "sportinguistas desconfiados", afirmam que tudo o que nos rodeia não passa de uma soma absurda de acasos cujo controle não nos é facultado e questionam de forma constante e contumaz a veracidade de quaisquer alegações, procurando de forma permanente argumentos que possam invalidá-las. Para os seguidores desta forma de pensamento, todos os que não se identifiquem com este caminho serão "sportinguistas ingénuos".
"Os cínicos", que me atreveria a chamar de "sportinguistas lúcidos" embora coloquialmente possam  ser apelidados de  "sportinguistas irónicos ou mesmo sarcásticos". Porque a escola filosófica que suporta esta visão de mundo assenta fundamentalmente, desde Antístenes discípulo de Sócrates, no desprendimento dos bens materiais e no desprezo pelos pactos sociais. Eco modernizou-lhe o conceito em "O Cemitério de Praga", fazendo a apologia de que "... as pessoas só creem naquilo que sabem...”, com uma história que questiona e demole tudo,  seja anticlerical, antipsicanalítica, antissemita, anticomunista e anticapitalista, para acabar por nos forçar a concluir que,  já que as nossas crenças nunca são inabaláveis, podemos acreditar no que quer que seja.
Entre sportinguistas "crentes ou verdadeiros", "cépticos ou desconfiados" e "cínicos ou lúcidos", declaro que aderi a estes últimos. Sou "cínico", filosoficamente falando - nunca irónico ou sarcástico! - e lúcido. Porque a minha crença não é inabalável e creio sempre naquilo que sei em cada momento.
Apesar de ontem isso não ter acontecido, hoje creio em Godinho Lopes. Amanhã saberei se continuarei a crer.
Apesar de ontem e hoje acreditar em Domingos Paciência e em tudo o que pode representar para o Sporting, amanhã saberei se ele continuará a ser digno do meu crédito de sportinguista, ou se o "pé que parece ter perdido" na condução da equipa profissional de futebol do Sporting, se terá ou não ficado a dever às suas limitações técnicas ou a quaisquer jogadas estratégicas para regressar à sombra do manto diáfano do seu "papa".
Ontem e hoje Luís Duque e Carlos Freitas alimentaram e alimentam a minha crença na recuperação do Sporting. Amanhã saberei se continuarei a acreditar neles.
Hoje acredito que o Sporting possui um bom plantel. E acredito também que o mau momento da equipa não lhe deve ser imputado. Amanhã hei-de saber se alguém não merece vestir a gloriosa camisola do Sporting.
Mas que fique bem claro que para mim, crentes, cépticos ou cínicos, todos são e serão sempre sportinguistas!...

Leoninamente,
Até à próxima

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