Não haverá aspirinas que possam dissipar as fortes dores de cabeça de Ricardo Sá Pinto. Os polacos já estão aí, bem preparados fisicamente - no Sporting, decididamente, não acontece o mesmo - e conhecem, como todos nós, as debelidades leoninas: a mensagem de Sá Pinto trouxe a todos os jogadores uma interessante hipermotivação para o esforço físico, mas a crença nas suas capacidades técnicas e tácticas ainda não é, claramente, a necessária para que sejam capazes de interpretar o que, notoriamente, aquele pretenderá.
O jogo de domingo à noite mostrou-nos pormenores interessantes: um claro abandono do futebol directo e improfíquo, ainda há bem pouco tempo protagonizado pelos centrais e em seu lugar já pudemos apreciar uma razoável posse de bola que partindo de trás, assenta num arremedo do "tiqui-taca" da equipa de Guardiola, mas cuja progressão ainda se me afigura demasiado lenta e deixando repleto de espaços vazios o centro do meio-campo.
A movimentação dos extremos, particularmente Carrillo, perante as incursões dos laterais, ainda deixa muito a desejar e em vez de cultivarem de imediato o jogo interior e possibilitarem linhas de passe que desorganizem a estrutura defensiva adversária e facilitem a progressão e os cruzamentos para a área, ficam por ali estacionados a atrapalhar quem conduz a bola e tornar mais fáceis as marcações. A entrada de Pereirinha trouxe-nos a indicação clara de como as coisas devem ser feitas, só que os pés são outros e o talento não se compara ao do peruano.
Sem cruzamentos ou infitrações, Wolfswinkel corre por terrenos que não deveriam ser os seus, desgasta-se, torna-se inconsequente e vai perdendo confiança, não por culpa própria, mas por culpa dos vícios instalados na equipa, que não lhe faz chegar o tipo de jogo onde já brilhou e despertou atenções.
Em termos defensivos, desgraçadamente, quando Sá Pinto começava a tentar colocar ordem na "bagunça" a que nos vínhamos habituando, promovendo alguma articulação nos processos de posicionamento e aproveitamento do fora-de-jogo, vê-se privado do concurso de dois jogadores chave: Onyewu e Rinaudo. E a hora não será de ensaiar novas soluções e novos intérpretes. O tempo urge e 5ª feira é já depois de amanhã, pelo que voltaremos muito provavelmente a ver Carriço ao lado de Polga e André Santos devolvido a um lugar que, claramente não consta do seu ADN.
Poucos saberão o que se passa com Xandão. Mas é estranho que não tenha pegado de estaca como a sua contratação quase nos obrigava a adivinhar. E a utilização intermitente e inconsequente de Izmailov também será preocupante. Sobre Ribas também sobram interrogações e o apagamento surpreendente de Rubio muito poucos conseguirão explicar.
Tudo somado, Ricardo Sá Pinto viverá por estes dias entre um desejo tremendo de conseguir levar a equipa a uma premente e moralizadora vitória e uma atroz limitação de meios que lhe refreia o ânimo e a vontade. Valer-lhe-à o seu inquebrantável querer e a determinação que sempre lhe sobrou. O que decididamente não lhe fará falta, serão os "assobios" injustos, imbecis e despropositados daquela franja de adeptos que mais valeria não colocarem os pés em Alvalade.
Leoninamente,
Até à próxima
Sem comentários:
Enviar um comentário