QUE BÓNUS É ESTE PARA ÁRBITROS DESPROMOVIDOS?
«Esta questão de não ser conhecida a classificação dos árbitros da época 2017/18 constitui um enorme rombo na credibilidade da FPF e do seu Conselho de Arbitragem.
O que se sabe, por ter sido revelado oficial e publicamente:
1 - Artur Soares Dias (AF Porto) foi o primeiro classificado (primeira categoria);
2 - Foram despromovidos ao escalão secundário os árbitros Gonçalo Martins (Vila Real), Bruno Paixão (Setúbal), Bruno Esteves (Setúbal) e Luís Ferreira (Braga);
3 - Este últimos três árbitros aceitarem ficar, em exclusivo, com as funções de VAR (vídeo-árbitro), assim como Vasco Santos (Porto);
4 - Gonçalo Martins, descontente com o processo e a classificação, recorreu para o Conselho de Disciplina.
5 - Foram promovidos ao primeiro escalão André Narciso (Setúbal), Cláudio Pereira (Aveiro) e João Pinto (Lisboa). Os outros 17 para 2018/19 são: António Nobre (Leiria), Artur Soares Dias (Porto), Carlos Xistra (Castelo Branco), Fábio Veríssimo (Leiria), Hélder Malheiro (Lisboa), Hugo Miguel (Lisboa), João Capela (Lisboa), João Pinheiro (Braga), Jorge Sousa (Porto), Luís Godinho (Évora), Manuel Mota (Braga), Manuel Oliveira (Porto), Nuno Almeida (Algarve), Rui Costa (Porto), Rui Oliveira (Porto), Tiago Martins (Lisboa) e Vítor Ferreira (Braga).
Tudo o resto está metido debaixo de uma redoma. É informação classificada. É informação gerida dentro da corporação.
José Fontelas Gomes concedeu há uma semana uma entrevista na qual tentou explicar os motivos pelos quais a classificação não foi tornada pública. Disse:
"Os árbitros não queriam classificação pública. Queriam ter calma na sua semana e assinaram uma declaração em como não queriam que a classificação fosse pública. Evita alguma pressão, mas não deixa de haver descidas e promoções."
Um erro perigoso da FPF e do Conselho de Arbitragem.
Que os árbitros queiram protecção e serenidade ao longo da semana, estamos de acordo. Estamos de acordo, de resto, que os árbitros reúnam as melhores condições para desempenhar um trabalho que sabemos ser difícil e espinhoso.
As coisas, no entanto e felizmente, mudaram muito nos últimos tempos. Os árbitros deixaram de ser os 'coitadinhos' de antigamente, sendo certo que uns, no passado, se safaram mais do que outros. Agora, as condições de treino e as remunerações melhoraram imenso, pelo que os árbitros não podem continuar a pensar que são as eternas vítimas e, por isso, só se focam nos direitos; é preciso pensar também nos deveres. E o dever principal é que, numa actividade destas, estando as decisões em linha com milhões de euros, perdidos ou achados, se querem protecção, sejam eles os primeiros a exigir a máxima transparência em tudo o que tenha a ver com um sector permanentemente debaixo de múltiplas suspeições.
E se os árbitros, um por um, não querem saber disso, então deveria ser o Conselho de Arbitragem e, acima de tudo, a FPF a não permitir e muito menos a fomentar que as classificações não fossem tornadas públicas, fundamentalmente num momento em que, com o caso dos emails, o sector ficou debaixo de um superlativo nível de suspeição.
Não faz sentido que, depois de liderar o projecto VAR, supostamente em nome de uma maior transparência e da verdade desportiva, a FPF tenha dado um, dois, ou dez passos atrás. Afinal, quer transparência ou quer esmerar-se no seu jogo (instável) de equilíbrios, sustentada em cima de uma máquina de comunicação poderosíssima, quase sem igual em Portugal?…
Bem sabemos que a FPF, também por força da conquista do título de campeão europeu, vive a sua fase de majestática superioridade institucional, sem críticas ou indiferente às poucas que ainda lhe fazem, mas há limites para tudo, mesmo do alto de uma certa arrogância funcional. Quando se quer ficar a meio da ponte, a tentar gerir equilíbrios operacionais e injustiças, o resultado é, a prazo, quase sempre mau….
Faz algum sentido que, para árbitros despromovidos, lhes seja dado o 'bónus' da videoarbitragem? Que despromoção é esta?! Despromove-se e depois 'promove-se'? Para se tentar evitar polémicas ou para gerir silêncios?
O CA e a FPF ainda estão a tempo de reparar os efeitos de esconderem as classificações. O curso de aperfeiçoamento com vista a 2018/19 realiza-se na próxima semana em Tomar, talvez um bom momento para remediar um erro grave.
Queremos saber se o VAR (que absorve árbitros despromovidos!) consegue ser mais do que um palco-fantoche. Quem são as marionetas? Quem manipula o fio das marionetas? Será que estamos perante um sistema que quer dar a imagem de regeneração mas que afinal manobra tudo atrás do pano, sob a égide da UEFA e da FIFA, grandes distribuidores de benesses e mordomias? Qual é afinal o papel das federações?
Quem está por detrás de Fontelas Gomes?…
JARDIM DAS ESTRELAS
Aviso de Sérgio será ouvido?
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Algumas figuras da semana:
C. RONALDO (*****) - Sempre a somar. Impressionante.
SÉRGIO CONCEIÇÃO (****) - Lançou o alerta em boa hora: o FC Porto precisa de se reforçar.
SOUSA CINTRA (****) - Continua no limite a dar tudo para mitigar os danos da 'invasão da Academia'.
JOÃO BENEDITO (***) - Boa postura e alguns bons argumentos. A seguir.
JORGE JESUS (****) - Mostrou esta semana, mais uma vez, que sempre teve a 'basezinha' (como dizia o Eça) e que muito evoluiu como homem e treinador. Para surpresa de muitos…
MIGUEL POIARES MADURO (****) - Marca pontos na discussão sobre os modelos de governação no futebol.
O CACTO
Judas e Vieira
num espectáculo
degradante
O espectáculo degradante dado por Elsa Judas, ex-grande apoiante de Bruno de Carvalho, mostra bem a fragilidade das relações pessoais e institucionais e os interesses que lhe estão subjacentes. Uma senhora jurista que caiu de paraquedas no 'mundo de futebol', e que nem sequer pagava as quotas quando já se arvorava em grande defensora do presidente destituído, vem agora afirmar-se como grande vítima das 'aldrabices' de Bruno de Carvalho. Tudo por causa da promessa (incumprida) de 5 mil euros mensais e outras promessas promocionais. Na balbúrdia em que se transformou o Sporting, com juras transformadas em traições, até Carlos Vieira quer agora fazer passar a imagem do bonzinho - do homem que patrocinou até à última os desvarios de Bruno de Carvalho. Em contraste com gente que perdeu a oportunidade de marcar um tempo positivo no clube de Alvalade, uma Comissão de Gestão activa e trabalhadora, a tentar mitigar os efeitos de uma gestão incendiária e destrutiva de valor(es).»
(Rui Santos, Pressão Alta, in Record)
Atento, mordaz, justo e corajoso! Rui Santos, como sempre. Há quem não goste. O que seria do amarelo se todos gostassem do verde?! Porém, em verdade vos pergunto, quantos jornalistas em Portugal serão...
Capazes de sair da sua zona de conforto?!...
Leoninamente,
Até à próxima
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