segunda-feira, 19 de março de 2018

O Sporting e Fernando Santos ficarão gratos!...



Na época de 2015/16 terminou com chave de ouro a sua formação de cinco anos na Academia Sporting, envergando na equipa B por 43 vezes a gloriosa verde e branca e marcando mesmo 3 golos, do alto do seu 1.90.

Na época seguinte, 2016/17 foi cedido por empréstimo ao Belenenses e, apesar de sujeito às vicissitudes inerentes a três mudanças de treinador - Julio Velasquez, Quim Machado e Domingos Paciência - tal facto não o impediu de ser chamado a jogo por 32 vezes e ter marcado um golo com a histórica camisola azul do clube de Belém.

Transferido no início da época de 2017/18 para o Desportivo de Chaves, encontrou finalmente com Luís Castro a estabilidade de que necessitava para explodir e aí o temos como imprescindível para o técnico flaviense, somando até agora 26 participações nas diversas provas que o clube disputou.

Numa altura em que tanto se fala do quão imperiosa é a renovação da zona central da defesa do campeão europeu em título, não será despiciendo tomar em consideração esta excelente crónica de Bruno Prata:

O GALHO CENTRAL

«A selecção portuguesa tem hoje, incontestavelmente, mais e melhores soluções do que tinha quando Fernando Santos foi apresentado como sucessor de Paulo Bento, a 24 de Setembro de 2014. Mas não foi uma evolução uniforme: estamos claramente pior no centro da defesa, o que deve ser um tormento para um seleccionador que gosta que os centrais funcionem como um relógio com botas. A carência de soluções verdadeiramente fiáveis e com a qualidade extra que se exige a um campeão europeu resulta, primeiro que tudo, da incapacidade de renovação neste sector nevrálgico (ao contrário do que sucede em todas as outras posições), problema que foi naturalmente inflaccionado pela jubilação de Ricardo Carvalho e pela impossibilidade terrena de Bruno Alves (36 anos) e José Fonte (34 anos) disfarçarem hoje completamente as costuras do tempo, o que se infere até pela mudança de ambos para ligas e equipas pouco competitivas. A verdade é que, em condições normais, nenhum deles conseguiria continuar a fazer parte deste filme. E não se veja neste diagnóstico qualquer tipo de afronta ou desconsideração pessoal, até porque só alguém muito malvado não reconhecerá que ambos prestaram serviços inestimáveis ao futebol português e que Bruno Alves ficará para sempre como um dos centrais portugueses mais habilitados de sempre. E, já agora, Pepe tem 35 anos, mas não foi incluído neste enunciado porque a anosidade não pesa da mesma forma em todos os jogadores e, mais do que isso, porque o central do Besiktas insiste em provar, semana após semana, na Turquia, que ainda poderia continuar a ser muito útil até ao Real Madrid. Nada de muito surpreendente em quem é um dos três melhores centrais da história do futebol português, se não mesmo o melhor.

E por muito que o seleccionador tenha sido sensato e hábil na forma como desvalorizou publicamente esta complexidade, não terá sido por acaso que fez regressar à Selecção, para os particulares com o Egipto e a Holanda, um Rolando (32 anos) que já não era chamado há quatro anos e que tem sido a trave mestra defensiva do Marselha de Rudi Garcia. Foi uma convocatória inteiramente justa, como acertada foi também a chamada de Rúben Dias. O central do Benfica lesionou-se entretanto e acabou por ser substituído por Neto (29 anos), que após ter saído da Rússia vem jogando com assiduidade na Turquia. O central benfiquista ficou impedido de se tornar, desde já, no 32º jogador estreado na selecção principal na regência de Fernando Santos. Foi assim prejudicada a integração de um jovem que tem tido um enorme processo de crescimento e de afirmação no Benfica. Não é um sobredotado, mas, com apenas 20 anos, tem uma margem de evolução muito interessante e faz todo o sentido que continue na lista prioritária para a Rússia. Uma lista de onde foram caindo Rúben Semedo, pelas tristes razões que são conhecidas, e Ricardo Ferreira (Sp. Braga), que teve uma má estreia e, entretanto, se lesionou. Como a Jardel parece não ir valer de muito o passaporte português, restam praticamente como alternativas Edgar Ié (23 anos), que já se estreou e é titularíssimo no Lille, Domingos Duarte (23 anos), que cresceu enormidades desde que encontrou Luís Castro no Chaves, e Nélson Monte (22 anos/Rio Ave), porque Roderick joga pouco no Wolverhampton e a mesma coisa acontece a Tobias Figueiredo (24 anos) no Nottingham Forest. A verdade é que nenhum deles é (ainda) a solução ideal.

Mesmo sendo verdade que um bom chefe faz muitas vezes com que homens comuns façam coisas incomuns, a Pepe parece continuar a faltar um parceiro que cumpra todos os requisitos necessários que se exigem à defesa de uma Selecção condecorada. Mas há algo que ainda não foi explorado: colocar ao seu lado Danilo Pereira, que no Porto já foi utilizado como central em situações de recurso. É uma pena que o portista se tenha lesionado e não possa participar nestes dois jogos de teste, porque seriam oportunidades óptimas para avaliar a solução, até porque a vaga que passaria a existir no meio-campo seria facilmente resolvida com a chamada de Rúben Neves – o brilhantismo das suas exibições no Wolves tem feito com que alguns analistas britânicos já digam que os 18 milhões de euros pagos ao Porto, na maior transferência de sempre para o Championship, foi negócio barato. A dúvida, portanto, é se Fernando Santos ainda terá tempo (e vontade…) de provar que a necessidade é a mãe da invenção e que Danilo pode ser o central que tem vindo a faltar. Experimentar não custa, até porque os milagres acontecem às vezes, mas é preciso trabalhar tremendamente para que aconteçam…»

Feita uma justa reflexão sobre este tema e atentando ao facto incontornável de a qualidade exigida numa zona nevrálgica da organização de uma equipa ambiciosa como é o Sporting, se resumir neste momento a Sebastian Coates e Jéremy Mathieu - sobram fortes reservas sobre o rendimento do último destes soberbos jogadores na próxima época, porque a idade não perdoa! -, pesem embora as esperanças que possam ser depositadas em Marcelo, já confirmado por Miguel Cardoso como aquisição certa do Sporting para  a próxima época, os factos provam à evidência que Alvalade necessitará como de pão para a boca de mais um, ou mesmo dois centrais, se pretender subir mais um degrau na difícil escada do sucesso que, incontornavelmente, terá de ser apontada a 2018/19.

O Sporting e a selecção nacional precisam que Jorge Jesus entenda de vez o papel que poderá desempenhar na solução deste momentoso problema. Em vez de gastar o seu tempo na busca e na invenção de soluções de milhões, percorrendo as sete partidas do mundo e fazendo contas a eventuais proventos próprios, será hora de se deixar inundar por algum altruismo e meter mãos à obra, fazendo regressar Domingos Duarte a Alvalade para, com o seu cunho pessoal de técnico reputado e sabedor que ninguém negará, fazer dele o "central de futuro" que os adeptos tanto reclamam, porque o talento, a classe e a qualidade são óbvias...

O Sporting e Fernando Santos ficarão gratos!...

Leoninamente,
Até à próxima

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